Como vimos anteriormente, o Antigo Regime era alicerçado em dois pilares principais: o absolutismo e o mercantilismo. A partir do século XVII, no entanto, ele começou a sofrer contestações. Neste post falaremos sobre algumas delas, as Revoluções Inglesas.
As chamadas Revoluções Inglesas representaram as primeiras manifestações políticas contrárias ao Antigo Regime, pois colocaram fim ao absolutismo na Inglaterra.
No século XVIII, mudanças econômicas e culturais também colaboraram para o fim das práticas do período moderno. Novas formas de produção econômica deram origem à Revolução Industrial.
No campo intelectual, o conjunto de ideias ficou conhecido como Iluminismo.
O poder concentrado nas mãos do monarca passou a ser fortemente criticado por outros setores da sociedade que buscavam uma nova forma de legitimar as organizações políticas, sociais e econômicas. Aos burgueses não interessava mais apoiar a monarquia, já que eles não queriam mais o papel de coadjuvantes no cenário nacional e os operários também reivindicavam maior participação política.
Dentro desse cenário político, social, econômico e cultural é possível entender as Revoluções Inglesas que representaram o começo do fim do Antigo Regime.
Com a morte de Elizabeth I (que não havia deixado herdeiros), em 1603, a dinastia Tudor chegou ao fim, assumindo o trono Jaime I. Esse monarca defendia que todo o poder deveria ser concentrado em suas mãos, o que desagradou tanto a burguesia quanto os setores populares.
Devido a sua impopularidade, Jaime I abdicou em favor de seu filho: Carlos I. O filho deu continuidade à política do pai, causando uma disputa acirrada entre ele e o Parlamento.
Carlos I entrou em conflito com a Escócia, ao tentar impor aos presbiterianos escoceses um livro de preces baseado na liturgia anglicana. Ao convocar o Parlamento para ajudá-lo nessa guerra, o rei obteve uma resposta negativa, o que colaborou para o enfraquecimento do poder real.
Os calvinistas ingleses (puritanos) passaram a reivindicar limitações para a ação da Igreja Anglicana e a divisão se agravou resultando em uma guerra civil.
Nesse conflito lutavam os cavaleiros (em nome do rei) e os cabeças-redondas (defensores do parlamento). O líder desses últimos era Oliver Cromwell que criou o Novo Exército Modelo, que reunia membros ricos do parlamento, senhores rurais e religiosos exaltados.
Estátua de Oliver Cromwell no Palácio de Westminster, em Londres.
O rei Carlos I foi derrotado e decapitado em 1649 e proclamou-se a República, dominada pelo líder puritano Cromwell. O período ficou conhecido como Commonwealth.
Commonwealth (1649-1658)
O período da República Puritana foi marcado pela divisão do poder entre o Parlamento e o exército. Cromwell era a figura central de República.
Várias classes haviam se unido para derrubar a monarquia. Mas, com o fim da guerra civil às diferenças, especialmente as sociais, passaram a aparecer e gerar conflitos.
O fôlego revolucionário que executou o rei não alterou a ordem social. Os líderes populares, chamados niveladoresforam executados por ordem de Cromwell.
Os conflitos com a Irlanda se acirraram por conta da desconfiança que os irlandeses católicos tinham dos puritanos.
Com a morte de Cromwell, assumiu o poder seu filho Ricardo, que não tinha a habilidade política de seu pai e foi deposto em 1660. Com isso se restaurou a monarquia.
Em 1660, Carlos II foi convidado a assumir a coroa, com a condição de que manteria o Parlamento livre. O monarca, refugiado na França aceitou e passou a governar com o apoio da nobreza e da burguesia.
Com sua morte assumiu o trono seu irmão, Jaime II, que sem a mesma sensibilidade política de seu antecessor e convertido ao catolicismo, levantou suspeitas. A Igreja Anglicana deixou de apoiá-lo e o clima político se acirrou.
Precavidos com o risco de uma nova Guerra Civil e temendo uma revolta popular, os aristocratas ingleses obrigaram Jaime I a abdicar do trono em favor de seu genro, Guilherme de Orange.
Os reis Maria e Guilherme, protestantes, assumiram o poder com o compromisso de respeitar o parlamento.
Essa transição, ocorrida em 1688, ficou conhecida como Revolução Gloriosa. Ela institui o modelo que perdura na Inglaterra até os dias de hoje.
Nele, o rei é obrigado a respeitar os direitos essenciais expressos pela Carta de Direitos, a Bill of Rights (1689), que institui a Monarquia Parlamentarista e Constitucional.