Propriedades das Matrizes I
Algumas operações matriciais possuem propriedades idênticas às operações com números reais, mas também existem operações matriciais que possuem propriedades diferentes das propriedades dos números reais. Por exemplo, a adição de matrizes, assim como a adição de números reais, obedece à propriedade da comutatividade, ou seja, A + B = B + A, desde que sejam possíveis essas somas.
Dadas as matrizes A, B e C, de mesma ordem, as principais propriedades da adição de matrizes são:
I. Associativa: ;
II. Comutativa: ;
III. Elemento Neutro: Existe a matriz M, tal que, e chamamos M de matriz nula, na qual todos os seus elementos são nulos;
IV. Elemento Simétrico: Existe a matriz A’, tal que e chamamos a matriz de matriz oposta de .
Propriedades das Matrizes II
A multiplicação de um número real por matriz é muito simples. Basta multiplicar o número por todos os elementos da matriz. As principais propriedades na multiplicação de números reais, sendo “a” e “b” dois números reais e A e B matrizes de ordem m x n, são:
I.
II.
III.
IV.
A demonstração da propriedade III é:
Propriedades das Matrizes III
Diferente da multiplicação com números reais, a multiplicação com matrizes exige mais cuidado, pois nem sempre é possível efetuar esta operação com duas quaisquer matrizes. Se quisermos multiplicar uma matriz , de ordem , por uma matriz B, de ordem , é necessário que .
As principais propriedades da multiplicação de matrizes são:
I. Associativa: , de maneira que , e tenham ordens , e , respectivamente;
II. Distributiva pela esquerda: , sendo que , e devem ter ordens , e , respectivamente;
III. Distributiva pela direita: , sendo que , e devem ter ordens , e , respectivamente;
IV. Se “a” é um número real e e são matrizes de ordens e , respectivamente, então .
Álgebra de Matrizes. (Exercício Resolvido)
Apesar se não ser muito complicada a multiplicação de matrizes, alguns exercícios são bem trabalhosos. Vamos resolver a questão abaixo (ITA – 2021).
Seja A uma matriz real quadrada de ordem 2 tal que
Então, determine o traço da matriz A.
Solução
Seja , temos:
, que é o mesmo que , e também
, que é o mesmo que .
Igualando as matrizes, termo a termo, nos dois casos, chegamos ao sistema:
Resolvendo o sistema, obtemos , , e . Portanto, o traço de é .
Matriz Simétrica e Matriz Antissimétrica
Uma matriz é simétrica quando:
,
sendo At a matriz transposta de . Com isso, uma matriz simétrica pode ter quaisquer elementos em sua diagonal principal, enquanto que os demais elementos , com , devem ser iguais aos seus simétricos em relação à diagonal principal, ou seja, . Um exemplo de matriz simétrica é:
.
Já uma matriz B é antissimétrica quando:
.
Com isso, uma matriz antissimétrica só pode ter zero com elemento da diagonal principal e os demais elementos devem ser opostos aos seus simétricos em relação à diagonal principal, ou seja, , se , e , se . Um exemplo de matriz antissimétrica é:
.
Álgebra de Matrizes. (Exercício Resolvido)
Alguns problemas que envolvem equação matricial são mais complicados, pois não se conhece os valores dos elementos das matrizes. Por exemplo, como determinar o valor do determinante de A na equação abaixo, sabendo que A é uma matriz quadrada, inversível e de ordem ímpar?
Solução:
Temos que
.
Matriz escalonada (Matriz de Vandermond)
A matriz de Vandermond é quadrada e da forma
1 1 1 a b c a2 b2 c2 1 k k2 an bn cn kn
Seu determinante pode ser encontrado pela expressão
b-ac-ak-ac-bk-b,
ou seja, pelo produto das diferenças de cada termo pelo que está a sua esquerda, por exemplo
1 1 1 2 3 4 22 32 42 1 5 52 23 33 43 53 =3-24-25-24-35-35-4=1∙2∙3∙1∙3∙1=18.
