Resumo de geografia: A Economia do Segundo Reinado



A Economia do Segundo Reinado

Figura 1 - Bandeira do Segundo Império

O Segundo Reinado (1840-1889) foi o mais longo período de atuação de um governante no Brasil. As diferenças econômicas em relação aos governos passados foram grandes, e veremos aqui as medidas tomadas que foram fundamentais para o desenvolvimento da infraestrutura nacional.

A economia brasileira após a coroação de D. Pedro II se destacou por duas questões em específico: a produção de café no Sudeste, o que deslocou o eixo agrário-exportador do país para a região; e a modernização não só no sentido industrial, mas também urbano e científico. Contudo, convém destacar que isto não significou uma mudança profunda na organização social, pois as diferenças entre a elite e a maioria da população ainda existiam.

Figura 2 - Escravos na colheita do café - Marc Ferrez - c. 1882 - Acervo: Instituto Moreira Salles - https://ims.com.br/wp-content/uploads/2017/06/acv_imgcapa_1412362326-1200x968.jpg

O café era conhecido como ouro negro e plantado desde o século XVIII, mas foi somente no seguinte que ganhou status de produto de exportação. A partir da década de 1840, o que era produzido apenas para consumo interno, se tornou extremamente lucrativo devido à demanda estrangeira.

Da década de 1850 em diante a economia brasileira viveu momentos de crescimento que capacitou o investimento industrial até então inexistente. Por isso que, apesar do Brasil ainda ter se mantido como um país dependente da agricultura para a venda de matéria-prima ao exterior, sua modernização teve início por causa dos lucros trazidos pelo café.

O Vale do Paraíba fluminense e paulista receberam os grandes latifúndios análogos ao sistema de plantation. A geografia da região ajudou não só no plantio das mudas como no escoamento dos grãos, já que as rotas da mineração ainda resistiam. Ao longo das décadas, a produção expandiu-se para o Oeste Paulista, que se tornou o principal cultivador, principalmente no final do século e na Primeira República.

O café era de fácil cultivo e manejo, pois não exigia mão-de-obra especializada nem um grande capital para dar início ao plantio. Precisava-se trabalhadores para colher os grãos dos arbustos e de espaço para os terreiros onde eram deixados para secar à luz do sol. Diferentemente dos engenhos de açúcar que requeriam um aparelhamento mais custoso e complexo.

Figura 3 - Porto de Santos - Marc Ferrez - c.1880 - Acervo: Instituto Moreira Salles - https://ims.com.br/wp-content/uploads/2017/06/acv_imgcapa_1412362301-1200x978.jpg

O dinheiro ganhado por meio do café foi aplicado, sobretudo, no desenvolvimento da infraestrutura do país, com destaque ao Sudeste. Os portos foram modernizados, estradas melhoradas, ferrovias construídas e os latifundiários que investiam seus lucros recebiam benefícios e agrados, como a concessão de títulos de nobreza. O Nordeste, dessa forma, entrava em decadência, enquanto novas classes, a dos barões do café e dos grandes comerciantes, surgiam, influenciando diretamente as províncias, primeiro em relação à economia, depois à política.

Após 1850, a proibição do tráfico negreiro com a Lei Eusébio de Queiróz trouxe uma nova questão. Como o café exigia ampla mão-de-obra, desde a plantação até a colheita, a compra de escravos se fazia necessária e, ainda, uma atividade lucrativa. Quando a prática foi definitivamente condenada pelo Império, a solução foi o comércio interno, quando o Nordeste passou a fornecer aos fazendeiros do Sul os trabalhadores que estavam obsoletos. Sobre o assunto da escravidão nesse período, temos outro texto - Escravidão no Segundo Reinado.

Figura 4 - Locomotiva - Marc Ferrez - c. 1880 - Acervo: Instituto Moreira Salles - https://ims.com.br/wp-content/uploads/2017/06/acv_imgcapa_1412362406-1200x1554.jpg

Esse fato foi importante para a economia porque houve a abertura de novos interesses para o investimento de capital que antes era reservado para a compra de escravos. Foi o início da modernização brasileira, sendo os meios de transporte os primeiros a serem impactados. Já em 1854, a Primeira Ferrovia do país foi inaugurada e fazia a ligação entre o Rio de Janeiro e Petrópolis. Com o tempo, as construções ferroviárias chegaram a outras províncias, mas o início ocorreu no Centro-Sul. No Nordeste, por exemplo, apenas a província de Pernambuco recebeu investimentos consideráveis. O Vale do Paraíba, por sua vez, recebeu, em 1855, a Estrada de Ferro D. Pedro II, conhecida posteriormente como Central do Brasil, que conectou Rio de Janeiro e São Paulo, facilitando não só o deslocamento de pessoas como também de produtos. Esta ferrovia foi construída em vinte anos, o que demonstra o longo comprometimento para esse tipo de projeto.

