Resumo de filosofia: Introdução aos estudos Filosóficos



Introdução aos estudos Filosóficos

Figura 1 Escola de Atenas - Rafael - 1511 - Afresco no Museu do Vaticano - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c4/Escola_de_Atenas_-_Vaticano_2.jpg

          Filosofia é uma palavra de origem grega – philos amigo, e sophia, sabedoria – que significa amor pela sabedoria. Compreende-se, então, que a ideia em si é a busca pelo saber, pelo conhecimento, que é uma perspectiva muito ampla. Como adquirir esse conhecimento é o que diferencia a Filosofia da opinião, e podemos afirmar que o questionamento do mundo é a sua base. A priori, nossa tendência é entender a Filosofia como uma ciência com pouca, ou nenhuma, atribuição prática. Contudo, a política, a matemática, a física, a química, entre muitas outras, são devedoras da Filosofia a sua origem

        

          A Filosofia começa das pequenas perguntas que o homem faz sobre o próprio mundo e vai revelando camadas e mais camadas ao longo do processo de conhecimento. É normal vermos no dia-a-dia o uso da palavra “filosofia” no sentido de opinião ou como um manual de comportamento designado por si ou por outros, a título de exemplo: “filosofia de vida”. A tradição ocidental se baseia os ramos filosóficos desenvolvidos na Grécia Antiga, quando o questionamento sistemático ganhou a alcunha de Filosofia por Pitágoras de Samos (c.570 a.C.- c.495 a.C.), na época do apogeu ateniense de Péricles. Isso não significa que apenas os gregos faziam filosofia. O consenso, ainda que não unânime, é que os centros filosóficos na antiguidade estavam na Índia, China e Grécia, de onde nós herdamos a tradição de pensamento ocidental. Uma das formas de se estudar Filosofia, para além dos conceitos, é através da história.

         Dessa maneira, as classificações que encontramos no curso obedecem aos recortes cronológicos da História, como o usual. Os temas abordados serão:- Filosofia Antiga: consiste nos Pré-Socráticos, Sofistas, Socráticos - dentre os mais conhecidos: o próprio Sócrates, Platão e Aristóteles – e Helenísticos. - Filosofia Medieval: com destaque para Sato Agostinho e São Tomás de Aquino; - Filosofia Moderna: analisaremos, especificamente, René Descartes, Francis Bacon, David Hume, John Locke, Hegel e Kant; - Filosofia Contemporânea: Schopenhauer, Kierkegaard, Nietzsche, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Sigmund Freud, Escola de Frankfurt e Habermas.

Figura 2 O filósofo em meditação - Rembrandt - 1632 - Museu do Louvre - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d6/Rembrandt_-_The_Philosopher_in_Meditation.jpg

     Quando o pensamento filosófico surgiu na Grécia Antiga, os intelectuais queriam distinguir a ideia de saber e de mito. Desde o início empregavam métodos que descrevemos como científicos (apesar de não existir ainda o conceito de ciência como conhecemos) para responder os questionamentos do ser humano sobre a origem da vida, da natureza, do seu habitat. Filosofia passou a abarcar, dessa forma, o estudo sistematizado de todos os assuntos, como matemática, física, biologia, poesia, política, ou seja, tópicos que eram desenvolvidos sob as suas “asas”. Com o tempo, as dissidências e diferenças entre esses temas surgiram já que os intelectuais passaram a estudá-los mais a fundo, buscando suas premissas e particularidades.

     O desenvolvimento da metodologia cientifica tem suas origens na Filosofia, contuso, esta é melhor traduzida como o ato de questionar e pensar sobre as perguntas formuladas. É mais fácil entendermos esse papel da Filosofia ao compararmos com a mitologia, a chave de compreensão do mundo até então. O mito também vem do grego – mythós – e significa palavra, história, relato, narrativa, que pode ser religiosa ou não, mas que hoje em dia o relacionamos à ideia de falsidade ou de poder. A pessoa pode “contar um mito”, ou uma mentira, e também pode “ser um mito”, detentora de poder reconhecido pelo interlocutor que profere a expressão. Os mitos, as histórias narradas pelo homem, sobreviveram por séculos porque possuem um conteúdo relevante para as sociedades que os mantiveram vivos. Mesmo que não possamos determinar a origem dessas narrativas, sabemos que se formam a partir da necessidade do ser humano de obter respostas acerca dos questionamentos que formulavam sobre a vida, o universo e o cotidiano.

