Resumo de geografia: Revolução Constitucionalista – 1932



Revolução Constitucionalista – 1932

Figura 1 - Trincheira de combatentes paulistas - Amparo - Acervo: Tudo por São Paulo [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Combatentes_paulistas_em_Amparo_em_1932.jpg">via Wikimedia Commons</a>

 

O Governo Provisório de Getúlio Vargas (1882-1954) (LINK - Era Vargas - Governo Provisório – 1930-1934) passou por diversos problemas, a maioria oriundos da Revolução de 1930 (LINK - República Oligárquica e a Revolução de 1930 – a presidência de Washington Luís (1926-1930) e a Revolução de 1930). As lideranças paulistas, descontentes com os rumos do governo, pegaram em armas. Em 9 de julho de 1932, teve início da Revolução Constitucionalista

A forma como aconteceu a Revolução de 1930, contestando o processo eleitoral, deixou profundas cicatrizes na política brasileira. A oposição foi ganhando munição conforme o Governo Provisório estabelecia suas medidas centralizadoras. Minas Gerais e o Rio Grande do Sul possuíam dissidências políticas que começaram a pressionar a convocação de novas eleições. Queriam que acabasse logo o teor provisório do governo. Outro ponto crítico era o controle exercido sobre os tenentes, com a inserção deles em cargos que atendiam a apenas uma parcela da categoria. O Movimento Tenentista foi um dos grandes apoiadores dos rebeldes em 1930.

Figura 2 - Manifestação na Praça do Patriarca, em São Paulo - Maio de 1932 - See page for author [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Manifesta%C3%A7%C3%A3o_Pra%C3%A7a_Patriarca_maio_32.jpg">via Wikimedia Commons</a>

 

Ao mesmo tempo que os políticos de vários estados questionavam a situação, São Paulo se articulava. Os paulistas eram os maiores opositores de Vargas. É importante ressaltar que o Partido Democrático de São Paulo, o PD, que rivalizava com o Partido Republicano Paulista, o PRP, apoiou a causa da Aliança Liberal.

No período da Junta Militar, o PD ocupou a maioria dos cargos políticos, enquanto o governo ficou à cargo do General Hastínfilo de Moura (1865-1956). A situação mudou quando Vargas se tornou presidente e instituiu os Interventores nos estados, nomeando o tenente João Alberto Lins de Barros (1897-1955) para São Paulo. Essa medida desagradou profundamente aqueles que apoiavam a Revolução de 1930. O cargo era tão criticado que, em 1931, quando Lins de Barros deixou o poder, dois nomes foram indicados e, por diversos motivos, abandonaram o cargo. Temos, portanto, uma instabilidade política que acirrava os ânimos gerais.

Figura 3 - Cartaz convocando jovens paulistas para a revolução de 1932 - CPDoc FGV [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cartaz_Revolucion%C3%A1rio.jpg">via Wikimedia Commons</a>

 

Além de São Paulo ter se beneficiado politicamente por décadas na República Oligárquica, o café era o produto mais valorizado da economia brasileira. Contudo, quem organizava e coordenava o sistema cafeeiro eram os próprios paulistas. Em 1931, Osvaldo Aranha (1894-1960) foi nomeado o Ministro da Fazenda e mudou o direcionamento econômico do país: o foco residiria na industrialização e não mais na exportação do café, junto do processo de nacionalização das instituições coordenadoras.

Tínhamos, portanto, a insatisfação dos antigos apoiadores do movimento de 1930 e dos opositores. Começaram a surgir alianças contra o governo por todo o país, as chamadas Frentes Únicas. A Frente Única Gaúcha – FUG – rompeu com o governo em 1932 mesmo ano da formação da Frente Única Paulista – FUP – entre PD e PRP.

Reivindicavam a convocação da Assembleia Nacional Constituinte e queriam a autonomia paulista. Foi criada a bandeira constitucional e, com ela, crescia o sentimento ufanista no estado.

 

Figura 4 - Cartaz convocando as mulheres paulistas para a revolução de 1932 - CPDOC/CDA Rev.32 [1] [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mulheres_Paulistas.jpg">via Wikimedia Commons</a>

As ideias de superioridade paulista, com o mito de São Paulo como locomotiva econômica do país, surgiram e ganharam força nessa época. Foi uma combinação de insatisfação política e exaltação regional que alimentou a ideia de um movimento armado. Antes do conflito, o governo federal tentou apaziguar a situação nomeando o paulista e civil Pedro de Toledo (1860-1935) como interventor estadual. Ele inseriu representantes da FUP no governo do estado, e o General Isidoro Dias Lopes (1865-1937), participante da Revolução de 1924 e apoiador do movimento paulista, como comandante militar do estado. Porém, essas prerrogativas não mudaram a situação. Era preciso apenas um estopim para o conflito se instaurar, e ele veio.

Figura 5 - Cartão Postal do MMDC - 1932 - CPDOC/CDA Roberto Costa [1] [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cart%C3%A3o_Postal_do_MMDC.jpg">via Wikimedia Commons</a>

 

No dia 23 de maio de 1932, quatro rapazes: Mario Martins de Almeida – Martins – (1907-1932), Euclides Bueno Miragaia – Miragaia – (1911-1932), Dráusio Marcondes de Sousa – Dráusio – (1917-1932) e Antônio Américo de Camargo Andrade – Camargo – (1901-1932) participavam da passeata contra o governo federal. tentaram invadir a sede do Partido Popular Paulista, antiga Liga Revolucionária formada por militares e políticos que apoiavam a Revolução de 1930. Eles foram recebidos a tiros e não sobreviveram. Contudo, a situação inflamou ainda mais a população que criou um grupo com o intuito de lutar contra Vargas, o MMDC, um acrônimo com os nomes acima.