Matrizes linha-equivalentes. (Exercícios Resolvidos)
O cálculo do determinante de matrizes de ordem superior a 3 é muito complexo. Os métodos mais comuns são o Teorema de Laplace e a Regra de Chió. No primeiro caso é interessante que se tenha uma linha ou uma coluna com muitos zeros, enquanto que no segundo devemos ter pelo menos um elemento igual a 1. Um recurso muito interessante para obtermos tanto zeros em uma linha ou coluna quanto 1 em alguma posição é o Teorema de Jacobi, que consiste em multiplicar uma linha ou coluna por um número, sem alterá-la, e somar o resultado em uma outra linha ou coluna da matriz (se multiplicar linha, deve somar com linha, e se multiplicar coluna deve somar com coluna. E isto não altera o determinante.
O Teorema de Jacobi também é interessante para outras situações no cálculo de determinantes. Vamos a um exemplo:
Qual o determinante da matriz ?
Solução:
Vamos utilizar o Teorema de Jacobi, multiplicando a 4ª coluna por (-1) e somando o resultado na 3ª coluna. Com isso, chegamos à
Assim, obtemos uma matriz triangular, cujo determinante é o produto dos elementos da diagonal principal, ou seja,
.
Posto ou Característica de uma Matriz
A característica de uma matriz é o número de linhas não nulas de sua matriz linha-equivalente escalonada. Para se obter a matriz linha-equivalente escalonada é preciso fazer algumas alterações, de maneira que a quantidade de zeros antes do primeiro algarismo significativo de cada linha seja sempre maior que o da linha anterior. Alterações que podem ser feitas, obtendo uma matriz linha-equivalente são:
I. Trocar duas linhas de lugar;
II. Multiplicar uma linha por um número real;
III. Substituir uma linha pela soma de outra linha com ela.
Por exemplo, qual a característica da matriz ?
Solução:
Vamos fazer as modificações:
1. Multiplicar a 1ª linha por (-1):
2. Substituir a 2ª linha pela soma dela com a 1ª linha:
3. Substituir a 3ª linha pela soma dela com a 1ª linha:
4. Multiplicar a 3ª linha por (-3):
5. Substituir a 3ª linha pela soma dela com a 2ª linha:
Pronto! Esta é a matriz linha-equivalente escalonada, pois a cada linha a quantidade de zeros antes do 1º significativo aumenta a cada linha. Como o número de linhas não nulas é 2, esse é o valor da característica da matriz B.
Teorema de Rouché-Capelli
Um método de discussão de sistema linear é Rouché-Capelli, no qual analisamos a matriz dos coeficientes das incógnitas (matriz incompleta A) e esta matriz acrescida dos temos independentes (matriz completa B). Após o escalonamento de ambas as matrizes, encontramos suas características e . Se , no qual n é o número de equações do sistema, então o sistema é possível e determinado; se , então o sistema é possível e indeterminado; mas se , o sistema é impossível.
Por exemplo, vamos discutir o sistema .
A matriz incompleta é e uma matriz linha-equivalente escalonada de A é , ou seja, . A matriz incompleta e uma matriz linha-equivalente escalonada de B é , ou seja, . Como o sistema tem 3 equações , então . Portanto, o sistema é possível indeterminado.
Método de inversão de Gauss.
Um método interessante para determinação da matriz inversa é o Método de Gauss-Jordan, no qual faz-se algumas alterações nas linhas da matriz em questão juntamente com a matriz identidade. Nessas alterações, pode-se multiplicar uma linha por um número real qualquer ou usar o Teorema de Jacobi.
Vamos determinar a inversa da matriz :
Inicialmente, vamos construir a matriz .
Multiplicando a 1ª linha por (-1) e somando o resultado na 2ª linha:
Multiplicando a 2ª linha por 2 e somando o resultado na 1ª linha:
Multiplicando o 2ª linha por 2:
Perceba que encontramos a matriz identidade à esquerda, com isso, à direita chegamos à matriz inversa, ou seja,
Método de inversão de Gauss. (Exercícios Resolvidos)
A discussão de sistemas lineares com parâmetros pode ser feita associando a regra de Cramer com o escalonamento do sistema. Para que o sistema seja possível determinado (SPD), basta que o determinante seja diferente de zero. Mas quando o determinante é igual a zero, substituímos o parâmetro pelo valor correspondente e discutimos usando o escalonamento.
Por exemplo, vamos discutir o sistema .
Calculando o determinante principal, encontramos:
Assim, se , ou seja, , o sistema é possível determinado. Agora, vamos substituir a por – 3 no sistema:
Somando as equações, chegamos a
,
o que significa que se , o sistema é possível indeterminado, mas se , então o sistema é impossível.