(ENEM PPL - 2023)
O corrupião
Escaveirado corrupião idiota, | |
Olha a atmosfera livre, o amplo éter belo, | |
E a alga criptógama e a úsnea e o cogumelo, | |
Que do fundo do chão todo o ano brota! | |
Mas a ânsia de alto voar, de à antiga rota | |
Voar, não tens mais! E pois, preto e amarelo, | |
Pões-te a assobiar, bruto, sem cerebelo | |
A gargalhada da última derrota! | |
A gaiola aboliu tua vontade. | |
Tu nunca mais verás a liberdade!... | |
Ah! Tu somente ainda és igual a mim. | |
Continua a comer teu milho alpiste. | |
Foi este mundo que me fez tão triste, | |
Foi a gaiola que te pôs assim! | |
ANJOS, A. Eu e outras poesias. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 30 out. 2021. |
Nesse soneto, a imagem e o comportamento do pássaro são utilizados pelo eu lírico para metaforizar o
sofrimento provocado pela solidão.
instinto de revolta perante as injustiças.
contraste entre natureza e civilização.
declínio relacionado ao envelhecimento.
gesto de resignação ante as privações diárias.