Resumo de biologia: Sistemática Biológica



Sistemática Biológica

Por: Isabela Nunes

Filogenia

Sabendo que a taxonomia é a área da biologia que utiliza regras bem definidas para classificar os organismos é preciso conhecer quais critérios são esses. A princípio, é possível dividi-los em dois:

·       características fenotípicas: características morfológicas observáveis, como formato do corpo, presença comum de estruturas, composição e função semelhante de órgão, por exemplo

·       relações evolutivas: interações e padrões de herdabilidade ao longo da história evolutiva de grupos distintos

A classificação filogenética, ou cladística, tem como base informações sobre a filogenia, isto é, sobre as relações evolutivas entre os diferentes grupos. Desta forma, as características morfológicas não são suficientes para construir essa classificação.

Figura 1: esquema representativo de como ler um cladograma

A partir da leitura de um cladograma temos informações sobre parentesco evolutivo, pois conseguimos identificar ancestrais compartilhados pelos grupos terminais. Semelhantemente, se torna possível classificar tais grupos com base em proximidade, afinal, quanto mais recente o último ancestral compartilhado entre dois táxons, mais aparentados eles são e vice-versa.

Figura 2: cladograma atual dos vertebrados.

Grupos Parafiléticos e monofiléticos

A filogenética explicita as relações de parentesco entre grupos de organismos, nessas relações são tomadas como referência os ancestrais compartilhados por eles. Sendo assim, características morfológicas compartilhadas não são suficiente para elucidar a forma com que as histórias evolutivas se relacionam, por exemplo, vários animais apresentam asas, morcegos, pássaros e insetos, contudo, o compartilhamento de asas por esses grupos não é derivado de um ancestral compartilhado por todos eles, mas sim um caso de evolução convergente que originou, de forma independente, características semelhantes em grupos evolutivamente distintos.

É possível classificar os táxons da seguinte forma:

·       Táxon monofilético: agrupa um ancestral e todos os seus descendentes, isto é, é possível definir um único ancestral compartilhado por todos os seus integrantes. De forma complementar, todos os componentes deste táxon apresentam um ancestral compartilhado.

·       Táxon parafilético: agrupamento que une um ancestral e apenas parte de seus descendentes. Um exemplo clássico são os répteis, observando a figura 2 é possível identificar que ao definir répteis como crocodilos, lagartos e tartarugas, as aves são excluídas.

Evolução dos grupos homeotérmicos

Ao observamos os animais homeotérmicos é possível identificar que a homeotermia surgiu independentemente nesses grupos, afinal, o ancestral compartilhado por aves e mamíferos também é compartilhado pelos répteis. Caso a homeotermia fosse uma característica ancestral, os répteis também deveriam ser homeotérmicos, ao menos em seus grupos mais basais. Portanto, aqui surge uma outra forma de classificar e agrupar os seres vivos, em táxons polifiléticos.

·       Táxons polifiléticos: agrupam organismos com características semelhantes, que evoluíram de forma independente, isto é, estava ausente no último ancestral compartilhado. Nesses agrupamentos não há um ancestral compartilhado incluído no táxon.

Cladogênese e anagênese

Figura 3: representação gráfica da especiação por anagênese e cladogênese.

Cladogênese e anagênese são formas de especiação, isto é, são diferentes processos que originam espécies distintas. A cladogênese ocorre quando uma população ancestral comum se fragmenta e origina dois grupos distintos. A anagênese, por sua vez, consiste na modificação temporal e gradual de uma população ancestral que se modifica até originar outra.

Ao compararmos as formas possíveis de especiação é possível notar que a cladogênese proporciona aumento da biodiversidade, afinal, duas espécies distintas passam a existir. Por outro lado, a anagênese não tem impacto sobre a diversidade de espécies já que uma mesma população de modifica homogeneamente deixando de existir e originando outra.

 

 

Figura 4: cladograma do gênero Homo

Ao observamos o cladograma que representa as relações evolutivas entre todos os integrantes do gênero Homo é possível perceber que a especiação que orginou o Homo sapiens se deu por cladogênese. Portanto, a imagem recorrente de uma evolução linear de um primata, como o chimpanzé, evoluindo até a forma humana atual não corresponde ao processo real que originou a única espécie e hominídeo atual.