Em 9 de julho de 1932, iniciava a Revolução Constitucionalista em São Paulo. O apoio popular foi massivo, e o líder dos rebeldes era o mesmo Isidoro Dias Lopes do movimento tenentista. Por terem contato com dissidentes por todo o Brasil, alguns homens foram destacados para articularem o apoio de outros estados. Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso foram contatados e recusaram. O único que conseguiu um pouco de ajuda foi o General Bertoldo Klinger (1884-1969) que convenceu alguns mato-grossenses, mas nada muito significativo para o conflito.

Sem a adesão dos estados, o plano de invadir o Rio de Janeiro não vingou e a revolução não se espalhou pelo país. É interessante destacar que os recursos industriais, agrícolas e financeiros da classe média e alta se destinaram aos revolucionários. A Campanha do Ouro para o Bem de São Paulo ganhou força, dando sobrevida ao movimento. Enquanto isso, os estados que se diziam simpatizantes à causa paulista, enviaram homens para lutar pelo governo federal. As tropas varguistas eram muito superiores tanto em número quanto em armas. Foi a primeira vez que se utilizou aviões em combates no Brasil, um marco tecnológico no país.

Mesmo com a discrepância de quase 10 mil homens a mais para o governo federal, a luta durou quase três meses. Os legalistas tomavam espaço a partir do Vale do Paraíba, se espalhando por Jundiaí e Itu, no interior paulista. O grande passo foi se aproximar da cidade de São Paulo, o que levou os representantes da FUP a aceitarem uma negociação com o General Gois Monteiro (1889-1956) no dia 10 de outubro. Os rebeldes se renderam e acabou a Revolução.

A derrota paulista não significou submissão total ao governo federal. Vargas decidiu nomear um simpatizante do PD, e parente do então diretor do jornal O Estado de São Paulo Júlio de Mesquita Filho (1892-1969), Armando de Salles Oliveira (1887-1945). Além disso, a briga pela Constituição não terminou ali. Em 1933, o presidente convocou a Assembleia Constituinte. 

 

No Vestibular...

A Revolução Constitucionalista de 1932 foi uma das principais revoltas do país contra o governo vigente. Ela se tornou símbolo de um período belicoso na política brasileira. O aluno que prestará as provas de instituições paulistas deve estudar o movimento mais atentamente, enquanto os outros podem estudá-la no contexto das instabilidades políticas no Governo Provisório de Getúlio Vargas.

1. (Enem 2012) 

Elaborado pelos partidários da Revolução Constitucionalista de 1932, o cartaz apresentado pretendia mobilizar a população paulista contra o governo federal.

Essa mobilização utilizou-se de uma referência histórica, associando o processo revolucionário

a) à experiência francesa, expressa no chamado à luta contra a ditadura.   

b) aos ideais republicanos, indicados no destaque à bandeira paulista.   

c) ao protagonismo das Forças Armadas, representadas pelo militar que empunha a bandeira.   

d) ao bandeirantismo, símbolo paulista apresentado em primeiro plano.   

e) ao papel figurativo de Vargas na política, enfatizado pela pequenez de sua figura no cartaz.   

 

2. (Unesp 2010) Sobre o movimento constitucionalista de 1932, é possível afirmar que

a) foi resultado da política federal, que impedia a exportação do café de São Paulo para o Ocidente europeu.   

b) atrasou o processo de democratização brasileira empreendido por Getúlio Vargas a partir de 1930.   

c) tinha, como principal objetivo, a separação do estado de São Paulo do restante da federação.   

d) levou o governo federal a negociar com a oligarquia paulista e a fazer concessões a seus interesses.   

e) obteve sucesso, derrotando as tropas de Vargas e devolvendo a presidência aos cafeicultores.   

 

Gabarito: 

Questão 1 - [D] – A Revolução Paulista ou Revolução Constitucionalista de 1932 uniu vários setores da sociedade com líderes tanto da elite cafeeira quanto urbana contra a centralização de poder institucionalizada pelo governo federal. A figura que se torna símbolo dos paulistas é o bandeirante, que foi construído pela narrativa tradicional como herói no período colonial.  

Questão 2 - [D] – A [D] está correta, mas tem uma pegadinha. A Revolução Constitucionalista não envolveu apenas os interesses da oligarquia paulista, pois o movimento representou a insatisfação de toda a elite com o governo federal.

 

Resumão...

Revolução Constitucionalista – 1932

Governo Provisório - 1930-1934

- Insatisfação com o governo federal

- Frente Única Paulista – FUP – entre PD (Partido Democrático) e PRP (Partido Republicano Paulista)

- Exaltação regional

- 23 de maio de 1932 – Morte de quatro rapazes: Mario Martins de Almeida – Martins – (1907-1932), Euclides Bueno Miragaia – Miragaia – (1911-1932), Dráusio Marcondes de Sousa – Dráusio – (1917-1932) e Antônio Américo de Camargo Andrade – Camargo – (1901-1932)

- 9 de julho de 1932 - Revolução Constitucionalista em São Paulo

- Apoio popular foi massivo

- Tropas varguistas com maior preparação

- 3 meses de luta

- 10 de outubro de 1932 – rendição – fim da Revolução