Resumo de historia: República Oligárquica – Epitácio Pessoa (1919-1922) e Artur Bernardes (1922-1926) – o começo da mudança política



República Oligárquica – Epitácio Pessoa (1919-1922) e Artur Bernardes (1922-1926) – o começo da mudança política

Figura 1 -  Revolta dos 18 do Forte de Copacabana - 1922 - See page for author [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Os_18_do_Forte.jpg">via Wikimedia Commons</a>

A República Oligárquica não foi um período tão longo, mesmo assim sofreu diversas mudanças expressivas tanto na economia, política quanto na sociedade. O governo de Epitácio Pessoa (1919-1922) e de Artur Bernardes (1922-1926) foram permeados de turbulências, sendo que o do último passou pelo crescimento da Coluna Prestes e de revoltas no campo. Veremos os principais acontecimentos e como eles se desenvolveram ao longo do tempo.

Figura 2 - Epitácio Pessoa - 1919 - Governo do Brasil [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Epitacio_Pessoa_(1919).jpg">via Wikimedia Commons</a>

Epitácio Pessoa (1865-1942) iniciou o mandato em um momento de crise política latente. Seu prestígio por participar das discussões que levaram ao Tratado de Versalhes em 1919, foi um dos motivos pelo qual acabou eleito. O Brasil passara por transformações econômicas importantes durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), pois precisava suprir a falta de produtos industrializados que eram importados. Portanto, o investimento industrial cresceu, acarretando o processo inicial de desenvolvimento urbano.

Junte a isso o aumento populacional, que mais que dobrou em duas décadas, além do deslocamento definitivo do eixo econômico brasileiro para as regiões Sul e, principalmente, Sudeste, sendo que São Paulo era o ponto financeiro e o Rio de Janeiro o político. Porém, não se esqueçam que o país ainda era majoritariamente rural e agroexportador. Estamos apontando para as mudanças que tiveram peso para que a crise política que ocorria na década de 1920.

Com o crescimento industrial, o número de operários subiu, o que trazia novas formas de organização política à tona. Fica mais fácil imaginar o porquê da crise. A burguesia industrial, isto é, os donos de fábrica, passaram a reivindicar maior participação política, que ainda estava, em sua maioria, nas mãos da elite cafeeira. Outros que passaram a ter relevância numérica foram os produtores para consumo interno, que tinham cada vez mais clientes e, também, ficaram descontentes com a forma como era feita a representatividade política da época. Devemos recordar, por sua vez, da classe média que passou a ter destaque, e o sistema de governo não abarcava mais essa nova mentalidade que nascia.

Epitácio Pessoa sentiu essa crise logo no início do seu mandato mesmo que, financeiramente, o país tivesse vivendo um respiro devido aos incentivos industriais. Sem embargo, o Tesouro Nacional decidiu subsidiar ainda mais o café, além de abrir a possibilidade de mais créditos aos fazendeiros. No fundo, ainda se governava para as antigas oligarquias. Enfrentou, também, a Greve Geral de 1917, quando nascia no país outras organizações políticas e o desejo de uma maior regulamentação do trabalho.

Um dos episódios emblemáticos foi a Semana de Arte Moderna de 1922, que ocorreu em seu último ano. O movimento artístico e intelectual representava a influência das vanguardas europeias na classe artística brasileira. A efervescência política e social não era mais traduzida pelo estilo artístico produzido até então, conectado à Academia de Belas Artes. Imprensa e industrialização deram força ao movimento modernista, tanto nas artes plásticas quanto na literatura e na música.

Aqui, o que nos interessa foi o barulho que os modernistas produziram nos três dias de evento que ecoaram por muito mais tempo. No âmbito político, a decisão de indicar civis para os Ministérios da Guerra e da Marinha no governo foi polêmica. Desde o fim da República da Espada e do mandato de Hermes da Fonseca, o relacionamento entre políticos e militares era tenso. Quando Pessoa decidiu retirá-los do poder, a situação que já era delicada ficou abertamente conflituosa. Na década de 1920, surgiu o Movimento Tenentista que teve as Revoltas dos 18 do forte, a Revolução de 1924 e Coluna Prestes como exemplos do, em geral, descontentamento com o sistema político.

Um episódio que simboliza a crise política ocorreu em 1919 nas eleições para o representante do estado da Bahia. Os dois candidatos ao governo, J. J. Seabra (1855-1942) – da situação e apoiado pela elite de Salvador –, e Paulo Martins Fontes – da oposição e tinha apoio dos chefes influentes do interior baiano, basicamente os coronéis dessas regiões. O presidente teve que intervir, demonstrando o quão profunda estava a instabilidade

Com todo esse cenário inflamatório, as novas eleições federais não ocorreram de maneira pacífica. O pacto da política do café com leite havia sido quebrado com o governo de Pessoa apenas pela terceira vez em toda a República Oligárquica. No final de seu mandato, tanto São Paulo e Minas Gerais decidiram retomar as rédeas do Executivo e indicaram o advogado e político mineiro Artur da Silva Bernardes (1875-1955).

Figura 3 - Artur Bernardes - 1922 - Governo do Brasil [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Artur_Bernardes_(1922).jpg">via Wikimedia Commons</a>

Para enfrentá-los, os oligarcas de Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia decidiram apoiar Nilo Peçanha na iniciativa chamada Reação Republicana. Uma das táticas utilizadas para abalar a credibilidade de Bernardes foi publicar cartas difamando Hermes da Fonseca que eram atribuídas a ele na imprensa. No fim, se provaram falsas e Bernardes foi eleito. Seu governo enfrentou logo no começo o estado de sítio por causa do Movimento Tenentista dos 18 do Forte. Percebe-se, então, que a instabilidade foi constante ao longo do mandato, principalmente com o levante de 1924, que ficou conhecido como Coluna Prestes.

