Ortografia oficial – Resumo
Para entender a ortografia oficial primeiro é necessário entender seus casos, isso é, o contexto e a forma onde as palavras são construídas, veja abaixo:
Caso x / ch
1) x / ch nas palavras provenientes do latim:
1.1) Emprego do ch:
Ao passar do latim para o português, as sequências “cl”, “pl” e “fl”, transformaram-se em “ch”:
afflare > achar
flagrare > cheirar
flamma > chama
caplu > cacho
clamare > chamar
claven > chave
masclu > macho
planus > chão
plenus > cheio
plorare > chorar
plumbum > chumbo
pluvia > chuva
1.2) Emprego do x:
exaguare > enxaguar
examen > exame
laxare > deixar
luxu > luxo
miscere > mexer
passione > paixão
pisce > peixe
2) Emprega-se a letra x:
x1) Após ditongo:
Exceções:
x2) Em palavras iniciadas por ME:
Exceção:
· mecha (de cabelos), que tem sua origem no fracês mèche. Não confundir com a forma verbal “mexa” do verbo mexer, que deve ser grafada com x.
X3) Em palavras iniciadas por EN:
Exceção1:
· enchova (regionalismo de anchova, que origina-se do genovês anciua);
Exceção2: Palavras formadas por prefixação de en + radical com ch:
· enchente, encher e derivados = prefixo en + radical de cheio;
· encharcar = en + radical de charco;
· enchiqueirar = en + radical de chiqueiro;
· enchapelar = en + radical de chapéu;
· enchumaçar = en + radical de chumaço
x4) Em palavras com origem Tupi. As mais conhecidas são:
x5) Em palavras com origem árabe. As mais conhecidas são:
Exceções:
x6) Em palavras com origem africana. As mais conhecidas são:
Exceções:
3) Emprega-se ch:
ch1) Em palavras com origem francesa. As mais conhecidas são:
Caso g / j
1) Palavras provenientes do latim e do grego:
1.1) O g português representa geralmente o g latino ou grego:
agere > agir
agitare > agitar
digit(i) (raiz) > digitar
gestu > gesto
gelu > gelo
liturgia > liturgia
tegella > tigela
Magia < Magia (latim) < Mageia (grego) < Magush (persa)
eksegesis > exegese
gymnastics > ginástica
hégemonikós > hegemônico
logiké > lógico
synlogismos > sologismo
Exceção:
aggelos > anjo (angeolatria é com g)
1.2) Não há j no grego e no latim clássico. O j provém:
iactu > jeito
iam > já
iocus > jogo
maiestate > majestade
basiu > beijo
casiu > queijo
hodie > hoje
radiare > rajar
2) Emprega-se a letra g:
g1) Nas palavras derivadas de outras grafadas com g:
g2) Nas palavras terminadas em ágio, égio, ígio, ógio, úgio:
g3) Os substantivos terminados em gem:
Exceção:
g4) Nos verbos terminados em ger e gir:
g5) Em geral, após R:
3) Emprega-se a letra j:
j1) Nas palavras derivadas de outras grafadas com j:
j2) Nos verbos terminados em jar:
j3) Em palavras com origem árabe. As mais conhecidas são:
Exceções:
j4) Em palavras com origem tupi. As mais conhecidas são:
Exceção: Sergipe
J5) Em palavras com origem africana. As mais conhecidas são:
Exceções:
Caso c ou ç / s ou ss
O c tem o valor de /s/ com as vogais E e I. Antes de A, O e U usa-se ç.
Depois de consoante usa-se s. Entre vogais, usa-se ss:
s1) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em ERGIR, CORRER, PELIR:
s2) Verbos terminados em DAR – DER – DIR – TER – TIR – MIR recebem s quando há perda das letras “D – T – M”em suas derivações:
Observe também a origem latina:
c1) Verbos não terminados em DAR – DER – DIR – TER – TIR – MIR quando mudam o radical recebem ç:
c2) Verbos que mantêm o radical recebem ç em derivações:
Observe também a origem latina:
c3) Usa-se c ou ç após ditongo quando houver som de s:
c4) Nos sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, iço, nça, uça, uço.
