Aristóteles - conhecimento sistemático
Figura 1 - Busco de Aristóteles - cópia romana de Lísipo
Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) foi o filósofo da Antiguidade que, junto de Platão, transformou a forma de se fazer filosofia no mundo Ocidental. Seu pensamento abarcou diversas áreas de conhecimento e ficou conhecido por delinear ideias acerca dos conceitos de metafísica, ética, política e lógica.
Ele nasceu em Estagira na Macedônia em uma família de médicos, o que significa que tinha posses. Foi professor de Alexandre, o Grande na época de dominação do seu Império. Aos 17 anos, entrou para a Academia de Platão, onde desenvolveu sua filosofia. Se tornou um grande crítico do seu mestre e polarizou com ele o papel de influenciadores do pensamento ocidental.
Com a morte de Platão, viaja pela Ásia Menor, Norte da África e países europeus e quando retorna ao que hoje é a Grécia, inaugura o seu Liceu, em 355 a.C., onde passou a ensinar sua filosofia. Diferentemente da Academia que frequentou, sua instituição era uma espécie de centro de pesquisa e ensino que valorizava o empirismo. Para ele, a sensação (aisthesis) vem antes da ideia, pois é a materialidade que compõe a substância. Com a memória, aquilo que foi guardado se torna experiência, e é quando o homem revive e transforma em conceito. É por esse caminho que se obtém o conhecimento, com a aliança entre a experiência com a razão, por meio da reflexão.
A episteme é a principal forma de conhecimento, segundo Aristóteles, que é busca pela verdade sem finalidade específica ou utilitária. Ou seja, é a essência do aprender. Assim, a ideia é formada em uma junção entre a matéria e a sensação. É aqui que reside sua crítica a Platão, que acreditava no dualismo do mundo das ideias e do mundo inteligível. Para Aristóteles, não há essa separação e sim um amálgama dos dois. Há uma conexão entre os dois mundos, e em uma contraposição ao pensamento platônico, cria elabora que existe a matéria (hyle), que é a especificidade do indivíduo, e a forma (eidos), a essência. Esta é imutável, porém vive no nosso mundo, e vemos as diferenças entre as duas partes do sujeito a partir da reflexão.
Outro que recebe a sua crítica foi Parmênides, uma das influências no platonismo. Em os Pré-Socráticos, vimos que a ideia dele é a imutabilidade das coisas. Já Aristóteles via o homem como aquilo que ele é e aquilo que pode ser, ou seja, sua potência. Assim, o devir é o movimento, as mudanças de acordo com o tempo. A essência é o que faz o ser e nada na sua forma mudaria o que ele é. As características, ao serem despidas, não modificam a essência, mas fazem parte do ser. Com a experiência se adquire conhecimento, pois a sensação guia à essência das coisas. A razão (logos) é a balança para que isso ocorra, para diferenciar o que era essência ou acidente.
Para tanto, desenvolveu a Teoria da Causalidade, na qual o conhecimento é algo natural do ser humano. Para isso, via quatro passos para alcançar o resultado:
- Causa Material: que resumimos com a questão “do que é feito isso?”;
- Causa Eficiente: “o que fez isso?”;
- Causa Formal: “o que é?”;
- Causa Final: “para o que que é?” – a sua finalidade;
É com a Metafísica que a crítica a Platão fica mais evidente e no Liceu, com a valorização do material, ele coloca em prática suas teorias. Com esse foco no empirismo, sua instituição criou a ideia do texto para consumo interno e aqueles para consumo externo. Vale destacar que sobreviveram mais dos primeiros, o que nos dá muitas possibilidades de interpretação.
Na sua obra Política, ele deixa claro que o homem é um ser político por natureza, e, neste caso, analisa a situação das pólis. Primeiro, a busca principal da vida pública é o Bem comum, ou seja, a coletividade era o mais importante. Isso se deve ao entendimento do ser humano como um indivíduo no grupo, em sua comunidade. Ou seja, o coletivo está acima do indivíduo, o estado também é. Este está conectado à moral, pois complementa e se funde ao sujeito. Enquanto a ética é mais individual, a política trabalha com o coletivo.
O principal sistema de governo, o que seria melhor para todos, era a monarquia, que centraliza o poder na figura de um sujeito. Dessa forma, o governante se dedicaria à vida pública e era um regime que visaria esse bem comum, diferente da tirania, por exemplo, ou de outros sistemas. Era a busca pela justiça, que embasa uma boa vida para o coletivo.
Em Ética a Nicômaco, concebe o homem como possuidor de três almas:
- A alma vegetal, que é a irracional;
- A alma animal, que é a sentimental;
- A alma racional, que é a essência do ser.
Elas são concomitantes, sendo que a última se relaciona diretamente com a Educação. Esta traz a liberdade e a virtude (areté). O éthos que ele trabalha é componente do ser, como é e atua no presente. O que o homem deve fazer na vida deve ser embasado pela educação, pois só a partir da instrução que se conhece o certo e errado. O meio termo é importante para que o homem viva plenamente, sem pender para nenhum dos extremos, a emoção ou a razão. A finalidade de tudo, dessa forma, é a busca pela Felicidade, que se atinge a partir do amálgama entre virtude e prudência. É com sua teoria, vasta e complexa, que Aristóteles modificou sensivelmente a filosofia e influenciou diversos pensadores posteriores.
Aristóteles é fundamental para compreendermos minimamente a filosofia antiga e, depois a medieval. Os vestibulares cobram, com frequência, tanto a teoria do conhecimento, sua diferença em relação a Platão, assim como seus elementos de ética.