Resumo de historia: República Oligárquica – Rodrigues Alves (1902-1906) e Afonso Pena (1906-1909)



República Oligárquica – Rodrigues Alves (1902-1906) e Afonso Pena (1906-1909)

Figura 1 - Caricatura de Oswaldo Cruz limpando o Morro da Favela – 8 de Junho de 1907 - O Malho, nº 247 - O Malho, nº 247, 08/06/1907 [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Oswaldo_Cruz_passa_o_pente_fino_da_%E2%80%9CDelegacia_da_Hygiene%22_no_Morro_da_Favela.jpg">via Wikimedia Commons</a>

Como vimos em República Oligárquica – Prudente de Moraes (1894-1898) e Campos Salles (1898-1902), esse foi um período da história brasileira em que civis passaram a dominar a política nacional. Aqui, abordaremos os governos de Rodrigues Alves (1848-1919) e de Afonso Pena (1847-1909), e os principais acontecimentos do país, como o ciclo da borracha, a Revolta da Vacina, em 1904, e o boom nos investimentos do café.

Rodrigues Alves foi governador de São Paulo entre 1887 e 1902, e logo candidato a presidência. Sob seu mandato que várias medidas econômicas e políticas de grande impacto ganharam forma. Uma das mais conhecidas foi a Revolta da Vacina, ocorrida no Rio de Janeiro, que teve vários significados. Desde o Segundo Reinado e o início ao incentivo industrial, que a população urbana aumentou de maneira notória. Com o fim da escravidão, vários negros saíram das lavouras, que receberam os imigrantes, por exemplo, e se deslocaram para as cidades. As condições de vida não eram ideais, sobretudo com a falta de infraestrutura. Foi nesse momento em que houve a proliferação dos cortiços e, junto deles, diversas doenças. A higienização dos centros urbanos foi uma prática adotada em Paris e Londres no século XIX, locais em que foram afetados diretamente pela industrialização.

Figura 2 - Retrato do Conselheiro Rodrigues Alves - 1913 - Carlo De Servi - Museu Paulista - SP - Carlo De Servi [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Servi,_Carlo_de_-_Retrato_do_Conselheiro_Rodrigues_Alves_(cropped).jpg">via Wikimed

No caso da capital francesa, as Revoluções de 1830 e 1848 despertaram a atenção dos governantes devido às barricadas que fecharam a cidade. Como Paris possuía uma estrutura ainda medieval, era repleta de ruas e ruelas facilmente bloqueadas. A partir da década de 1870, o Barão de Haussmann organizou e liderou as reformas que demoliram partes inteiras da cidade para abertura de suas atuais largas avenidas. Outro ponto foi o da saúde pública, que foi utilizado para justificar a política higienista.

Figura 3 - Oswaldo Cruz - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/31/Oswcruz.jpg

No caso do Brasil, a prática da vacinação foi estudada e defendida pelo médico Oswaldo Cruz (1872-1917), que pesquisava sobre doenças tropicais. Em 1903, para conter os problemas cariocas, Cruz se tornou Diretor-Geral da Saúde Pública. Um ano depois, impôs a vacinação obrigatória para varíola e conduziu o projeto para tentativa de erradicar a febre amarela. A prefeitura do Rio de Janeiro, encabeçada pelo prefeito Francisco Pereira Passos (1836-1913), iniciou o processo de reforma da cidade, baseada na que foi feita em Paris. A questão é que agentes públicos tinham liberdade de adentrar e revistar as casas das pessoas, verificando pontos de pragas como ratos, moscas, insetos etc. E é nesse momento que começou o descontentamento. A ação dos fiscais não era pacífica e a população não aceitou a invasão de imediato. Junte a isso a oposição utilizar essa situação para instigá-los contra o governo. Tudo começou no Centro de Classes Operárias e os líderes como João Capoeira, Pata Preta eram do povo. Porém, a reação do governo foi imediata e muito maior, reprimindo fortemente a população que se manteve insatisfeita. Isto não se dava apenas por causa da vacinação, mas foi muito incitada pela grande desigualdade vivida. O desemprego e a inflação, oriundas das políticas financeiras de Campos Salles atingiram em cheio o povo, que passou a demonstrar sua insatisfação. Assim, vemos que havia o protagonismo popular que destacava o que não aceitavam no governo, desmentindo visões mais condescendentes em relação aos movimentos populares.

Já o ciclo da borracha foi uma medida econômica aplicada na Amazônia após o crescimento do uso do látex, matéria-prima da borracha, com a Revolução Industrial. A migração interna ao Norte, sobretudo de nordestinos, fez com que novos tratados de fronteira e de posses fossem realizados. Um deles foi o Tratado de Petrópolis, de 17 de novembro de 1903, assinado entre Brasil e Bolívia, que cedeu a região do Acre aos vizinhos pois a região já tinha muitos brasileiros que buscavam os seringais, mas não foi pacífico. A população local se organizou contra os bolivianos, e o conflito escalou para o nível nacional, com intervenção direta dos governos de ambos países. Após combates diretos e da ocupação da região à mando de Rodrigues Alves, a situação ficou insustentável. O Congresso decidiu, portanto, que um acordo seria muito mais vantajoso para todos, o qual foi conduzido por José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão de Rio Branco (1845-1912), notória figura da diplomacia brasileira.

