Resumo de historia: Civilizações da Antiguidade Oriental – Hebreus, fenícios e persas



Civilizações da Antiguidade Oriental – Hebreus, fenícios e persas

Figura 1 - Nova totius terrarum orbis tabula Amstelodami - Mapa mundi feito em Amsterdã - 1689 - Gerard van Schagen - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3b/World_Map_1689.JPG

A Antiguidade Oriental é o período em que estudamos o chamado Crescente Fértil, região banhada pelos rios Tigre e Eufrates, além do Egito, banhado pelas águas do Nilo. São civilizações que surgiram cerca de 5000 mil anos atrás, complexas e baseadas na produção agrícola. Aqui falaremos sobre os hebreus, fenícios e persas, povos que se desenvolveram na parte oriental do mar Mediterrâneo e que tiveram muita importância tanto no aspecto religioso, econômico e político.

Figura 2 - Mapa de Canaã - Philip Lea - 1692 - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/eb/A_map_of_Canaan_%288343807206%29.jpg

Hebreus

Os hebreus são originários da região da Mesopotâmia, aos redores de Ur, atual Iraque, há cerca de 2500 anos. Boa parte da história desse povo é conhecida por meio do Antigo Testamento, principalmente nos Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, e por meio dessa fonte documental, sabemos que as diásporas fizeram parte da sua história desde o início. Abraão, o pai dos hebreus, teria recebido um sinal divino se que deveria deslocar-se, junto do seu povo, para a Terra Prometida, em Canaã, atual Palestina.  Uma das grandes características dos hebreus era o monoteísmo, a crença em um só deus, que deu base para o surgimento das três principais religiões conhecidas: judaísmo, cristianismo e islamismo.  

Enquanto viajavam para a Palestina, impunham a sua crença por onde passavam destruindo ídolos. Apesar de se estabelecerem na região, por meio da agricultura e pecuária, o clima árido ajudou a piorar uma crise hídrica e alimentar, que levou a um novo deslocamento, agora para o Egito. Essa passagem é bem conhecida de todos, pois foi no país africano que os hebreus foram escravizados por mais de 400 anos. Moisés é outro personagem importante para entendermos essa população. Criado pela filha do faraó nos palácios para ser príncipe, recebeu uma mensagem divina para que levasse os hebreus de volta à Terra Santa. Na tradição hebraica, o evento é conhecido como a Páscoa, uma das datas mais comemoradas. Moisés também é famoso por ter recebido os Dez Mandamentos que estavam escritos nas Tábuas da Lei, conjunto de regras que ditaram a organização religiosa e moral daquela sociedade. Na Palestina, se distribuíram em 12 tribos, sendo que cada um tinha seu próprio sistema organizacional. Com as invasões estrangeiras, já que naquela região o deslocamento era frequente para encontrarem melhores terras e se expandirem economicamente, as tribos se centralizaram, uma espécie de união entre os da Judá e os de Israel, a partir do comando do rei Saul.

Salomão foi o governante mais conhecido pela prosperidade, transformação de Jerusalém em capital, e grande ascensão comercial pelo Mar Mediterrâneo. Após esse período, com a morte de Salomão, as disputas internas entre as tribos se tornaram insustentáveis e o povo hebreu sofreu diversas invasões, primeiro pelos assírios, depois babilônios, mesopotâmios, persas, macedônicos e romanos. Desde então, não tiveram um local específico para si, vivendo em diásporas pelo mundo. Os judeus só vieram a ter um Estado próprio em 1948, após a Segunda Guerra Mundial.

Figura 3 - Rotas comerciais dos fenícios - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/78/Rutas_comerciales_fenicias-pt.svg

Fenícios

Civilização conhecida pela posição estratégica no litoral do Mediterrâneo, onde hoje é o Líbano e a Síria. Devido à necessidade de se deslocar para sobreviver, desenvolveram avançadas tecnologias de navegação, pioneiros em uma atividade que vai ser altamente utilizada na região por vários povos, impérios e civilizações. Outro diferencial importante dos fenícios foi o desenvolvimento do alfabeto com 22 letras, sistema mais simples de comunicação escrita que facilitou as trocas comerciais e foi a base para o que conhecemos hoje dos alfabetos modernos. Tanto o grego quanto o latim se estruturam a partir dos signos inventados por esse povo. Contudo, não possuíam um sistema político unitários, se organizando no que podemos distinguir como cidades-estados. Dessa forma, cada núcleo tinha um tipo de organização política e econômica, abraçando uma fatia diferente desse desenvolvimento comercial, sobretudo marítimo. Ou seja, algumas se desenvolveram mais do que outras, o que causava certa instabilidade à região. As mais conhecidas pelo seu domínio econômico foram Biblios, no século XXVI a. C. e Sidon, por volta do século XVI a. C, que conseguiram dominar a região do mar Egeu e do mar Negro. Deve-se destacar a dificuldade em fazer uma datação mais precisa sobre essas civilizações devido à falta de documentação, já que muita coisa se perdeu ao longo do tempo, tanto pelas intempéries quanto pelas destruições de motivação política. Apesar do pioneirismo expansionista, sobretudo ao chegarem no norte da África, Cartago, Península Ibérica e Itália entre os séculos XIII e V a. C., logo foram dominados pelos gregos e cartagineses, acabando com vestígios mais contundentes dos fenícios.

