Reformas Religiosas

Os processos históricos e a nova forma de pensar do período moderno impactaram as práticas e formas religiosas do mundo europeu. Nesse texto, analisaremos as principais críticas feitas a Igreja e as características das reformas religiosas.

Reformas religiosas: o início das contestações à Igreja Católica

A Igreja Católica, detentora de grande poder e influência durante toda a Idade Média, sempre sofreu contestações. No entanto, a partir do século XV elas se intensificaram, culminando na principal reforma: a Reforma Protestante, liderada por Martinho Lutero, em 1517.

Imagem de Martinho Lutero, pintado por Lucas Cranach em 1529.
Martinho Lutero, pintado por Lucas Cranach em 1529.

Essa data é um marco tão representativo que muitos historiadores a consideram o início definitivo da Idade Moderna. A Reforma de Lutero pôs fim a unidade eclesiástica cristã europeia e, a partir dela, os cristãos passaram a congregar em diversas igrejas de diferentes denominações.
Ainda que o movimento liderado por Lutero seja o mais significativo, os movimentos reformistas foram bastante diversificados. Ainda assim, houve uma série de características que foram comuns a maioria deles.

Características dos movimentos protestantes

Os reformados renovaram as práticas religiosas e, de forma geral, defendiam uma vida religiosa mais disciplinada. Era valorizada a leitura da Bíblia e contato direto com Deus, sem a necessidade de um intermediário, como a Igreja.

Críticas à Igreja

Uma série de críticas foram feitas à atuação da Igreja e a forma com que ela exercia o poder até ali. Entre elas estavam:

  • a desaprovação do seu enriquecimento, que já há muito havia sendo questionada. Movimentos insurgiram contra a corrupção e a riqueza dos membros do clero;
  • as divergências entre católicos e protestantes não foram apenas políticas, mas também teológicas, o que envolveu críticas à própria hierarquia católica;
  • a prática  de venda de indulgências (concessão de absolvição dos pecados a quem comprasse) e da simonia (comércio de objetos considerados sagrados) também foram fontes de profundas divergências.

Aspectos

Nesse contexto, alguns aspectos contribuíram para o êxito da Reformas religiosas nesse período, como:

1. Humanismo

A invenção da imprensa, por Guttenberg, em 1456, revolucionou a difusão de ideias e pensamentos (inclusive e principalmente os da Reforma). Isso porque a impressão em papel permitiu reproduzir uma série de textos em forma de livros, como a Bíblia (que foi o primeiro). Dessa forma, o conhecimento, até então restrito à Igreja e à nobreza, tornou-se mais acessível.
Além disso, os humanistas denunciavam a corrupção da Igreja e incentivavam o exercício do pensamento, o direito à manifestação e a livre interpretação, todas ideias defendidas pelos reformistas.

Exemplar da Bíblia de Gutenberg, localizada na Biblioteca Pública de Nova York.
Exemplar da Bíblia de Gutenberg, localizada na Biblioteca Pública de Nova York.

2. Questionamento da autoridade papal

A contestação do poder do Papa foi levantada antes de Lutero. Esses críticos geralmente questionavam a oposição entre a riqueza da Igreja e a situação de pobreza dos fiéis.
Além disso, pregavam a simplificação do culto e a adesão do Papa a uma vida cristã calcada na pobreza.

3. As revoltas populares

O fato da Igreja ser proprietária de extensas faixas de terra e de ter privilégios no tratamento dado a ela por parte das autoridades provocou manifestações contra o seu poder. Em regiões como Colônia, na Alemanha e em vários lugares da Inglaterra, surgiram uma série de movimentos populares que questionavam esse poderio, já que atribuíam à ela a miséria do povo.
É importante ressaltar que essas revoltas eram muito bem vistas pela nobreza e pela burguesia, que viam nelas, a oportunidade de confiscar essas terras e por fim as restrições que a Igreja fazia ao comércio e aos juros.
Esses fatores combinados desafiavam de forma definitiva o poder permanente da Igreja Católica até aquele momento, contribuindo significativamente para o fortalecimento dos movimentos reformistas.
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