Resumo de historia: Cristianismo e suas origens



Cristianismo e suas origens

Figura 1 - Bom Pastor, Catacumba de Priscila – século III - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c6/Good_shepherd_01_small.jpg

O Cristianismo é uma doutrina baseada nos ensinamentos de Jesus Cristo e surgiu no fim do Império Romano. A queda do Império foi motivada por vários fatores, sendo que o cristianismo foi um dos principais e se sobreviveu como uma das principais forças da época romana durante a Idade Média. É importante ressaltar que analisamos os aspectos históricos da doutrina e não a crença, ou seja, não há juízo de valor e discussão sobre verdades e mentiras. O que é fundamental entendermos é o nascimento de uma das religiões que mais influenciou, e ainda o faz, a sociedade ocidental.

Tudo começa no atual Oriente Médio, mais especificamente na Palestina. Segundo os Evangelhos escritos pelos seus seguidores mais próximos, Jesus nasceu em Belém da Judá, na Galileia. Era a época de domínio de Roma, reinado de Otávio Augusto e a região era dominada pelos judeus. Apesar da religião oficial do Império ser o politeísmo, o controle exercido pelos rabinos no Oriente era bem aceito pelos romanos, ou seja, coexistiam sendo que o poder político era exercido pelo Império. Como o judaísmo não é universalizante, isto é, não mira a conversão total, os romanos faziam vistas grossas. Os judeus são personagens importantes nessa história porque a sua crença reafirma o destaque dado a Jesus. No antigo Testamento, ou na Torá, o livro sagrado dos judeus, está descrito que deveriam esperar a vinda de um Messias descendente do Rei Davi, que salvaria a todos. Quando Jesus nasceu e começou a pregar, muitos judeus acreditaram que era o Messias, mas nem todos. A comunidade judaica tinha seus grupos que seguiam os ensinamentos do livro sagrado de acordo com seus pontos de vista, portanto, para alguns, ele incomodava. Jesus dizia ser filho de Deus, arrebanhou 12 apóstolos, os que se dedicavam a uma ideia ou doutrina, que eram Pedro, Tiago, João, André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, outro Tiago, Tadeu, Simão, o Zelote e Judas e começou a espalhar suas crenças. Sua doutrina ressoou fortemente com os pobres e plebeus do Império, pois pregava a igualdade entre os filhos de Deus, a retidão moral, a caridade, e a vida eterna.

É importante entender que a vida das classes marginalizadas nesse período era muito difícil e as palavras ditas por Jesus os reconfortava, sobretudo na promessa de salvação e vida eterna aos crentes em Deus. Esse tipo de sentimento despertado nos fieis não era bem visto pelo governo nem pela alta hierarquia judia, como dito. O Império Romano caracterizava-se por ser expansionista. Ao conquistar novos territórios algumas premissas eram unificadas para aumentar o controle das províncias e uma delas era a aceitação do poder e da divindade do Imperador. O cristianismo adora a Deus, somente a ele, conflitando com as leis de Roma. Portanto, a perseguição sofrida por Jesus estava relacionada, em boa parte, com os questionamentos imbuídos nos fieis por meio da sua pregação. Jesus foi autuado pelas autoridades romanas e condenado à crucificação, punição mais violenta da época. A cruz se tornou símbolo desde então. A partir desse momento, partimos para a questão da crença. Jesus teria ressuscitado depois de 3 dias, arrebanhando ainda mais fieis após a comprovação do seu status.

O nome “Cristo” significa “ungido” por Deus e foi dado a Jesus em homenagem à sua posição de filho de Deus que o enviou à Terra para recuperar a Sua aliança com os homens, assim, caminhando para acabar com o pecado original. O Cristianismo como doutrina surge a partir dos discípulos, não só os escreveram os Evangelhos, mas também os que mantiveram acessa as palavras aprendidas. A doutrina foi ensinada em todos os cantos do Império e ganhava mais adeptos a cada dia, assim como as perseguições, tanto por judeus quanto pelos romanos. No Novo Testamento, mais especificamente no Ato dos Apóstolos, temos a descrição da transformação de Saulo, perseguidor dos cristãos, a um crente após ouvir a palavra divina e se torna Paulo de Tarso, futuramente, São Paulo. Suas cartas e escritos orientaram os pregadores, considerados os primeiros documentos que definiam a doutrina cristã, davam corpo as palavras de Jesus. O apelo popular do cristianismo foi forte o suficiente para atingir a elite romana, que passou a apoiar os cultos secretos feitos pelos fieis que tentavam fugir das perseguições. O Império não conseguia mais ignorar e em 313, Constantino outorgou o culto cristão, no chamado Édito de Milão. Ao se converter, o imperador passa uma mensagem clara de mudanças importantes na condução do governo. Décadas depois, em 391, Teodósio passava por dificuldades no Império, que estava em vias de se fragmentar.

Várias medidas foram tomadas para evitar ao máximo a queda do governo romano, uma delas foi o Édito da Tessalônica, que alçava o cristianismo como religião oficial do Império. O surgimento da Igreja Cristã foi um dos grandes acontecimentos da Antiguidade e que de estendeu para o medievo. A Igreja foi a única instituição que permaneceu do Império e se fortalecia cada vez mais por meio da organização central. Um pouco antes do fim do Império, em 325, Constantino convocou o que se tornou Primeiro Concilio de Niceia, no qual os primeiros dogmas foram estipulados. Os concílios são reuniões feitas pelo alto clero em que definem os rumos da Igreja. Na História, várias reuniões foram convocadas e analisá-las é uma forma de entender os caminhos escolhidos pela Igreja no contexto em que estavam, como os sacramentos, Eucaristia, o arianismo e heresias no geral. Além disso, foi estipulada a organização política na Igreja, como o Papa, cardeais, bispos etc.  

