Biogênese, abiogênese e método científico
Por: Isabela Nunes
No início dos pensamentos científicos sobre o surgimento da vida, na Grécia, acreditava-se que a matéria não viva, a partir de sua força vital, era capaz de originar matéria viva. O principal pensador que defendia tal hipótese era Aristóteles. Um experimento clássico que justificava essa crença- pela observação inadequada dos processos- é o surgimento de larvas de moscas em matéria em decomposição e de ninhadas de ratos em locais escuros e com disponibilidade de grãos. Em ambos os casos, os filhotes que eram observados foram colocados por suas respectivas genitoras em locais propícios e não foram originados a partir da matéria não viva contida ali.
No século XVII, Francesco Redi colocou a abiogênese à prova pela hipótese da biogênese. A biogênese diz que seres vivos podem surgir apenas a partir de outros seres vivos.
A atuação de Redi é muito relevante uma vez que marca a aplicação de uma observação rigorosa e metodológica de um evento. Em seu experimento, Redi colocou pedaços de carne em dois potes, um deles aberto e outro fechado com uma tela por onde passava ar, mas não passavam insetos, por exemplo. Ao fim, observou-se que as larvas eram resultantes da eclosão de ovos depositados por moscas no recipiente aberto, mas, por não ter acesso à carne no recipiente fechado, não depositavam seus ovos ali.
Também no século XVII, o microscópio foi criado e permitiu a observação de organismos microscópicos. Nesse contexto, a abiogênese volta a ser discutida para justificar existência de seres vivos invisíveis à olho nu e de origem desconhecida.
Na mesma época, John Needham, realizou um experimento no qual aquecia um caldo nutritivo com a intenção de eliminar os microrganismos contidos nesse meio. Passado algum tempo da fervura, era observado que o meio se tornava turvo e voltava a conter microrganismos. De forma semelhante, outro naturalista, Lazzaro spallanzani realizou um experimento semelhante, contudo, o caldo nutritivo foi aquecido à uma temperatura maior e mantido fechado, sem contato com o meio ambiente, dessa forma, não foram observados microrganismos. Com isso foi possível afirmar que os microrganismos presentes em um meio após a fervura, na verdade, vieram do meio e, caso o conteúdo do recipiente fosse mantido isolado do meio, os microrganismos não o recolonizariam.
Nesse contexto, os experimentos de Louis Pasteur, para provar que a inexistência de microrganismos em um caldo fervido e isolado era causada pela impossibilidade de uma força vital entrar em um recipiente fechado, foram feitos com uma vidraria chamada pescoço de cisne. Nesse experimento o caldo nutritivo era fervido em um frasco de gargalo alongado e curvo, por onde entrava ar, contudo, os microrganismos contidos no ar eram depositados na porção curva antes mesmo de entrarem em contato com o meio. Foi observado que, nesse sistema, enquanto o gargalo era mantido, não eram observados seres vivos no interior do recipiente, contudo, bastava que o gargalo fosse quebrado e o contato com os microrganismos do ar fosse restabelecido para que o caldo nutritivo fosse recolonizado.
Figura 1: experiemnto de Louis Parteur
O método científico consiste em uma metodologia bem definida para gerar um conhecimento científico. É possível esquematizar o método científico em etapas simples:
Observação: tudo se inicia com a observação minuciosa de um fenômeno, na tentativa de entender os padrões seguidos em todas as ocorrências de eventos semelhantes.
Levantamento de dados: uma vez que um número satisfatório de observações é feito, os dados obtidos são compilados e analisados.
Formulação de hipótese: a partir da análise dos dados compilados é possível iniciar a formulação de hipóteses, isto é, a elaboração de explicações para a ocorrência do fenômeno com base em suas observações.
Experimentação: é o momento em que as hipóteses são colocadas à prova, são testadas e verificadas em experimentos que reproduzem o evento testado.
Resultados: os resultados dos experimentos são comparados aos eventos que ocorrem na natureza.
Teoria: teoria é a explicação final, já testada e comprovada experimentalmente, resultado da aplicação de uma metodologia bem definida que pode ser repetida por qualquer cientista, em qualquer lugar do mundo, sob as mesmas condições, para se obter os mesmos resultados. Portanto, uma teoria é um fato.