Resumo de historia: Idade Média - Francos, Dinastia Merovíngia e Dinastia Carolíngia



Idade Média - Francos, Dinastia Merovíngia e Dinastia Carolíngia

Figura 1 - Mapa da ascensão dos francos - Sémhur ·✉·✍· <"https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0">CC BY-SA 3.0, <"https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Frankish_Empire_481_to_814-pt.svg"> via Wikimedia Commons

A Alta Idade Média europeia foi um longo período da história europeia permeado pela tradição oral e que teve início com as invasões germânicas em 476 nos territórios do Império Romano. Um dos principais povos eram os Francos e, a partir deles, surgiram as Dinastias Merovíngias e Carolíngias.

Dentre todos os povos tidos como “bárbaros” os francos viviam na antiga Toxandria, região entre a França e a Alemanha. É importante apontar que não havia consenso entre os francos, ou seja, o seu processo de expansão não acontecia sem causar conflito entre eles mesmos. Isso não era privilégio deles, ocorria com todos os germânicos, principalmente desde o século I quando passaram a viver em deslocamento constante. Alianças eram formadas para conseguirem dominar mais territórios e os francos se destacaram por terem uma característica acentuada: a capacidade de centralizar o poder na figura de um líder e/ou chefe militar que conseguia reunir e organizar um grupo de pessoas.

Figura 2 - Os hunos na luta contra os alanos - Johann Nepomuk Geiger – c. 1873 - Peter Johann Nepomuk Geiger [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hunnen.jpg">via Wikimedia Commons</a>

No século V, além das batalhas constantes entre os romanos e os reinos germânicos, a Europa ocidental viveu a pressão da expansão dos hunos pela parte oriental do continente. Francos e romanos viviam um período de paz, enquanto visigodos, godos, burgúndios, entre outros, começaram a se afastar para o oeste, causando problemas constantes. Visando sobreviver a essa situação, os líderes francos e de Roma fecharam um acordo que era benéfico para ambos se protegerem de eventuais conflitos. Esse era um tipo de colonato, relação de troca entre o Império, que dava segurança, e os francos, que ocupavam o território e, dessa forma, também ajudava na proteção. Contudo, esse gesto não foi suficiente para garantir a manutenção do Império Romano do Ocidente.

Figura 3 - Mapa dos Reinos Merovíngios - ​English wiki user Rudric [CC BY-SA 3.0 (http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/)]

Com os conflitos internos entre os francos, emergiu com destaque Meroveu (c.411 – c.458), líder carismático que se fortaleceu por vencer os hunos em algumas batalhas. Porém, quem conseguiu centralizar o povo foi seu neto, Clóvis, que deu início à Dinastia Merovíngia em 481. Uma das medidas para conseguir o feito foi absorver as características e costumes da população local, o que garantiu a longevidade da estrutura política. Clóvis decidiu se converter ao Cristianismo, ganhando a confiança de todos e conseguiu unificar, de fato, a região após vencer seus opositores francos. Com a queda do Império Romano, as instituições surgidas nele perderam relevância. Contudo, uma delas manteve sua posição e se fortaleceu, que foi a Igreja Católica. Ao se tornar cristão, Clóvis consolidou sua posição na Gália e deu início à Dinastia nomeada em homenagem ao avô. Seu reinado ocorreu entre 481 e 511 e, mesmo com a unificação, uma das características foi obedecer ao comitatusrelação entre o rei e a nobreza.

O território foi dividido em condados administrados pelos nobres, que formaram a Major Domus, instituição que, na prática, ditava os caminhos da monarquia. Assim, o rei não possuía poder irrestrito, porque respondia a outras instituições administrativas, obtendo o título de chefe militar que não tinha tanto peso político. Ficaram conhecidos, então, como “Reis Indolentes”, que não chegavam a ser “decorativos” como em uma Monarquia Constitucional, mas também não era absoluto, como na Idade Moderna. Dessa forma, temos a formação de uma dualidade de poder: de um lado o rei e do outro os nobres com a Major Domus.

Figura 4 - Batalha de Poitier - Charles de Steuben – 1837 - Charles de Steuben [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Steuben_-_Bataille_de_Poitiers.png">via Wikimedia Commons</a>

Em 679, essa rusga ficou ainda mais profunda quando Pepino de Heristal (635-714), líder da Major Domus na sua época, se autoproclamou beneficiário do seu cargo, o tornando vitalício, suspendendo qualquer relevância real. Os reis não conseguiam contra-atacar pela falta de apoio político. Em 732, por exemplo, ocorreu a famosa Batalha de Poitier, na qual Carlos Martel (c.690-741), filho de Heristal e herdeiro da Major Domus, liderou os exércitos contra os árabes. Sua vitória foi fundamental para conter a expansão dos árabes para o Norte da Europa, que já dominavam a Península Ibérica, de onde saíram em 1492. Carlos Martel fortaleceu ainda mais o poder da instituição que encabeçava, auxiliando na queda de relevância dos reis. A Igreja Católica passou a apoiá-lo, pois conseguiu deter o avanço dos muçulmanos. O poder dual permaneceu por pouco tempo, já que a situação se mostrava insustentável. Pepino, o Breve (714-768), filho de Martel, alegou ser o verdadeiro rei da França, pois tinha sangue real. Contando com o suporte dos nobres e do clero, ele depôs Childerico III em 751, o último rei merovíngio. Foi o início da Dinastia Carolíngia e do processo de feudalização do país.