Além da questão militar, o presidente decidiu atacar politicamente a Reação Republicana, apoiando revoltas regionais organizadas contra seus opositores. Uma conhecida ocorreu no Rio Grande do Sul, com a intenção de diminuir o poder de Antônio Augusto Borges de Medeiros (1863-1961) quinta vez eleito governador do estado. O conflito teve suporte do Ministério da Guerra e durou meses até a assinatura do Tratado de Pedras Altas, que, entre as principais medidas, previa a mudança constitucional no estado, o que foi feito. Ficou proibida a reeleição de Medeiros, mas ele pode concluir o último mandato.

Esse não foi o único evento violento, já que o país viu a formação da Coluna Prestes. Esses conflitos continuaram sem um vencedor específico, apenas com a fuga dos rebeldes para a Bolívia. As eleições se aproximavam e em 1927, o paulista Washington Luís (1869-1957) ganhara a disputa. Porém, a insatisfação alcançara níveis ainda mais altos e não conseguiu ser revertida e Luís foi o último presidente da República Oligárquica.

Cada um desses textos sobre a República Velha apresenta características importantes dos seus governos, contudo, o mais importante é que o aluno aprenda sobre os processos que levaram a esses fatos. Aprender História é mais do que uma coleção de fatos e sim entender como eles ocorreram e qual a leitura do presente. Por isso que História é ciência, pois há o uso de dados, estão são inegáveis.

1. (G1 - col. naval 2015) Com relação à Reação Republicana que ocorreu na Primeira República, é correto afirmar que

a) dizia respeito a uma campanha política conduzida por Rui Barbosa contra a candidatura de Hermes da Fonseca, baseada na moralização do processo político e no combate à máquina coronelística colocada a serviço das oligarquias rurais.   

b) tinha por objetivo salvar as instituições políticas do domínio das oligarquias que se sustentavam por meio de um esquema de poder político, idealizado por Campos Sales, denominado “Política dos Governadores”.   

c) foi um episódio marcado pela resistência política conduzida por Pinheiro Machado contra o revezamento político gerado pela “Política Café com Leite”, cujo objetivo era garantir a alternância entre São Paulo e Minas Gerais na presidência da República.   

d) foi uma articulação política dos Estados do Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro que lançaram Nilo Peçanha como candidato à presidência da República em oposição ao candidato Artur Bernardes indicado por São Paulo e Minas Gerais.   

e) se tratava de uma reação conduzida pela Aliança Libertadora no Rio Grande de Sul contra a hegemonia política do Partido Republicano Riograndense conduzido por Borges de Medeiros, que já estava no seu quinto mandato consecutivo como governador.   

2. (Uern 2013) Ode ao burguês

Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,

o burguês-burguês!

A digestão bem-feita de São Paulo!

O homem-curva! o homem-nádegas!

O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,

é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!

Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!

que vivem dentro de muros sem pulos;

e gemem sangues de alguns mil-réis fracos

para dizerem que as filhas da senhora falam o francês

e tocam os “Printemps” com as unhas! [...]

Fora! Fu! Fora o bom burguês!

(De pauliceia desvairada. Mário de Andrade. Disponivel em: http://www.horizonte.unam.mx/brasil/mario4.html.)

O poema de Mário de Andrade, exposto em 1922 na Semana de Arte Moderna, causou furor com essa visão crítica do burguês capitalista. O significado do termo “burguês”, destacado pelo poeta,

a) difere-se da visão inicial de “burguesia”, como “moradores citadinos” que praticavam o comércio, buscando autonomia e uma nova forma de organização social.   

b) refere-se à visão de “burguês” preconizada na fase inicial do sistema feudal, quando os comerciantes reativaram o comercio, e controlaram as instituições sociais.   

c) reforça a maneira como o burguês era identificado na Europa pré-capitalista: como sustentáculo de uma sociedade hierarquizada e uma economia de subsistência.   

d) se distingue da forma como era visto na Idade Antiga, uma vez que a burguesia representava a classe servil, submissa aos ritos de vassalagem tradicionais no feudo.   

Gabarito: 

Questão 1 - [D] – A Reação Republicana foi o processo de aliança entre os estados de RS, BA, RJ e PE contrários à candidatura de Artur Bernardes, que acabou vencedor.

Questão 2 - [A] – É uma questão que exige a interpretação do texto. No caso, saber sobre o surgimento do “burguês” na Baixa Idade Média auxilia para responder.

 

- Epitácio Pessoa (1919-1922) – prestígio – participação no Tratado de Versalhes em 1919

Investimento industrial cresceu

Aumento populacional

Crise política

Reivindicação de maior participação política

Greve Geral de 1917 - novas organizações políticas e o desejo de uma maior regulamentação do trabalho.

Semana de Arte Moderna de 1922

Movimento Tenentista

Eleições: Artur da Silva Bernardes (1875-1955) – apoio de São Paulo e Minas Gerais x Nilo Peçanha – apoio de Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia (Reação Republicana)

- Artur Bernardes (1922-1926)

Governo enfrentou logo no começo o estado de sítio

Coluna Prestes.