Em nosso último resumo, analisamos as características que a maior parte dos movimentos reformistas tiveram em comum. Nesse texto, falaremos de Reformas Protestantes e Contra Reforma Católica. Focaremos nas especificidades das três reformas principais (a da Alemanha, da Suíça e da Inglaterra) e a Contra Reforma, resposta dada pela Igreja Católica as Protestantes.
A Reforma Luterana (Alemanha)
O Sacro Império Romano-Germânico era um conjunto de principados que tinham ampla autonomia política e cidades livres. O imperador dependia do consentimento dos príncipes germânicos para exercer seu poder.
Essa estrutura não permitia a centralização política, o que favorecia o poder da Igreja. Ela possuía a maior parte das terras, cobrava impostos e vendia relíquias e indulgências. Nesse contexto político e religioso Martinho Lutero levou a cabo sua Reforma, que abalou significativamente as estruturas da cristandade europeia.
A Reforma de Lutero não ocorreu apenas por motivos políticos, mas também por debates teológicos. Para ele, não havia possibilidade de redenção humana apenas por forças próprias, já que o homem seria indigno de salvação. Portanto, ela não poderia vir apenas por boas obras, como ensinava a Igreja Católica.
Assim, surgem os três pilares de seus ensinamentos teológicos e as bases para sua Reforma: só a fé, só a graça (um fator divino), e só a escritura (apenas os textos bíblicos tem autoridade religiosa) salvam.
Insuficiência da Igreja Católica
Com esses princípios Lutero desqualificava a Igreja como intermediária da salvação, o que acarretou em desdobramentos políticos. Ele defendia que a autoridade dos reis não necessitava do reconhecimento da instituição religiosa.
Em 1517, ele fixou, na catedral de Wittemberg suas 95 teses. Nelas estão contidas, entre outros pontos, a condenação da venda de indulgências, críticas a hierarquia católica e à existência do papa.
Lutero queimou em público a bula papal, que considerava suas teses heréticas. Sua ação foi em nome da liberdade religiosa e, por conta dela, foi excomungado da Igreja Católica.
Foi condenado também na reunião imperial convocada por Carlos V, conhecida como Dieta de Worms, na qual manteve suas ideias. Graças ao apoio dos príncipes germânicos, ele se refugiou no castelo de Frederico da Saxônia, onde se dedicou à tradução da Bíblia para o alemão.
A Reforma Calvinista (Suíça)
As ideias de Lutero rapidamente se espalharam pela Europa. O nome mais importante da Reforma na Suíça é a do francês João Calvino, que, após ser perseguido por sua conversão ao protestantismo na França, se refugiou na Suíça.
Em Genebra adotou um modelo político-religioso de construir uma cidade-Igreja.
Calvino era adepto da ideia de justificação pela fé, mas incorporava outro elemento: a teoria da predestinação. Segundo esta teoria, Deus, sendo onisciente, sabe o destino de cada pessoa.
O sinal da graça podia ser identificado por meio do trabalho árduo, da disciplina rígida e da vida regrada. A riqueza, adquirida por meio desse estilo de vida, era sinal da predestinação.
A Reforma Anglicana (Inglaterra)
A Reforma na Inglaterra não foi promovida por um debate teológico, mas pela ação do rei inglês Henrique VIII.
O monarca, que queria um herdeiro masculino que não era dado por sua mulher, Catarina de Aragão, pediu ao papa a anulação de seu casamento, que foi negada. O rei então rompeu com Roma e casou-se com Ana Bolena.
Além disso, motivações políticas também estavam em jogo. O rei, com o apoio da nobreza, foi proclamado líder supremo da Igreja Anglicana em 1534. Em seguida confiscou todas as terras pertencentes à Igreja Católica e dissolveu os mosteiros.
Apesar disso, os aspectos litúrgicos e teológicos se mantiveram muito parecidos aos católicos.
A Contra Reforma Católica
A Igreja Católica não permaneceu parada diante do avanço de protestantismo e empreendeu um movimento denominado ContraReforma ou Reforma Católica. Suas medidas de destaque foram:
Concílio de Trento (1545-1563): Reunião entre bispos e autoridades, que reafirmou os dogmas da Igreja.
Criação do Índex: Lista de livros proibidos pela Igreja.
Reorganização e criação de ordens religiosas: Criação de ordens como a Companhia de Jesus, responsável por levar os ensinamentos da Igreja as regiões do Novo Mundo.
Reorganização do Tribunal da Santa Inquisição: tribunal de fé católico que tinha a finalidade de combater os hereges.
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