Foi no início da Idade Média que o poder papal aumentou, mais especificamente no século VI com Gregório I, que ordenou a expansão da conversão cristã para áreas até então dominadas pelos bárbaros. É a partir desse momento em que a cultura cristã passa a se estabelecer na Europa como um todo. A consolidação da Igreja aconteceu junto do seu domínio intelectual, que ocorreu nos monastérios. Lembrem-se que com a queda do Império veio o êxodo urbano e a descentralização de poder, a superioridade intelectual romana também se perdeu. A Igreja se manteve como instituição forte e liderou a sociedade. O seu poder foi se consolidando aos poucos tanto no aspecto macro, com a hierarquização e alto clero, assim como no micro, com a organização social. Apenas no século XI que teve o seu primeiro grande abalo.

 

Estudar as origens do Cristianismo é necessário para entender não só o Império Romano, sobretudo sua parte final, como a história da civilização ocidental, que se baseou muito nos parâmetros dessa crença. Os vestibulares cobram esse conteúdo em paralelo com a decadência dos romanos e, também, a ascensão dessa nova religião que dominou a Europa e parte da Ásia Menor, durante séculos.

1. (Fgv 2016) “Não descreverei catástrofes pessoais de alguns dias infelizes, mas a destruição de toda a humanidade, pois é com horror que meu espírito segue o quadro das ruínas da nossa época. Há vinte e poucos anos que, entre Constantinopla e os Alpes Julianos, o sangue romano vem sendo diariamente vertido. A Cítia, Trácia, Macedônia, Tessália, Dardânia, Dácia, Épiro, Dalmácia, Panônia são devastadas pelos godos, sármatas, quedos, alanos (...); deportam e pilham tudo.

Quantas senhoras, quantas virgens consagradas a Deus, quantos homens livres e nobres ficaram na mão dessas bestas! Os bispos são capturados, os padres assassinados, todo tipo de religioso perseguido; as igrejas são demolidas, os cavalos pastam junto aos antigos altares de Cristo (…).”

(São Jerônimo, Cartas apud Pedro Paulo Abreu Funari, Roma: vida pública e vida privada. 2000)

O excerto, de 396, remete a um contexto da história romana marcado pela

a) combinação da cultura romana com o cristianismo, além da desorganização do Estado Romano, em meio às invasões germânicas e de outros povos.   

b) reorientação radical da economia, porque houve o abandono da relação com os mercados mediterrâneos e o início de contato com o norte da Europa.   

c) expulsão dos povos invasores de origem não germânica, seguida da reintrodução dos organismos representativos da República Romana.   

d) crescente restrição à atuação da Igreja nas regiões fronteiriças do Império, porque o governo romano acusava os cristãos de aliança com os invasores.   

e) retomada do paganismo e o consequente retorno da perseguição aos cristãos, responsabilizados pela grave crise política do Império Romano.   

2. (Puccamp 2004)  TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Preparando seu livro sobre o imperador Adriano, Marguerite Yourcenar encontrou numa carta de Flaubert esta frase: "Quando os deuses tinham deixado de existir e o Cristo ainda não viera, houve um momento único na história, entre Cícero e Marco Aurélio, em que o homem ficou sozinho". Os deuses pagãos nunca deixaram de existir, mesmo com o triunfo cristão, e Roma não era o mundo, mas no breve momento de solidão flagrado por Flaubert o homem ocidental se viu livre da metafísica - e não gostou, claro. Quem quer ficar sozinho num mundo que não domina e mal compreende, sem o apoio e o consolo de uma teologia, qualquer teologia?

(Luiz Fernando Veríssimo. Banquete com os deuses)

O cristianismo, após ter sido durante muito tempo combatido pelo Império Romano, tornou-se sua religião oficial no século IV. O reconhecimento do cristianismo pelo Império Romano corresponde

a) ao Concílio Ecumênico, que aboliu os cultos pagãos e promoveu a expansão do cristianismo.   

b) ao Edito de Milão, que concedeu liberdade de culto aos cristãos e proibiu as perseguições.   

c) a Pax Romana, que pôs fim aos conflitos religiosos e atestou a hegemonia do cristianismo na Europa.   

d) ao Concílio de Trento, que sistematizou e tornou obrigatório o ensino do cristianismo em todo o Império.   

e) ao Triunvirato, que conferiu poder político a bispos e considerou heresia qualquer outra crença religiosa.   

Gabarito:

Questão 1: [A] Como alertado acima, relacione o surgimento do Cristianismo com o Império Romano. Nesta questão, veja as consequências políticos do desenvolvimento dessa nova crença.

Questão 2: [B]

 

Cristianismo: crença monoteísta surgida com a figura de Jesus Cristo. Se desenvolveu na região do Oriente Médio, e foi crescendo pelo Império ao longo de três séculos. Com o Édito de Milão, em 313, os cristãos não poderiam ser mais perseguidos, mudando a estrutura religiosa do Império e, da Europa.