Renascimento
Figura 1 - Imprensa de Gutenberg - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ae/Presse_a_bras_en_bois_de_Gutemberg.jpg
O Renascimento simbolizou um novo momento na história da humanidade, marcando o fim da Idade Média, e início da Idade Moderna. Junto do Absolutismo e do Mercantilismo, o período foi considerado a quebra definitiva com a estrutura medieval. Contudo, veremos como essa interpretação já foi repensada. Os ideais da Antiguidade Clássica foram reinterpretados e influenciaram os novos pensadores. Humanismo, classicismo, racionalismo e antropocentrismo são marcos desse momento.
O nome Renascimento surgiu com os próprios homens modernos ao tentarem criar uma diferenciação daquele momento em relação à Idade Média, a classificando como Idade das Trevas de forma pejorativa. Essa ruptura com o período anterior sinalizar a intenção de se distanciarem do pensamento difundido no medievo. O Teocentrismo cristão, encabeçado pela Igreja Católica, foi fortemente rebatido. Lembre-se que, em 1517, houve a Reforma Protestante, que dividiu mais uma vez, o mundo cristão. Porém, essa ideia de quebra estrutural não ocorreu, de fato. As bases do Renascimento científico e cultural existiam desde a Baixa Idade Média. Outra coisa que se pressupõe com isso é que as mudanças foram rápidas e drásticas. Na realidade, tudo ocorreu de forma lenta e paulatina, sendo que as transformações culturais não atingiram em cheio a todos. As classes mais baixas, como os camponeses, não sentiram as modificações acerca da racionalidade, humanismo e antropocentrismo, entre outros.
Figura 2 - Galileu e Viviani - Tito Lessi - 1892 - Museo Galileo, Florença - Museo Galileo [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tito_Lessi_-_Galileo_and_Viviani.jpg">via Wikimedia Commons</a>
Grande parte dessa efervescência cultural cresceu a partir da leitura de grandes clássicos da Antiguidade, como Aristóteles, Tucídides, Tito Lívio, Sêneca, Cícero, entre outros. Vale ressaltar, desde a Baixa Idade Média, alguns desses autores já eram trabalhados pelos pensadores medievais. Um exemplo foi Tomás de Aquino, que com o método aristotélico, desenvolveu sua própria filosofia. Muitos desses estudos ocorreram nas universidades, instituições de caráter medieval, o que ajuda a quebrar com a ideia de “trevas” do período e de “luzes” da Idade Moderna. O que temos é um processo de construção de um novo pensamento crítico e interpretações que marcaram uma mudança, mas que não era um rompimento total com os pensadores anteriores.
Foi nas universidades que surgiu o Humanismo, que consistiu na valorização dos textos clássicos e revitalização de um pressuposto importante: o homem, suas vontades, ideias e desejos. Como foi um momento intelectual, ele ocorreu a partir do uso de dois elementos principais: o estudo da retórica e das línguas vernaculares. Os humanistas queriam se desvincular das práticas medievais devido á influência cristã. Portanto, buscavam nos textos originais as ideias produzidas por aqueles que colocavam o homem, o saber e o conhecimento como principais pontos. Os autores romanos como o já citado Cícero, eram os mais buscados pelos italianos, mas os gregos também foram exaltados. O pensamento cristão não era mais a base referencial, mas isso não significa que eram ateus ou contra o Cristianismo. Muitos se desenvolveram a partir do mecenato católico, por exemplo. Eles questionavam a instituição, algumas práticas e dogmas existentes.
Isso nos leva a uma característica importante que foi o Antropocentrismo, que colocava o homem como centro de todas as coisas, diferentemente do teocentrismo medieval, que tinha a Deus como medida de tudo. Essa exaltação das ações humanas foi um diferencial importante, pois instituiu uma nova forma de pensar a vida. Se desenvolviam, portanto, as habilidades individuais, como a partir da leitura própria da Bíblia, que foi traduzida, e de outros textos que antes eram acessados pelo olhar cristão. Com isso, vemos que valores da Antiguidade Clássica eram retomados como exemplo para o modo de viver.
Temos, também, o destaque dado ao pensamento racional desvinculado das teorias cristãs. A busca pelo conhecimento e pela verdade, tal qual pregavam os filósofos antigos, só ocorreria a partir do uso da Razão. Desenvolveu-se, dessa forma, o pensamento científico moderno, com o empirismo e, sobretudo, o questionamento daquilo que era dado como verdade.
Figura 3 - Universo Heliocêntrico - Harmonia Macrocosmica - Andreas Cellarius - 1660 - Andreas Cellarius [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Heliocentric.jpg">via Wikimedia Commons</a>
Apesar do consumo ser restrito a poucos intelectuais, a disseminação desse tipo de conteúdo foi fundamental para que o renascimento alcançasse boa parte da Europa. A invenção da imprensa, em 1456, atribuída a Johannes Gutenberg (1398-1468), foi um marco importante porque os livros poderiam ser, agora, impressos e não apenas manuscritos. Assim, aquilo que ficava nas mãos da Igreja poderia ser alcançado por outros, que interpretariam à sua maneira. O desenvolvimento científico foi fundamental para que ocorresse as Grandes Navegações, por exemplo. O Heliocentrismo de Nicolau Copérnico (1473-1543) foi uma das grandes mudanças oriundas do pensamento crítico. A observação da natureza fez com que ele refutasse o geocentrismo de Ptolomeu (90-168). O grande obstáculo foi a Igreja, que não aceitava questionamentos que abalassem seus dogmas. Galileu Galilei (1564-1642) sofreu perseguição em vida por concordar com Copérnico e ir além ao atestar os movimentos de rotação e translação terrestres.