· barca = barcaça
· rico = ricaço
· cota = cotação
· aguço = aguçar
· merece = merecer
· carne = carniça
· canil = caniço
· esperar = esperança
· cara = carapuça
· dente = dentuço
c5) Em palavras com origem árabe. As mais conhecidas são:
Exceção:
c6) Em palavras com origem tupi. As mais conhecidas são:
Exceção (todas começam com som de s, menos cipó):
c7) Em palavras com origem africana. As mais conhecidas são:
Exceção (todas começam com som de s):
Caso z / s
1) Emprega-se a letra s:
s1) Em palavras derivadas de uma primitiva grafada com s:
s2) Após ditongo quando houver som de z:
s3) Na conjugação dos verbos PÔR e QUERER:
s4) Em palavras terminadas em OSO, OSA (que significa “cheio de”):
Exceção: gozo
s5) Nos sufixos gregos ASE, ESE, ISE, OSE:
Exceções: deslize e gaze.
s6) Nos sufxos ÊS, ESA, ESIA e ISA, usados na formação de palavras que indicam nacionalidade, profissão, estado social, títulos honoríficos.
Exceção: Juíza (por derivar do masculino juiz).
z1) As terminadas em EZ e EZA serão escritas com z quando forem substantivos abstratos provindos de adjetivos, ou seja, quando indicarem qualidade:
z2) Grafam-se com “z” as palavras derivadas com os sufixos “zada, zal, zarrão, zeiro, zinho, zito, zona, zorra, zudo”. O “z“, neste caso, é uma consoante de ligação com o infixo.
Exceção (quando o radical das palavras de origem possuem o “s”):
z3) Em derivações resultando em verbos terminados com som de IZAR:
Exceção (quando o radical das palavras de origem possuem o “s”):
Caso ex / es
1) Como regra geral, as palavras que em latim se iniciavam por ex mantiveram a mesma grafia ao passarem do latim clássico para o português.
expectorare > expectorar;
expansione > expansão;
expellere > expelir;
experimentu > experimento;
expiratione > expiração;
extrinsecu > extrínseco;
extensione > extensão;
Há, contudo, exceções. Algumas palavras que se escreviam com ex em latim evoluíram para es ao passar do latim vulgar para o português.
excusare > escusar;
excavare > escavar;
exprimere > espremer;
extraneo > estranho;
extendere > estender;
O verbo “estender”, por exemplo, entrou para o léxico no século 13, originária do latim vulgar, quando o “x” antes de consoante tornava-se “s”. O vocábulo “extensão” aparece no léxico de nossa língua no século 18 e teve sua origem no latim clássico (extensione), quando a regra era manter o “x” de sua origem (extensio). Tal como “extensão”, escreve-se extenso, extensivo, extensibilidade, etc.
2) Já as palavras que se iniciavam por s em latim deram origem a derivados com es em português:
scapula > escápula;
scrotu > escroto;
spatula > espátula;
spectru > espectro;
speculare > especular;
spiral > espiral;
spontaneu > espontâneo;
spuma > espuma;
statura > estatura;
sterile > estéril
stertore > estertor;
strutura > estrutura;
Os termos médicos derivados de palavras gregas iniciadas por s também se escrevem com es em português. Ex:
Um equívoco primário consiste na confusão entre estase (do gr. stásis, parada, estagnação) e êxtase (do gr. ekstásis – ek = fora de; stasis = estado, pelo latim extase). Também se deve distinguir estrato (do latim stratu), com o sentido de camada, de extrato (do latim extractu), aquilo que se extraiu de alguma coisa.