A extração do látex se tornou uma grande atividade econômica para o país, mas seu alto lucro foi efêmero, devido à concorrência tanto da produção asiática quanto pela entrada dos Estados Unidos no ramo. Os americanos passaram a aliciar, e conseguiram, o controle de grandes empresas bolivianas, o que desgastou a situação brasileira.

Figura 4 - Afonso Pena - 1906 - Governo do Brasil [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Afonso_Pena.jpg">via Wikimedia Commons</a>

O governo de Afonso Pena, por sua vez, ficou conhecido pelo investimento e destaque dado ao café. Houve a criação do Convênio de Taubaté, em 1906, que foi a intervenção direta do governo para garantir a viabilidade do comércio do grão. No início do século XIX, a desvalorização da saca de café era uma realidade, muito por causa da superprodução. As medidas de subsídio estatal, para que os preços se mantivessem competitivos, aliadas aos empréstimos externos, trouxeram benesses imediatas aos agricultores. Contudo, a longo prazo os problemas se acumularam. Não se esqueçam dos resquícios da política de Campos Salles de adiar o pagamento dos juros e da dívida externa do país. Acima disso, Pena outorgou o pedido de mais dinheiro para financiar os projetos do governo, o que agravaria a situação econômica do país. O presidente, além do café, decidiu dar andamento em obras de infraestrutura, o que ajudava na construção de novos empregos, e investimentos na saúde pública, que ainda era um problema constante. Apesar dessas tentativas, não havia circulação de dinheiro, o mercado consumidor ainda era pequeno e quem sofria diretamente os ecos dessas políticas financeiras era a população.

 

O processo de higienização feito no governo de Rodrigues Alves foi tão impactante que serviu de inspiração e plano de fundo para algumas obras literárias. Portanto, saber dos detalhes desse evento é importante para a multidisciplinaridade e, também, na interpretação de textos. Geralmente, esse conteúdo vem junto de uma charge do período, então prestem atenção ao ligarem a imagem ao texto.

1. (G1 - ifba 2017)

A imagem acima representa uma das Revoltas da história do Brasil, início do século XX: a Revolta da Vacina. Ocorrida no Rio de Janeiro, esse movimento demonstra os problemas mais recorrentes do Brasil nesse período, dentre os quais podemos destacar:

a) As reformas urbanas promovidas na época, que desalojaram centenas de moradores dos cortiços.   

b) Diversas revoltas populares contrárias à manutenção da escravidão no início da República.   

c) As medidas impopulares do governo da época, Deodoro da Fonseca, que estabelecia a continuidade do voto censitário.   

d) A insatisfação popular contra o Regime Republicano e a centralização do Poder Moderador.   

e) O fim da vacinação obrigatória, representada na imagem, e o controle, já efetivo nesse período, de doenças como a varíola.  

 

2. (Uerj 2017) 

A capital da Repuìblica naÞo pode continuar a ser apontada como sede de vida difiìcil, quando tem fartos elementos para constituir o mais notaìvel centro de atraçaÞo de braços, de atividade e de capitais nesta parte do mundo.

RODRIGUES ALVES, presidente da República, 1902-1906.

Adaptado de FIDÉLIS, C.; FALLEIROS, I. (Org.). Na corda bamba de sombrinha: a sauìde no fio da histoìria. Rio de Janeiro: Fiocruz/COC; Fiocruz/EPSJV, 2010.

No início do século XX, enquanto a charge ironizava um dos graves problemas que afetava a população da cidade do Rio de Janeiro, o pronunciamento do então presidente Rodrigues Alves enfatizava a preocupação com o que poderia comprometer o desenvolvimento da capital da República.

Naquele contexto, uma ação governamental para promover tal desenvolvimento e um resultado obtido, foram, respectivamente:

a) reforma urbana – qualificação da mão de obra   

b) combate à insalubridade – incremento da imigração   

c) ampliação da rede hospitalar – controle da natalidade   

d) expansão do saneamento básico – erradicação da pobreza   

Gabarito: 

Questão 3 - [A] – A Revolta da Vacina foi a política pública do governo de Rodrigues Alves e do prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos. Assim, eliminaram vários cortiços e deixaram muitas pessoas desabrigadas. Foi o início da ocupação dos morros e da proliferação de doenças tropicais.

Questão 4 - [B] – A cidade do Rio de Janeiro, que é citada no texto, era capital do país e vivia várias questões relacionadas à insalubridade e proliferação de doenças.

 

República Oligárquica

- Rodrigues Alves (1902-1906)

Governador de São Paulo entre 1887 e 1902

Revolta da Vacina - saúde pública - Oswaldo Cruz (1872-1917)

Ciclo da borracha – Amazônia - Revolução Industrial

Tratado de Petrópolis – 1903 - Barão de Rio Branco (1845-1912)

- Afonso Pena (1906-1909)

Investimento no café

Convênio de Taubaté - 1906

intervenção direta do governo para garantir a viabilidade do comércio do grão