Figura 5 - Imperial Fábrica de São Pedro de Alcântara - Revert Henrique Klumb - c. 1870 - Acervo: Instituto Moreira Salles

A mudança de foco na aplicação do capital excedente foi fundamental para a lucratividade do comércio do café, pois facilitava a chegada aos portos. Esse período ficou conhecido como a Era Mauá, em reconhecimento a Irineu Evangelista de Sousa (1813-1889), o Barão de Mauá, importante figura da época. Foi um comerciante que enriqueceu devido á dinamização da economia, assim como vários outros. O destaque dado a ele é que o impulso industrial foi, em boa parte, financiado por essa aristocracia que ganhara maior relevância econômica e, posteriormente, política. Quando o barão se tornou banqueiro, investiu na indústria têxtil, no desenvolvimento dos transportes – como a estrada de ferro de 1854 citada acima – na modernização das estradas, entre outros feitos, até a falência em 1875.

Mesmo com a lucratividade do café, o incentivo à industrialização aos moldes europeus, não ocorreu, e por diversos motivos. Desde a falta de permissão na época colonial, o que levou a uma abertura legal tardia, até a extensiva importação de produtos, o Brasil passou muito tempo longe da atividade industrial. Isso começou a mudar, ainda que devagar, no Segundo Reinado. Em 1844, foi aprovada a Tarifa Alves Branco, que aumentava as taxas para produtos importados em diversos níveis, o que estimulou a produção nacional. Contudo, o país foi ter uma industrialização considerável, de fato, apenas na Primeira República.

O Brasil viveu um boom econômico no Segundo Reinado, o que modificou sensivelmente as estruturas financeiras, com o aumento da arrecadação pelo Estado. Ainda assim, a dívida externa com a Inglaterra, que, curiosamente, não consumia o nosso café, aumentava ao longo do tempo. Politicamente, o poder permanecia nas mãos de poucos, com o diferencial que, a partir daquele momento, a oligarquia do café surgiu e ganhava notoriedade cada vez mais.

A economia do Segundo Reinado se relaciona com o início do desenvolvimento urbano brasileiro, mesmo que o país ainda se mantivesse como agrário-exportador. Lembrem-se dos pontos trazidos pela Era Mauá, Tarifa Alves Branco e as características que surgiram por causa das mudanças em relação à escravidão e chegada de imigrantes.

1. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir.

O Rio de Janeiro dos primeiros anos da República era a maior cidade do país, com mais de 500 mil habitantes. Capital política e administrativa, estava em condições de ser também, pelo menos em tese, o melhor terreno para o desenvolvimento da cidadania. Desde a independência e, particularmente, desde o início do Segundo Reinado, quando se deu a consolidação do governo central e da economia cafeeira na província adjacente, a cidade passou a ser o centro da vida política nacional. O comportamento político de sua população tinha reflexos imediatos no resto do país. A Proclamação da República é a melhor demonstração dessa afirmação.

(José Murilo de Carvalho. Os bestializados, 1987.)

(Unesp 2018) O texto afirma que a consolidação do Rio de Janeiro como “o centro da vida política nacional” ocorreu com

a) a reunião dos órgãos administrativos na capital e o fechamento das assembleias provinciais.   

b) a proclamação da independência política e a implantação do regime republicano no país.   

c) a concentração do poder nas mãos do imperador e a ascensão econômica de São Paulo.   

d) o declínio da economia açucareira nordestina e o início da exploração do ouro nas Minas Gerais.   

e) o crescimento populacional da capital e a democratização política no Segundo Reinado.   

2. (Upf 2017)  A  partir da década de 1840, o café se consolidou como o principal produto de exportação do Brasil. Em função da cafeicultura, criou-se toda uma rede de infraestrutura, com aparelhamento dos portos, melhoria dos transportes, instituição de novos mecanismos de crédito e estímulo à vinda de imigrantes europeus para diversificação da mão de obra.

A cafeicultura definiu o deslocamento do polo econômico do país para as zonas:

a) Recôncavo Baiano e Chapada Diamantina.   

b) Grão-Pará e Costa de Sauípe.   

c) Vale do Paraíba e oeste paulista.   

d) Sertão pernambucano e Triângulo mineiro.   

e) Vale do Itajaí e oeste catarinense.   

Gabarito: 

Questão 1 - [C] – O texto discorre sobre o papel do Rio de Janeiro tanto no Primeiro quanto no Segundo Reinado como capital e centro de desenvolvimento urbano, assim como o crescimento do café em São Paulo.

Questão 2 - [C] – O café ganhou destaque a partir do Vale do Paraíba e foi para o Oeste Paulista onde encontrou condições favoráveis. Isso ajudou no processo de crescimento urbano e de infraestrutura.

 

Economia do Segundo Reinado

- Ciclo do Café

- Vale do Paraíba e Oeste Paulista

- Mão-de-obra – escravos e imigrantes

- Infraestrutura – urbanização, ferrovias, comunicação

- Era Mauá

- Tarifa Alves Brancos