Foi um período de descobrimentos e mudanças, da busca pelo desconhecido. Os navegadores, apesar de estudos prévios, se aventuravam pelo mar na esperança de confirmarem suas ideias. Essas são características que transformaram o Renascimento em marco do pensamento moderno.
A Itália foi o berço desse movimento por diversos motivos, sobretudo pelo financiamento oriundo do comércio realizado pelas cidades. Vale destacar que o país só surgiu em 1871 como estado unificado, ou seja, na modernidade tínhamos diversas cidades-estado e cada uma com seu sistema de governo. Veremos os detalhes do Renascimento nas cidades italianas em outro texto, assim como nos casos da Inglaterra e Países Baixos também.
O Renascimento é um dos conteúdos chave nos vestibulares, pois sempre encontrarão perguntas sobre o período, as características do movimento e as relações entre política e religião. Não se esqueçam de realizar um resumo com esses pontos principais e relacioná-los a outras idades, sobretudo a Idade Média.
1. (Unicamp 2019) Antes de Copérnico, Kepler e Galileu, os cosmólogos elaboravam sistemas que representavam os corpos celestes por meio de esferas encaixadas umas nas outras, propostas e desenvolvidas por Eudoxo e Aristóteles, de modo a distinguir os mundos celeste e terrestre. É nesse contexto, caracterizado pela tese de que o cosmo é composto de dois mundos distintos (céu e Terra), e pelo axioma platônico, que deve ser entendido o conteúdo da carta de Kepler (1604). Ele apresenta uma etapa do processo de rompimento com essa distinção e com o axioma platônico. Na carta, Kepler apresenta os procedimentos para obter as duas primeiras leis dos movimentos planetários. A importância disso é tão grande que a segunda lei aparece antes da primeira, e a lei das áreas só se torna operante numa órbita elíptica, não podendo ser aplicada às órbitas circulares sem produzir discrepâncias com relação aos dados observacionais de Tycho Brahe.
(Adaptado de Claudemir Roque Tossato, Os primórdios da primeira lei dos movimentos planetários na carta de 14 de dezembro de 1604 de Kepler a Mästlin. Scientiae Studia, São Paulo, v. 1, n. 2, p. 199-201, jun. 2003.)
Considerando o contexto histórico descrito e as leis físicas apresentadas por Kepler, assinale a alternativa correta.
a) Copérnico, Kepler e Galileu fazem parte da chamada Revolução Científica que rompe com leituras especulativas do Universo, baseadas em premissas aristotélicas e tomistas, e propõe análises empiristas do mundo natural. O conceito de órbitas circulares para o movimento dos planetas em torno do Sol, em que a distância entre o planeta e o Sol permanece constante durante o movimento, foi abandonado por Kepler.
b) A Revolução Científica da época Moderna propõe a ruptura com o ideal divino, sendo, por isso, combatida pela Igreja Católica, que defendia a orquestração divina sobre o mundo humano e natural. O conceito de órbitas circulares para o movimento dos planetas em torno do Sol, em que a distância entre o planeta e o Sol é variável durante o movimento, foi abandonado por Kepler.
c) Copérnico, Kepler e Galileu foram perseguidos pela Igreja Católica do período Moderno, por representarem o questionamento dos ideais medievais sobre a organização do céu e da Terra e sobre a onipresença divina. O conceito de órbitas circulares para o movimento dos planetas em torno do Sol, para as quais a distância entre o planeta e o Sol é variável durante o movimento, foi abandonado por Kepler.
d) A Revolução Científica da época Moderna, incentivada pela Igreja Católica, propõe a manutenção do antropocentrismo medieval, associado aos conhecimentos empíricos para a leitura e representação do mundo natural. O conceito de órbitas circulares para o movimento dos planetas em torno do Sol, para as quais a distância entre o planeta e o Sol permanece constante durante o movimento, foi abandonado por Kepler.
2. (Espcex (Aman) 2019) No período do Renascimento, ocorreram mudanças significativas na produção cultural europeia. Considerando:
I. o desenvolvimento da Teoria do Heliocentrismo
II. o desenvolvimento da imprensa
III. a estratificação da sociedade
IV. a ação dos mecenas
Assinale abaixo o item que apresenta os aspectos que influenciaram o aumento da produção cultural renascentista, assim como da sua qualidade.
a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) II e IV
e) III e IV
Gabarito:
Questão 1 - [A] – A questão aborda o desenvolvimento do renascimento científico, o qual apresentou novas explicações para os fenômenos naturais, como Galileu e Copérnico.
Questão 2 - [D] – Já esta pergunta pede o conhecimento das características do Renascimento e só a número II, que fala sobre a imprensa, e a número IV, sobre o mecenato, que se encaixam.
Renascimento – Idade Moderna
- Racionalidade – uso da razão
- Humanismo - pressuposto importante: o homem
- Antropocentrismo - homem como centro de todas as coisas
- Pensamento científico moderno
- iImmprensa, em 1456, atribuída a Johannes Gutenberg (1398-1468)