Resumo de historia: Conquista da América – México e Peru
Conquista da América – México e Peru
Figura 1 - Francisco Pizarro encontra o Imperador Inca Atahualpa - Felipe Guamán Poma de Ayala - início do século XVII - https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Atawallpa_Pizarro_tinkuy.jpg
Para entendermos a Conquista da América, temos que entender que ela foi possível devido à centralização do poder espanhol– como vimos em Formação das Monarquias Nacionais - Portugal e Espanha. Além disso, o Mercantilismo e o Absolutismo auxiliaram os países ibéricos tanto com a acumulação de riquezas quanto no alcance de maiores influentes no Atlântico, por um período. Acirrou, também, os conflitos entre os vizinhos, que buscavam cada vez mais posses territoriais. Ao chegarem à América, os espanhóis encontraram civilizações com estruturas sociais, políticas, econômicas muito mais complexas do que imaginaram. A Colonização da América, tanto a Ibérica quanto a Inglesa, foram marcos na História do Ocidente. Vamos lá entender os detalhes da colônia espanhola!
Desde o século XV, Portugal dominava a circunavegação do Périplo Africano e descobriram uma nova rota para as Índias, se inserindo no comércio de especiarias. Já a Espanha decidiu se aventurar pelo Atlântico para encontrar uma nova forma de aportar no Oriente, e se depararam com o continente que foi chamado de americano. A grande expedição espanhola foi comandada pelo genovês Cristóvão Colombo (1451-1506) que pôs os pés em terra, no dia 12 de outubro de 1492. A preparação era feita desde 1488, após o aval de Fernando e Isabel de Castela. A expedição teve muitos percalços, como falta de comida, água potável contada, epidemias pela falta de higiene, o que ocasionou vários motins. A proposta de Colombo era ousada, mas tornou a chegada à América uma das principais conquistas espanholas na História, assim como a dos portugueses foi passar pelo Cabo da Boa Esperança.
Cada vez mais os exploradores espanhóis adentravam nessa nova terra e precisaram acertar acordos com Portugal em relação à posse territorial. A Bula Inter coetera foi assinada dia 03 de maio de 1493 a partir de uma negociação chefiada pelo papa Alexandre VI (1431-1503). Foi decidido marcar uma linha imaginária a 100 léguas de Cabo Verde, sendo as terras a leste portuguesas e a oeste espanholas. Essa determinação não durou muito tempo, já que Portugal queria ter mais controle sobre o território encontrado na América. Portanto, outra negociação foi feita, que ficou conhecida como Tratado de Tordesilhas, assinado dia 07 de junho de 1494. Agora, a linha passaria a 370 léguas de Cabo Verde, dando a Portugal o controle das terras africanas, o que mais interessava naquele momento.
Antes de discutirmos a colonização, precisamos entender a conquista e que ela foi diferente nos vários locais da América, cada uma acontecendo no seu tempo. O processo de dominação foi complexo, mas, no geral, é cobrado a compreensão de dois, em específico, que se tornaram os principais Vice-Reinos: a Nova Espanha (região do México) e o Peru. Algumas características de ambos processos são parecidas, mas a principal é a base militar das conquistas, baseadas no domínio unilateral.
Figura 2 - A Conquista de Tenochtitlán - s/a - c. Século XVII - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/25/The_Conquest_of_Tenochtitlan.jpg
Conquista do México
Em 1519, Hernán Cortés chegou à Hispaniola, ilha que hoje é a República Dominicana, com uma frota pronta para dominar os territórios continentais, iniciando por Yucatán, península no atual México. Os espanhois imaginavam que os índios se renderiam à armada logo que a visse, e a organização encontrada foi uma grande surpresa. A reação de Montezuma II, rei dos astecas, foi o afastamento das tropas de Carlos V (1500-1558), imperador do Sacro Império Romano Germânico e rei espanhol.
Cortés não se deu por vencido e com a ajuda de inimigos dos astecas, que eram imperadores e dominadores também, e intérpretes, passou a adentrar o território. Chegaram a Tenochtitlán, capital asteca, e, com surpresa, foram vistos como herói. Essa recepção se relaciona à mitologia local. Na lenda indígena, o deus Quetzalcoaltl retornaria à região. Esse mesmo deus teria guiado os astecas para a região do Vale do México, muito mais fértil que o norte árido, de onde eles emigraram. Com essa tradição viva, eles acreditaram que Cortés fosse esse deus, que foi bem recebido e cortejado. Logo mostrou a que veio e obrigou Montezuma a reconhecer o poder do rei espanhol sob aquela terra ou seria preso. A mobilização dos indígenas ocorreu a partir do momento em que seu chefe foi encarcerado, e, em 1520, tem início a Guerra de Conquista. Mesmo com a superioridade numérica e conhecimento local, os nativos foram dominados. Os espanhóis tinham armas, pólvora, cavalos, uma posição superior em técnica, o que arrasou os indígenas. Em 1521, os astecas se renderam, e a Espanha inicia seu processo de colonização.
