Resumo de historia: Expansão Marítima



Expansão Marítima 

 

A Expansão Marítima foi um episódio fundamental aos países da Europa Ocidental no início da Idade Moderna, que resultou na colonização da América. Portugal foi o pioneiro nas navegações, que começaram no século XV. Para entendermos o porquê, é fundamental analisarmos a situação da Europa no fim da Idade Média

 

Entre os séculos V e XV, a região se tornou, em grande escala, rural, com o poder político fragmentado e descentralizado. Isto ajudou no processo de diminuição das trocas comerciais entre as cidades, já que havia uma dificuldade real dessas transações serem feitas. Essa era a realidade do mundo medieval europeu ocidental, na época da chamada Alta Idade Média. Nós destacamos a Europa Ocidental porque algumas regiões da Europa Oriental tinham características diferentes. Isso é importante para entendermos que o mundo feudal não era unânime, havia particularidades locais.

 

A partir do século XIII, essa realidade rural passou por algumas transformações importantes que levaram ao tema do post. É fundamental perceber que nenhum processo acontece sozinho, então uma série de fatores juntos fizeram com que mudanças ocorressem no período. Primeiro, cada vez mais se desenvolveram técnicas agrícolas que auxiliaram no aumento da produção, ou seja, a tecnologia da época estava melhorando, fazendo com que o leque de produtos aumentasse. Essa diversidade ajudou na criação do chamado excedente, os produtos não consumidos pela comunidade local, que passaram a ser trocados, reativando, aos poucos, o processo de troca comercial. Junto disso, as cidades começaram a crescer novamente, abrigando pessoas com trabalhos mais específicos, como artesãos, comerciantes. Com o tempo, antigos servos passaram a deixar o campo e migrar para a cidade, uma forma de fugir do domínio senhorial, por exemplo. 

 

A realidade política, acompanhando as mudanças econômicas e geográficas, também passava por transformação. Foi o período de diversas guerras entre Espanha, França e Inglaterra, sempre motivadas pelo domínio territorial. A Guerra dos Cem Anos (1337-1453), por exemplo, ocorreu entre França e Inglaterra, começou por causa de uma disputa dinástica, sobre qual casa real assumiria o trono francês, o que significa aumento de poder e de território. Vale um adendo: a questão da fronteira é interessante porque esses países, principalmente, sempre guerrearam entre si, por diversos motivos, mesmo após a centralização política.

 

É o momento da formação dos Estados Nacionais, ou Estados Modernos, quando as fronteiras se estabilizaram, ou seja, o local onde está esses países se manteve basicamente o mesmo, e o poder ficava cada vez mais centralizado. Isto significava uma maior burocratização do sistema político e o aumento do poder em uma figura só. Era o início do que foi chamado, posteriormente, de Antigo Regime, que tinha 3 características bem definidas:

 

-          Mercantilismo: conjunto de leis e práticas econômicas pelo qual as monarquias absolutistas conseguiam acumular riquezas e explorar cada vez mais novos territórios. Essa concentração de riqueza acontecia não só pelo Estado, mas também pela burguesia, classe social que surge com a reativação das cidades, os burgos. É por meio da burguesia que as atividades mercantis aconteciam, sendo que o Estado dava força, mas cobrava altos impostos para que pudessem explorar livremente. Essa relação sempre foi desigual, mas por muito tempo ainda era vantajosa para os burgueses.

 

-          Absolutismo: a personificação do rei como Estado, ou seja, as relações entre o Estado e a nação eram mediadas pelo rei. É a evolução política do processo da formação dos Estados Nacionais e cada país teve uma forma de absolutismo. O principal exemplo usado para entendermos é a França, mas tanto Portugal, Espanha, Inglaterra, entre outros, também aderiram a esse sistema político, mas cada um com suas características.

 

-          Sociedade Estamental: definição da sua posição social a partir do seu nascimento, dificultando, ou impossibilitando, qualquer tipo de ascensão social. O Rei era divino, nem entrava na pirâmide social; a nobreza era a mais beneficiada, tinha relação privilegiada com o rei e acesso aos privilégios do Estado acumulados de riqueza. O clero vinha em segundo lugar, amparado pela instituição que dominava até então, a Igreja Católica; e o resto, comerciantes, burguesia, artesãos, agricultores, etc, eram o chamado terceiro estado.

 

Com o declínio do domínio senhorial, ou feudal, a formação dos Estados Nacionais, a consolidação das monarquias, centralização da segurança por meio dos exércitos, assim como do sistema fiscal e crescimento das relações comerciais, surgiu um terreno fértil para a Expansão Marítima e o pioneirismo português. Além das características que veremos a seguir, que deram a dianteira para Portugal, não podemos esquecer da crise do século XIV, que dominou Itália, França e Inglaterra. Na história sempre ocorrem esses movimentos de crescimento e revés, que atingem as sociedades ao longo do tempo. No século XIV tivemos crises sociais, com revoltas e conflitos crescentes entre população servil, camponeses, nobres, que somadas à escassez de alimentos e as epidemias, atrasou por muito tempo a busca por novos territórios. A necessidade de ampliação de territórios estava diretamente relacionada ao aumento de acumulação de riquezas, que era a fonte de manutenção da maioria dos Estados Modernos.

Portugal e Espanha serem os primeiros a desbravarem o Atlântico e dominarem a América também ocorreu por vários fatores interligados. A localização geográfica foi fundamental, pois tinham uma posição privilegiada de saída para o Oceano, sem ter que atravessar parte do Mediterrâneo, por exemplo. No caso português, Lisboa, sua principal cidade, era o porto mais movimentado do país, concentrando poder político, econômico e burguês num mesmo local. Além disso, sua extensão territorial era muito menor em relação aos países mais ao norte, fazendo com que os portugueses tivessem que sair do próprio país para conseguirem lucrar, seja com as especiarias vindas da Ásia, seja com colônias na América.  Além da geografia, a centralização política em Portugal ocorreu mais rapidamente, já com a dinastia Borgonha no século XII, muito antes dos outros países. A Revolução de Avis sedimentou essa dominação, fazendo com que tivessem uma sólida base política para que as Grandes Navegações acontecessem. A Escola de Sagres e o desenvolvimento científico também foram fundamentais para o destaque português, que dominaram as cartas náuticas, o conhecimento sobre as correntes marítimas e o uso de instrumentos de navegação como a bússola e o astrolábio.

Junto das Grandes navegações, inicia-se na História ocidental o período da colonização, mas isso é assunto para outro post.