Figura 4 - Império Persa - William R. Shepherd - 1923 - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/56/Map_of_the_Achaemenid_Empire.jpg

Persas

O Império Persa é conhecido por ter atingido um dos maiores impérios da Antiguidade. Tem sua origem no planalto iraniano e foi expandindo para oeste até atingir a região do Egito e Oriente Próximo. Para isso, a atuação de imperadores, que governavam de forma centralizada, sobretudo o exército, foi importante para conseguir conquistar e manter por um bom período os territórios. A organização política ocorria em satrápias, províncias que eram comandadas pelos sátrapas, que respondiam ao rei. Dessa forma, este conseguia controlar diretamente suas regiões, mantendo o máximo de liberdade local possível. Essa era uma tática muito inteligente, que se mostrou eficaz, já que ao dar autonomia para as culturas locais, que mesmo assim tinham que aceitar o comando do império como principal, conseguiu preservar o domínio. Porém, isso só era possível a partir do pagamento de impostos, que serviam para sustentar não só a expansão, mas também a segurança de todo o território. O rei que iniciou as conquistas foi Ciro, que chegou à região da Babilônia e à atual Turquia. Quem expandiu ainda mais os domínios persas para a África e à Europa foi Dario I, que também é conhecido por unificar o sistema monetário, facilitando a coleta e cobrança de impostos. É interessante entender que o projeto expansionista não tinha apenas viés econômico e político, também foi motivado pela religião. O zoroastrismo, fundado por Zoroastro, era a crença principal do Império e tinha uma base universalista, ou seja, entendia que deveriam espalhá-la para que todos vivessem a partir do dualismo, ou seja, a eterna disputa entre bem e mal.  Apesar de todo o poder demonstrado pelas conquistas, não conseguiram invadir a Grécia quando esta estava em seu apogeu, no conhecido episódio das Guerras Médicas. Finalmente, foram dominados por Alexandre, o Grande e o Império Macedônico.

Como dito anteriormente, hebreus, persas e fenícios faziam parte da chamada Antiguidade Oriental, junto de babilônicos, assírios, egípcios, entre outros povos. Portanto, vocês devem relacionar a história e a geografia dessas civilizações para entender a construção do pensamento antigo, pois influenciaram diretamente gregos e romanos.

1. (Ufsm 2013)

O mapa acima indica os diversos caminhos do povo hebreu na Antiguidade, destacando a migração de Ur para a Palestina (por volta de 1900 a.C.), a ida ao Egito (1700 a.C.), o Êxodo (1200 a.C.), a deportação para a Babilônia e o regresso à Palestina (século VI a.C.). A partir desses dados, pode-se inferir:

a) O povo hebreu realizou trocas comerciais e culturais com o Egito e a Mesopotâmia, e essas trocas influíram na sua formação cultural e religiosa.   

b) Como se percebiam como “povo eleito por Deus”, os hebreus recusavam qualquer influência das culturas e das religiões dos povos do Oriente Médio.   

c) A força política e militar dos hebreus se impôs sobre os reinos do Oriente Médio, originando uma cultura e religião dominantes na região.   

d) As migrações dos povos da Antiguidade eram raras, devido às péssimas condições das estradas e à precariedade dos meios de transporte.   

e) As migrações de povos tornaram-se possíveis com as facilidades criadas pelas sociedades estatais no Egito e Mesopotâmia.   

 

2. (Pucsp 2017) “Após chegarem, descarregam as mercadorias, dispondo-as em ordem na praia, e depois voltam às suas embarcações e fazem sinais de fumaça. Os nativos veem a fumaça e, aproximando-se do mar, colocam ao lado das mercadorias o ouro que oferecem em troca, retirando-se a seguir. Os fenícios retornam e examinam o que os nativos deixaram. Se julgarem que a quantidade do ouro corresponde ao valor das mercadorias, tomam-no e partem, do contrário regressam aos navios e aguardam.”

Heródoto. História. Brasília: UnB, 1988, p. 274. Adaptado.

A partir do texto de Heródoto (século V a.C.) e de seus conhecimentos, é correto afirmar que a atividade dos fenícios

a) dependia do aparato militar que acompanhava os comerciantes e impedia a realização de saques e ataques de piratas.   

b) consistia prioritariamente no comércio, realizado através dos mares e, especialmente, na região mediterrânica.   

c) permitiu o desenvolvimento de poderosa indústria náutica, depois utilizada para derrotar os romanos nas Guerras Púnicas.   

d) contribuiu decisivamente para a vitória de Esparta na Guerra do Peloponeso, ao garantir o abastecimento da cidade grega.

 

Gabarito:

Questão 1: [A] – você deve observar o texto e relacionar seus conhecimentos não só sobre o povo hebreu, mas também sobre como as sociedades se desenvolvem no geral.

Questão 2: [B] – observe o texto e veja os parâmetros mais importantes sobre o povo fenício.

 

Civilizações Orientais: Hebreus: êxodo, diásporas, criação de Israel em 1948; Fenícios: posição estratégica no Mar Mediterrâneo, desenvolvimento comercial, alfabeto fonético; Persas: expansão territorial e imperial, crescimento com Ciro e Dario I, participaram das Guerras Médicas contra os gregos.