(ENEM DIGITAL - 2020)
As pessoas do Rio de Janeiro se fazem transportar em cadeirinhas bem douradas sustentadas por negros. Esta cadeira é seguida por um ou dois negros domésticos, trajados de librés mas com os pés nus. Se é uma mulher que se transporta, ela tem frequentemente quatro ou cinco negras indumentadas com asseio; elas vão enfeitadas com muitos colares e brincos de ouro. Outras são levadas em uma rede. Os que querem andar a pé são acompanhados por um negro, que leva uma sombrinha ou guarda-chuva, como se queira chamar.
LARA, S. H. Fragmentos setecentistas. São Paulo: Cia. das Letras, 2007 (adaptado).
Essas práticas, relatadas pelo capelão de um navio que ancorou na cidade do Rio de Janeiro em dezembro de 1748, simbolizavam o seguinte aspecto da sociedade colonial:
A devoção de criados aos proprietários, como expressão da harmonia do elo patriarcal.
A utilização de escravos bem-vestidos em atividades degradantes, como marca da hierarquia social.
A mobilização de séquitos nos passeios, como evidência do medo da violência nos centros urbanos
A inserção de cativos na prestação de serviços pessoais, como fase de transição para o trabalho livre.
A concessão de vestes opulentas aos agregados, como forma de amparo concedido pela elite senhorial.