Resumo de historia: Absolutismo na França



Absolutismo na França

Figura 1 - Grande Brasão Real do Reino da França

O Absolutismo francês definiu as premissas pelas quais caracterizamos esse sistema político europeu. Centralização política nas mãos do rei, direito divino dos reis, sociedade estamental ganharam força no país que desenvolveu sua monarquia nacional desde a Idade Média. Contudo, após a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), o governo se fortaleceu e foi iniciado o período absolutista.

Francisco I (1494-1547) e Henrique II (1519-1559) se aliaram ainda mais aos senhores feudais regionais, que se fiavam nas propostas da coroa. Essa relação foi vista com bons olhos pela nobreza, que teve seus privilégios garantidos, e pelos representantes que eram consultados pelo governo central. Foi um período de transição para o domínio total da política por parte da monarquia. Porém, nessa mesma época a questão religiosa se tornou um problema.

No século XVI, houve a Reforma Religiosa

que significou um grande abalo para a Igreja de Roma. Protestantes passaram a questionar as atitudes católicas, sobretudo institucionais, e em muitos locais isso levou a um conflito direto. No caso da França, a monarquia, que era abertamente católica, foi confrontada por membros da nobreza e da burguesia nascente que aderiram aos reformistas, sobretudo calvinistas. João Calvino (1509-1564) pregava uma religião conectada ao mérito trazido pelo trabalho, o que arrebatou diversas pessoas pela Europa.

O confronto na França se tornou violento a partir de 1562. Apesar da conotação política, os motivos religiosos eram os primeiros a causarem animosidade na população. O Massacre de Vassy, em 1562, foi o primeiro das Guerras Religiosas que o país viveu no final do século XVI. Esse início ocorreu, particularmente, após uma altercação entre católicos, que buscavam assistir à missa do dia na cidade homônima, e os huguenotes – como eram chamados os protestantes franceses – que celebravam um culto perto da igreja. Mais de 100 pessoas ficaram feridas, além de cerca de 60 huguenotes mortos.

Figura 2 - O Massacre de São Bartolomeu - François Dubois  - c. 1572-1584 - Musée cantonal des Beaux-Arts - François Dubois [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:La_masacre_de_San_Bartolom%C3%A9,_por_Fran%C3%A7ois_Dubois.jpg">via Wikimedia Commons</a>

A partir desse momento, uma série de conflitos estouraram por todo o país. O mais conhecido aconteceu no ano de 1572, em Paris, a Noite de São Bartolomeu ou o Massacre de São Bartolomeu. Alguns anos antes, em 1570, Catarina de Médici (1519-1589), regente de seu filho Carlos IX (1550-1574) publicou o Édito de Saint-Germain que liberava o culto para os huguenotes em alguns locais específicos e, também, os autorizava a possuírem algumas grandes propriedades.

O crescimento dos protestantes preocupava o alto clero e a própria Catarina, que via o rei cada vez mais conectado a Henrique de Navarra e Bourbon (1553-1610), líder dos huguenotes. Em 18 de agosto de 1572, a princesa Margarida de Valois (1553-1615), irmã do rei, se casou com Henrique, o que simbolizaria o fim dos conflitos entre os dois grupos religiosos. No dia 22 de agosto, o almirante francês Gaspard de Coligny (1519-1572), também membro huguenote, sofreu um atentado organizado pelo governo. Apesar de ter escapado de início, morreu dois dias depois, mesmo momento em que o massacre começou. Paris era uma cidade notoriamente católica, mas os huguenotes procuravam justiça não só pelo atentado, mas também pela perseguição que viviam. No final, os números oficiais variam, mas milhares de pessoas morreram e a estabilidade do país estava por um fio.

Figura 3 - Henrique IV - Frans Pourbus, o Jovem - 1610 - Museu do Louvre - Frans Pourbus the Younger [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Frans_Pourbus_(II)_-_Henry_IV,_King_of_France_in_Black_Dress_-_WGA18234.jpg">via Wikimedia Commons</a>

Na questão política, sobretudo em relação à centralização política na figura do rei, os problemas religiosos eram consideráveis e explodiram em uma nova disputa dinástica. Em 1574, Henrique III (1551-1589), irmão de Carlos IX, assumiu o trono. Enfrentou a pressão tanto do Duque de Guise (1550-1588), fundador da Santa Liga católica, quanto de Henrique de Navarra e Bourbon, seu cunhado. Com a morte do rei em 1589, o huguenote era o mais próximo na sucessão ao trono ao mesmo tempo em que era questionado pela cúpula do governo, majoritariamente católica. Para resolver a situação, ele se converteu, abrindo mão da sua crença, e se tornou Henrique IV, o primeiro da Dinastia Bourbon. Em 1598, o rei assinou o Édito de Nantes, proibindo a perseguição aos protestantes e instituiu a liberdade religiosa, mesmo que o Estado permanecesse católico. É a partir desse momento que o Absolutismo ganha outras dimensões na França.

O fim das Guerras Religiosas e políticas significou a pacificação do reino, ansiada por todos os setores. Paris se tornou a cidade sede do governo, a agricultura se recuperou e os incentivos para o comércio cresciam, solidificando a posição da monarquia perante seus súditos.

Figura 4 - Luís XIII coroado pela Vitória - Philippe de Champagne - 1610 - Museu do Louvre - Philippe de Champaigne [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Philippe_de_Champaigne_-_Louis_XIII_Crowned_by_Victory_(Siege_of_La_Rochelle,_1628)_-_WGA4712.jpg">via Wikimedia Commons</a>

Em 1610, quem assumiu o trono foi Luís XIII (1601-1643), que era menor de idade, o que exigia um governo regencial que, inicialmente, foi conduzido por sua mãe Maria de Médicis (1575-1642). Ela nomeou o Cardeal Richelieu (1585-1642) como governante oficial, e foi nessa época que os poderes administrativos e militar foram centralizados nas mãos do rei. A criação dos intendants os intendentes – da Polícia, Justiça e das Finanças, foi uma nova forma de controlar todo o aparelhamento burocrático do Estado, pois enviaram esses emissários para as províncias.

