(ENEM PPL - 2023)
Da calma e do silêncio
Quando eu morder | |
a palavra, | |
por favor, | |
não me apressem, | |
quero mascar, | |
rasgar entre os dentes, | |
a pele, os ossos, o tutano | |
do verbo, | |
para assim versejar | |
o âmago das coisas... | |
[...] | |
Quando meus pés | |
abrandarem na marcha, | |
por favor, | |
não me forcem. | |
Caminhar para quê? | |
Deixem-me quedar, | |
deixem-me quieta, | |
na aparente inércia. | |
Nem todo viandante | |
anda estradas, | |
há mundos submersos, | |
que só o silêncio | |
da poesia penetra. | |
EVARISTO, C. Poemas de recordação e outros movimentos. Rio de Janeiro: Malê, 2021 (fragmento). |
Na reflexão sobre motivos e soluções do trabalho com a palavra, o eu lírico defende que a poesia
reflete as limitações inerentes à sua matéria-prima.
é um produto relacionado ao sentimento de angústia.
exige o engajamento social para a sua plena realização.
requer um tempo próprio de amadurecimento e plenitude.
deve desvincular-se de questões de inspiração metafísica.