Como rei carolíngio, Pepino, o Breve retomou uma estreita aliança com a Igreja por meio de doação de propriedades – benefício – aos nobres e senhores. Por meio dessa medida, consolidava-se a relação feudal de condição de usa da terra mediante a prestação de serviços. A Igreja permitia a atribuição de parte das suas terras aos beneficiários, que garantiriam serviço militar por meio dos cavaleiros, e o seu uso para agricultura e pecuária. Assim, a instituição católica receberia 10% dos impostos pagos pelos novos senhores da terra, que por sua vez construíam a prática da servidão com os camponeses. A relação com a Igreja não parou por aí. A Península Itálica havia sido dominada pelos lombardos, inclusive Roma. Pepino liderou as tropas que expulsaram os germânicos. O chamado Patrimônio de São Pedro surgiu da “devolução” dessas terras ao clero.

O grande chefe da Dinastia Carolíngia foi Carlos Magno (742-814) que governou de 768 a 814 e transformou sua monarca em Império Carolíngio. A expansão territorial foi importante para subjugar outros povos, como os saxões na Germânia, por exemplo, aumentando a área de domínio. Junto disso, Carlos Magno propagava a fé cristã, ampliando a influência da Igreja em toda a Europa.

A organização política tinha traços merovíngios, como a criação dos condados, que eram administrados pelos condes, tanto na parte legislativa quanto judiciária. Além deles, existiam os marqueses, que cuidavam das marcas, áreas administrativas próximas às fronteiras. Para que não ocorresse como na dinastia anterior, em que os nobres usurparam o poder do rei, foram instaurados os fiscais do império – missi dominicique vigiavam e controlavam todas as instituições e reportavam ao rei. Mesmo assim, a descentralização ainda era um dos principais problemas dos reis francos.

No governo de Carlos Magno, o reinado se manteve unido e se desenvolvendo em várias áreas, inclusive no âmbito cultural, com a época do Renascimento Carolíngio. Podemos observar essa característica com o avanço econômico, que saiu da monopolização da agrícola e deu espaço para a volta do comércio. Este ocorria nos principais centros urbanos e a agricultura se mantinha majoritária, mas é interessante para pontuar a desconstrução do olhar sobre a Idade Média como retrógrada. O ressurgimento das rotas comerciais foi importante, também, nas Cruzadas. Porém, após sua morte, em 814, e de seu filho, Luís, o Pio, em 840, as brigas sucessórias se tornaram frequentes.

Figura 5 - Mapa da divisão territorial do Tratado de Verdun - Trasamundo (talk · contribs) [CC BY 3.0 (https://creativecommons.org/licenses/by/3.0)]

Carlos, o Calvo, Luís, o Germânico e Lotário mantiveram a disputa até 843 com a assinatura do Tratado de Verdun. Com este, o território era dividido em três:

- Carlos ficou com a região da França;

- Luís ficou com a região da Alemanha;

- Lotário ficou com a faixa intermediária entre os irmãos, do Mar do Norte até a Península Itálica.

A partir daí, começa o enfraquecimento do Império, que passou a sofrer pressão dos senhores de terras, dando início ao período mais fortalecido do Feudalismo. Na região ocidental, que pertenceu a Carlos e Lotário, em 987 começou a Dinastia Capetíngia com Hugo Capeta, encaminhando para a criação da França como país que conhecemos hoje.

 

Aprender sobre os reinos franceses nos auxilia a entender a Idade Média europeia. Os vestibulares cobram de forma mais geral, por isso é importante se ater às datas e feitos em cada período.

1. (Pucrs 2014)  A ordem feudal europeia origina-se de um lento e diferenciado processo de integração, nos séculos V a IX, entre as estruturas sociais, políticas e culturais oriundas da tradição romana e dos povos ditos germânicos. Em algumas regiões, como a parte _________ do continente, predominou a herança romana; em outras, como na área ________, esta herança esteve praticamente ausente no período; já na zona compreendida pelo reino dos _________, verificou-se uma síntese mais equilibrada de influências históricas.

a) setentrional balcânica        Lombardos   

b) meridional   escandinava   Francos   

c) setentrional escandinava   Lombardos   

d) setentrional escandinava   Francos   

e) meridional   balcânica        Francos   

2. (Uepb 2013) Analise as proposições a seguir:

I. As transformações ocorridas durante a primeira parte da Alta Idade Média foram fundamentais para a integração de diferentes povos e culturas e responsáveis por mudanças significativas, como o fim da estrutura política centralizada e o fortalecimento institucional da Igreja Católica.

II. Uma das preocupações de Carlos Magno, imperador carolíngio, foi a elevação do nível educacional do clero e o aumento da alfabetização entre os religiosos e servidores que compunham a estrutura administrativa do Império.

III. As relações entre o suserano e o vassalo eram marcadas por noções como fidelidade, obediência e reciprocidade, isto é, relações de dependência.
Está(ão) correta(s) a(s) proposição(ões): 

a) I, II e III    

b) Apenas l e II    

c) Apenas II e III    

d) Apenas I e III    

e) Apenas I   

Gabarito: 

Questão 1 - [B] – aqui deve-se relacionar os conteúdos sobre o fim do Império Romano e Idade Média, e relacionar as influências entre os povos.

 Questão 2 - [A] – Como o fim do Império Carolíngio auxiliou na descentralização política dos países europeus, e os senhores feudais ganharam força. Além disso, vejam as características dessa dinastia.

 

Reino Franco

- Invasão da Gália

- Clóvis I – principal nome – se converteu ao Cristianismo

- Unificação do reino

Início da Dinastia Merovíngia

- Reis Indolentes

- Fragmentação política

- Major Domus

- Pepino, o Breve – depõe o rei

Início da Dinastia Carolíngia

- Carlos Magno – Império Carolíngio

- Expansão Territorial

- Aliança com a nobreza – distribuição de terras

- Renascimento Carolíngio

- Tratado de Verdun – 843 – divisão do Império

- Fragmentação de poder