Figura 3 - Os funerais do Inca Atahualpa - Luis Montero - 1867 - Museu de Arte de Lima, Peru - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6d/Luis_Montero_-_The_Funerals_of_Inca_Atahualpa_-_Google_Art_Project.jpg
Conquista do Peru
Se no México tínhamos Hernán Cortés, na região andina foi Francisco Pizarro o responsável pela dominação da população Inca, em 1531. Até então, os espanhóis haviam tentado duas vezes tomar a região, o que não foi bem-sucedido. O que ajudou imensamente os espanhóis foram os problemas internos vividos pelos incas.
Em 1528, o imperador era Huayna Capac, que se considerava especial por ser descendente de Manco Cápac, primeiro inca. Com ímpeto expansionista, chegou ao Equador e adjacências, dominando a região. Mesmo assim, seu governo passou a ser questionado, atingindo seu ápice com a briga dinástica entre seu filho legitimo, Tupac Cursi Hualpa (Huáscar) e o ilegítimo, Atahualpa. Tupac era originário de Cusco, capital do império e Atahualpa de Quito, no Equador. Ambos disputavam o trono, queriam a legitimidade do poder. Após uma série de batalhas, Atahualpa venceu e em 1531 se torna imperador. Conseguimos perceber, portanto que os espanhóis tentaram sua investida em uma população já enfraquecida pelas disputas internas.
Assim como Cortés possuía uma armada, Pizarro tinha seus homens de confiança, seus irmãos Gonzalo, Hernando e Juan. Ao parar em Cajamarca, o conquistador pediu para se encontrar com o imperador inca, mas quem passou a mensagem foi Hernando Pizarro e Hernando de Soto. O rei espanhol demandava que os indígenas aceitassem o domínio de Carlos V, e a superioridade do papa e da fé cristã. Atahualpa não concordou, despertando a raiva dos conquistadores, que iniciaram um conflito armado, conhecido como Batalha de Cajamarca. O imperador inca foi sequestrado, aprisionado e sua liberdade usada como chantagem. Os espanhóis queriam em troca uma grande quantia de ouro e prata. Porém, não cumpriram o combinado e o assassinaram. As batalhas se acirraram, e em 1533, os espanhóis tomaram Quito e Cusco, dominando os incas. O processo de colonização vivido após a conquista foi complexo e cheio de mudanças para a população indígena. Em um próximo post discutimos melhor.
Vocês tem contato com esse conteúdo ao aprender o processo de colonização. Contudo, é importante entender a conquista, como que os espanhois dominaram os indígenas de duas das grandes civilizações mesoamericanas para conseguir relacionar com o projeto colonial e o que aconteceu com essas sociedades. Ou seja, antes de estudar a Colônia, relacione tanto o desenvolvimento do Antigo Regime com o Mercantilismo e a conquista das Américas.
1. (Fuvest 2018) A imagem representa a morte de Atahualpa, o último imperador inca, em 1533, após a conquista espanhola comandada por Francisco Pizarro.
Analise as quatro afirmações seguintes, a respeito da empresa e da conquista colonial espanhola no Peru e da representação presente na imagem.
I. A conquista foi favorecida pelo conflito interno entre os dois irmãos incas, Atahualpa e Huáscar, aproveitado pelas forças espanholas lideradas por Francisco Pizarro.
II. A produção agrícola das plantations escravistas constituiu-se na base econômica do vice-reinado do Peru, controlado pelos espanhóis.
III. Do lado esquerdo da pintura, há uma movimentação conflituosa, na qual as mulheres incas são contidas por guardas espanhóis, contrastando com a expressão ordenada e solene do lado direito, composto por religiosos e autoridades espanholas em torno do corpo do imperador inca.
IV. A pintura revela o resgate de elementos históricos – importante para a construção do ideário nacionalista no século XIX, no processo pós-independência e de formação do Estado nacional peruano –, mas retrata os personagens indígenas com trajes e feições europeus.
Estão corretas apenas as afirmações
a) I, II e III.
b) II, III e IV.
c) I, III e IV.
d) I e II.
e) III e IV.
2. (Enem 2018) O encontro entre o Velho e o Novo Mundo, que a descoberta de Colombo tornou possível, é de um tipo muito particular: é uma guerra – ou a Conquista –, como se dizia então. E um mistério continua: o resultado do combate. Por que a vitória fulgurante, se os habitantes da América eram tão superiores em número aos adversários e lutaram no próprio solo? Se nos limitarmos à conquista do México – a mais espetacular, já que a civilização mexicana é a mais brilhante do mundo pré-colombiano – como explicar que Cortez, liderando centenas de homens, tenha conseguido tomar o reino de Montezuma, que dispunha de centenas de milhares de guerreiros?
TODOROV. T. A conquista da América. São Paulo: Martins Fontes. 1991 (adaptado).
No contexto da conquista, conforme análise apresentada no texto, uma estratégia para superar as disparidades levantadas foi
a) implantar as missões cristãs entre as comunidades submetidas.
b) utilizar a superioridade física dos mercenários africanos.
c) explorar as rivalidades existentes entre os povos nativos.
d) introduzir vetores para a disseminação de doenças epidêmicas.
e) comprar terras para o enfraquecimento das teocracias autóctones.
Gabarito:
Questão 1: [C] – Deve-se realizar a análise da imagem e, também, relacionar a geografia da região.
Questão 2: [C] – Lembrem-se que entre as civilizações indígenas havia conflitos, e uma das medidas utilizadas pelos espanhois era instigar essas rixas já existentes.