(ENEM DIGITAL - 2020)
Caso pluvioso
A chuva me irritava. Até que um dia
descobri que maria é que chovia.
A chuva era maria. E cada pingo
de maria ensopava o meu domingo.
E meus ossos molhando, me deixava
como terra que a chuva lavra e lava.
E eu era todo barro, sem verdura...
maria, chuvosíssima criatura!
Ela chovia em mim, em cada gesto,
pensamento, desejo, sono, e o resto.
Era chuva fininha e chuva grossa,
Matinal e noturna, ativa... Nossa!
ANDRADE, C. D. Viola de bolso. Rio de Janeiro: José Olympio, 1952 (fragmento)
Considerando-se a exploração das palavras “maria” e “chuvosíssima” no poema, conclui-se que tal recurso expressivo é um(a)
registro social típico de variedades regionais.
variante particular presente na oralidade.
inovação lexical singularizante da linguagem literária.
marca de informalidade característica do texto literário.
traço linguístico exclusivo da linguagem poética.