    Ao procurarmos as mitologias gregas, por exemplo, cada uma delas discute a origem da vida, as estações do ano, o movimento das chuvas e ventos, a moral e os valores sociais, entre outros tantos assuntos. O ponto aqui não é discutir se mitos são verdadeiros ou não, e sim que possuíam a função de responder as questões. É aceito que o primeiro filósofo que buscou entender a origem das coisas sem recorrer ao mito foi Tales da cidade de Mileto, na Grécia Antiga. Ao utilizar a água como sua physis, que veremos em outra oportunidade, Tales observava a natureza para encontrar a base teórica do seu pensamento.

     A Filosofia, por sua vez, não é feita apenas pela observação do mundo à sua volta e se utiliza de conceitos criados pelo homem para explorar, explicar e criar o raciocínio argumentativo sobre as questões da natureza e o pensamento, como: - Metafísica: estuda aquilo que está além da física, então busca o conhecimento da natureza e da realidade; - Epistemologia: é o estudo sobre o conhecimento, sua natureza e sentido; - Ética: estudo da conduta humana, dos valores da sociedade; - Estética: estudo sobre o belo e, para alguns filósofos, é um valor criado pelos homens, já para outros existiria uma estética pura. Ao longo do tempo, abordaremos ainda mais conceitos fundamentais para o estudo de filosofia. Além disso, o pensamento filosófico se destaca da mitologia pelo uso da Lógica, que ajuda a criar uma operação intelectual sistemática utilizada pelos filósofos para construir seu argumento bem embasado. É a partir do raciocínio lógico e racional que o filósofo se distancia das falácias argumentativas que surgem e que podem se denominar filosofia, mas não é.   Filosofia, em sua essência, nos ensina a pensar. Questionar, não aceitar de antemão dogmas e doutrinas são os caminhos desenvolvidos para a construção do senso crítico. A Filosofia nos dá os instrumentos para que possamos encontrar nossos próprios argumentos e é isso que veremos ao longo dos textos, como cada conceito foi construído, seus significados, e o contexto em que cada autor instituiu seu lugar de fala.

     A Filosofia é cobrada no vestibular de forma direta ou indireta, depende de cada instituição. O mais comum é a citação a algum filósofo e a interpretação do seu texto. Para isto, é importante saber as periodizações e as características principais de cada um.

1. (Ufsj 2013) A construção de uma cosmologia que desse uma explicação racional e sistemática das características do universo, em substituição à cosmogonia, que tentava explicar a origem do universo baseada nos mitos, foi uma preocupação da Filosofia

a) medieval.   

b) antiga.   

c) iluminista.   

d) contemporânea.   

2. (Unesp 2012) Aedo e adivinho têm em comum um mesmo dom de “vidência”, privilégio que tiveram de pagar pelo preço dos seus olhos. Cegos para a luz, eles veem o invisível. O deus que os inspira mostra-lhes, em uma espécie de revelação, as realidades que escapam ao olhar humano. Sua visão particular age sobre as partes do tempo inacessíveis às criaturas mortais: o que aconteceu outrora, o que ainda não é.

(Jean-Pierre Vernant. Mito e pensamento entre os gregos, 1990. Adaptado.)

O texto refere-se à cultura grega antiga e menciona, entre outros aspectos,

a) o papel exercido pelos poetas, responsáveis pela transmissão oral das tradições, dos mitos e da memória.   

b) a prática da feitiçaria, estimulada especialmente nos períodos de seca ou de infertilidade da terra.   

c) o caráter monoteísta da sociedade, que impedia a difusão dos cultos aos deuses da tradição clássica.   

d) a forma como a história era escrita e lida entre os povos da península balcânica.   

e) o esforço de diferenciar as cidades-estados e reforçar o isolamento e a autonomia em que viviam.   

Gabarito:

Questão 1: [B] – relacione seus conhecimentos sobre História Antiga, especificamente a História grega, e como ocorreu o processo de desenvolvimento filosófico nessa região.

Questão 2: [A] – vejam bem a diferença entre filósofos, poetas e mitos, como essa distinção foi fundamental para a Filosofia.

 

Filosofia: Periodizações: Filosofia Antiga; - Filosofia Medieval; - Filosofia Moderna; - Filosofia Contemporânea. Diferença entre saber, mito e razão