Com a Guerra dos 30 anos (1618-1648), a França demonstrou seu poder militar ao derrotar o exército espanhol e mudar os rumos do conflito. Saiu ainda mais fortalecida politicamente, porém a situação do 3º estado permanecia a mesma. Era a população no geral que custeava o erário público, o que significava o sustento do rei e de todas as medidas governamentais.

Figura 5 - Luís XIV - Hyacinthe Rigaud - 1702 - Museu do Louvre  - Hyacinthe Rigaud [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hyacinthe_Rigaud_-_Louis_XIV,_roi_de_France_(1638-1715)_-_Google_Art_Project.jpg">via Wikimedia Commons</a>

Em 1643, Luís XIV (1638-1715) se tornou o monarca e definiu um tratado de paz com a Espanha, finalizando quaisquer minúcias da guerra. A partir de 1660, com a morte do principal ministro, o italiano Cardeal Mazarin (1602-1661), o Rei-Sol iniciou o período que ficou conhecido como o apogeu do Absolutismo francês. Ele auxiliou na centralização definitiva de toda a máquina estatal, controlava os impostos, os cargos políticos, o Exército, que se tornaram modelos para os outros países europeus.

Essa política de Estado, ao longo dos anos, se mostrou ineficaz e cara para os cofres públicos. A insatisfação cresceu no século XVIII, e a monarquia ficou cada vez mais vulnerável.

O Absolutismo francês foi o maior exemplo desse sistema político pois aliou tanto a centralização política quanto a divinização dos reis. Os vestibulares cobram com frequências as características do Absolutismo e saber dos detalhes franceses é fundamental.

1. (Ufjf-pism 1 2017) Leia o texto a seguir e observe com atenção a imagem da pintura a óleo de um rei francês em um campo de batalha. Os dois estão relacionados ao período dos Estados Absolutistas Modernos:

“Como é importante que o público seja governado por um só, também importa que quem cumpre essa função esteja de tal forma elevado acima dos outros que ninguém se possa confundir ou se comparar com ele; não se pode retirar do seu chefe a mínima marca da superioridade que o distingue...”.

RIBEIRO, R. J. A ética no Antigo Regime. São Paulo: Moderna, 1999. p. 54.

Sobre os Estados Absolutistas, assinale a alternativa CORRETA:

a) a formação de exércitos permanentes, profissionais e centralizados era o objetivo militar de Estados Absolutistas que pretendiam defender suas fronteiras estabelecidas.   

b) os exemplos mais característicos de Estados Absolutistas, nos quais o poder do monarca era concentrado efetivamente na Europa, eram a Itália e a Alemanha.   

c) a política econômica dos Estados Absolutistas combatia as propostas que defendiam a unificação de impostos, moedas, pesos e medidas em todo seu território.   

d) diferentes representações artísticas traziam a imagem idealizada de monarcas dos Estados Absolutistas, caracterizando-os como indivíduos semelhantes aos seus súditos.   

e) a justificativa do poder exercido pela nobreza nos Estados Absolutistas buscava se afastar do princípio da origem divina que lhe conferiria um caráter ilimitado.   

2. (Ufu 2016) A tranquilidade dos súditos só se encontra na obediência. [...] Sempre é menos ruim para o público suportar do que controlar incluso o mau governo dos reis, do qual Deus é único juiz. Aquilo que os reis parecem fazer contra a lei comum funda-se, geralmente, na razão de Estado, que é a primeira das leis, por consentimento de todo mundo, mas que é, no entanto, a mais desconhecida e a mais obscura para todos aqueles que não governam.

LUÍS XIV, Rei da França. Memorias. (Versão espanhola de Aurelio Garzón del Camino). México: Fondo de Cultura Económica, 1989. p. 28-37 (Adaptado).

As palavras do rei Luís XIV exemplificam um complexo e longo processo sociopolítico, identificado com o que comumente chamamos de Idade Moderna e que podia ser caracterizado.

a) por um crescente deslocamento do poder político da burguesia, que passou a ver a ascensão da nobreza feudal, cada vez mais próxima do poder e ocupando importantes cargos políticos.   

b) pela centralização administrativa sobre os particularismos locais e pela crescente unificação territorial, ainda que os senhores de terra não perdessem inteiramente seus privilégios.   

c) pelo fortalecimento do poder político da Igreja Católica, resultado de um processo de crescente mercantilização de suas terras e de sua consequente adequação ao mercado.   

d) pelo processo de cercamento dos campos, com o consequente fortalecimento da nobreza feudal, a qual, com os altos impostos que pagava, contribuiu decisivamente para o fortalecimento do poder real.   

Gabarito: 

Questão 1 - [A] – O surgimento do Absolutismo se dá como fim da Idade Média e formação dos Estados Nacionais. Nesta questão você deve saber as características desse sistema, como a centralização política, unificação do comércio, benefícios à burguesia por meio do Estado, poder nas mãos do rei e direito divino.

Questão 2 - [B] – Na França, o rei Luís XIV simbolizou o auge do Absolutismo no país.

 

Absolutismo Francês

- Século XVI – Reforma Religiosa

- Guerras Religiosas – católicos X calvinistas

- Massacre de São Bartolomeu

- Dinastia Bourbon

- Guerra dos 30 anos – 1618-1648

- Luís XIV – “rei sol” – auge do Absolutismo