Teorias evolutivas: Lamarckismo
O lamarckismo é o nome dado a uma ideia evolucionista proposta pelo naturalista francês Jean-Baptiste de Lamarck, que descreve as transformações das espécies ao longo do tempo, sempre em direção ao aumento da complexidade, de acordo com a necessidade imposta pelo meio. Em seu livro Filosofia Zoológica (1809), Lamarck propôs que as espécies evoluíam através do uso e desuso, onde as características poderiam se desenvolver pelo esforço do indivíduo ou atrofiar de acordo com a necessidade, além disso, essas adaptações poderiam ser transmitidas aos seus descendentes.
Com os conhecimentos atuais, sabemos que as premissas de Lamarck não são totalmente verdadeiras, pois não são todas as características que podem desenvolver ou atrofiar pelo uso e desuso, e quando o fazem, são devido as informações já contidas em um indivíduo desde o seu nascimento, e aquelas mudanças que observamos ao longo da vida de um organismo, não são transmissíveis aos descendentes, se não estiverem contidas nos seus gametas, mas mesmo assim, a proposta de Lamarck foi muito importante na comunidade científica, pois estabelecia que as espécies poderiam sofrer alterações ao longo do tempo, consolidando a evolução.
Darwinismo
O darwinismo é a teoria científica da evolução proposta por Charles Darwin e Alfred Russel Wallace no século XIX. Esta teoria afirma que as espécies vivas evoluem ao longo do tempo através de seleção natural. O darwinismo é considerado uma das principais teorias da biologia e tem uma grande influência na compreensão da natureza da vida e da diversidade biológica, mas é importante ressaltar que Wallace, através de suas observações, chegou a conclusões semelhantes, portanto é considerado coautor dessa teoria, mesmo ele próprio reconhecendo que os exemplos de Darwin eram mais ricos e mais completos.
A bordo do navio HMS Beagle, Darwin visitou várias ilhas no Pacífico, a costa da América do sul e as Ilhas Galápagos coletando amostras de animais e plantas, chegando à conclusão de que as espécies, embora muito semelhantes, apresentam variações, como por exemplo, as formas dos bicos dos tentilhões, que estavam muito bem adaptados aos tipos de alimento em cada ilha. Então Darwin sugeriu que as espécies vivem em uma luta constante pela sobrevivência e aqueles indivíduos com características mais adaptadas ao ambiente têm mais chances de sobreviver e reproduzir-se, passando essas características para as gerações seguintes, portanto todos esses descendentes têm uma ancestralidade comum, sofrendo pequenas variações de suas características ao longo do tempo. Essas observações foram publicadas por Darwin em seu livro “A origem das espécies” (1959).
Tipos de seleção natural
A seleção natural atua sobre as características dos indivíduos, aumentando ou diminuído as chances de sobrevivência de acordo com determinado ambiente. Considerando as características para as quais existam fenótipos graduais, ou seja, fenótipos extremos em relação a um intermediário, a seleção natural pode favorecer somente um dos fenótipos extremos, ambos os extremos ou o fenótipo intermediário. Quando o ambiente favorece o fenótipo intermediário em relação aos extremos, dizemos que a seleção é estabilizadora, por exemplo, se uma determinada espécie de pássaro tem o comprimento do bico variando entre pequeno a grande, e aqueles que tiverem um bico de tamanho intermediário conseguirem se alimentar melhor em um ambiente, apresentam maior chance de sobreviverem e gerarem descendentes, aumentando o número de pássaros de bico intermediário com o tempo.
Se em uma população de peixes, com tamanhos que variem entre pequeno, médio e grande, os indivíduos pequenos levarem vantagem sobre os demais na luta pela sobrevivência, dizemos que a seleção é direcional, já que somente um dos fenótipos extremos está sendo favorecido em um determinado ambiente e caso ambos os fenótipos extremos levem vantagem sobre o fenótipo intermediário, a seleção é denominada de disruptiva, levando a diminuição dos indivíduos com fenótipo intermediário nesse ambiente.
Neodarwinismo e exemplos do processo evolutivo (Melanismo industrial e resistência bacteriana a antibióticos).
Darwin observou que indivíduos de uma mesma população apresentam pequenas variações, mesmo vindo de um ancestral comum, e que essas pequenas ou grandes diferenças seriam as responsáveis pela adaptação ou não dos organismos a um determinado meio, mas não soube explicar por que os indivíduos de uma mesma população podem apresentar diferenças em suas características. Hoje, sabemos que as mutações e as recombinações genéticas são as responsáveis por essas diferenças, complementando então a teoria darwiniana da evolução, conhecida como Teoria sintética (moderna) da evolução ou Neodarwinismo.
Isso justifica o surgimento de bactérias resistentes a antibióticos ou o aumento de mariposas de coloração escura pós-revolução industrial, ambos os casos relacionados a mutações no material genético desses indivíduos, introduzindo novas características com o passar do tempo e, caso esses novos fenótipos ofereçam maior chance de adaptação da espécie no ambiente, são selecionadas positivamente pelo meio, aumentando sua chance de sobrevivência e deixar descendentes geneticamente semelhantes.
Melanismo industrial: Mariposas (Biston betularia) de colorações diferentes que sofrem mudanças em proporções de indivíduos conforme o meio.
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