(ENEM PPL - 2019)
A ausência quase completa de fantasmas na Bíblia deve ter favorecido também a vontade de rejeição dos fantasmas pela cultura cristã. Várias passagens dos Evangelhos manifestam mesmo uma grande reticência com relação a um culto dos mortos: “Deixa os mortos sepultar os mortos”, diz Jesus (Mt 8:21), ou ainda: “Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos” (Mt 22:32). Por certo, numerosos mortos são ressuscitados por Jesus (e, mais tarde, por alguns de seus discípulos), mas tal milagre — o mais notório possível segundo as classificações posteriores dos hagiógrafos medievais — não é assimilável ao retorno de um fantasma. Ele prefigura a própria ressurreição do Cristo três dias depois de sua Paixão. Antecipa também a ressurreição universal dos mortos no fim dos tempos.
SCHMITT, J.-C. Os vivos e os mortos na sociedade medieval. São Paulo: Cia. das Letras, 1999.
De acordo com o texto, a representação da morte ganhou novos significados nessa religião para
extinguir as formas de ritualismo funerário.
evitar a expressão de antigas crenças politeístas.
sacramentar a execução do exorcismo de infiéis.
enfraquecer a convicção na existência de demônios.
consagrar as práticas de contato mediúnico transcendental.