Caso sc
Utiliza-se SC em termos eruditos latinos, isto é, cuja etimologia manteve o radical latino:
Caso c / qu e Forma Variantes
Existem palavras que podemos escrever com “c” e também com qu:
· catorze / quatorze
· cociente / quociente
· cota / quota
· cotidiano / quotidiano
· cotizar / quotizar
E existem variantes aceitas para outras palavras:
· abdome e abdômen
· açoitar e açoutar
· afeminado e efeminado
· aluguel ou aluguer
· arrebitar e rebitar
· arremedar e remedar
· assoalho e soalho
· assobiar e assoviar
Caso o / u
1) Usa-se o na grafia dos seguintes vocábulos:
2) Usa-se u na grafia dos seguintes vocábulos:
Caso e / i
1) Os verbos terminados em –UIR e em –OER:
No Presente do Indicativo, as 2ª e 3ª pessoas do singular são grafadas com I. Exemplo (verbo possuir):
tu possuis
ele possui
tu constróis
ele constrói
tu móis
ele mói
tu róis
ele rói
2) Os verbos terminados em -UAR e em -OAR:
No Presente do Subjuntivo, todas as pessoas da conjugação serão grafadas com e. Exemplo (verbo entoar):
Que eu entoe
Que tu entoes
Que ele entoe
Que nós entoemos
Que vós entoeis
Que eles entoem
3) Todos os verbos que terminam em [-ear] (arrear, frear, alardear, amacear, passear…) fazem um ditongo [-ei-] no presente do indicativo e do subjuntivo nas formas rizotônicas (1ª, 2ª, 3ª do singular e 3ª do plural,):
PRESENTE DO INDICATIVO | PRETÉRITO PERFEITO | FUTURO | PRESENTE DO SUBJUNTIVO
(que…) |
Eu freio | Eu freei | Eu frearei | Eu freie |
Tu freias | Tu freaste | Tu frearás | Tu freies |
Ele freia | Ele freou | Ele freará | Ele freie |
Nós freamos | Nós freamos | Nós frearemos | Nós freemos |
Vós freais | Vós freastes | Vós freareis | Vós freeis |
Eles freiam | Eles frearam | Eles frearão | Eles freiem |
4) Os verbos terminados em [-iar] (arriar, criar, odiar…) são regulares, exceto o (I)MARIO: (Inter)Mediar, Ansiar, Remediar, Incendiar, Odiar, os quais são irregulares e formam ditongo [-ei-] nas formas rizotônicas:
Observe a diferença entre Arriar (regular) e Mediar (irregular):
PRESENTE DO INDICATIVO | PRESENTE DO SUBJUNTIVO
(que…) |
PRESENTE DO INTICATIVO | PRESENTE DO SUBJUNTIVO
(que…) |
Eu arrio | Eu arrie | Eu medeio | Eu medeie |
Tu arrias | Tu arries | Tu medeias | Tu medeies |
Ele arria | Ele arrie | Ele medeia | Ele medeie |
Nós arriamos | Nós arriemos | Nós mediamos | Nós mediemos |
Vós arriais | Vós arrieis | Vós mediais | Vós medieis |
Eles arriam | Eles arriem | Eles medeiam | Eles medeiem |
O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO
Há muitos anos o países de língua portuguesa vinha discutindo uma maneira de simplificar o idioma nos diferentes países, uma vez que apesar de ser o mesmo idioma o português tem variações em cada local, por exemplo algumas palavras que no português do Brasil têm significados diferentes no português de Portugal. A partir dessas discussões alguns países se reuniram com o intuito de criar o um acordo ortográfico para que algumas palavras fossem grafadas da mesma maneira em todos os países de língua portuguesa. No ano de 1990 o acordo ortográfico da língua portuguesa foi assinado por oito países, incluindo o Brasil.
Mas esse acordo só entrou em processo de implantação em 2009, mas não era obrigatório ainda, uma vez que no período de 2010 a 2012 foi para adaptação de livros didáticos e para a própria população se acostumar com a novas regras.
Assim durante esse período, provas de vestibulares, Enem, concursos e outras não cobravam o uso das novas regras na sua escrita.
O novo acordo ortográfico deveria entrar em vigor já no ano de 2013, mas a fim de acompanhar o cronograma de implantação de outros países de língua portuguesa, o Brasil estendeu esse prazo para 2016. Assim desde o dia 1º de janeiro de 2016 o novo acordo ortográfico da língua portuguesa passa a ser obrigatório em todo o território nacional e em mais oito países.
NOVA ORTOGRAFIA: NOVAS REGRAS ORTOGRÁFICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
Com as novas regras de ortografia em vigor é preciso ficar atento ao que muda na hora de escrever, uma vez que será considerado como erros gramaticais em provas, concursos, e o Enem (a principal forma de entrada em uma universidade atualmente). Confira abaixo o que muda :
A primeira mudança pode ser estranha a alguns, mas só agora o alfabeto português possui 26 letras, uma vez que foram incluídas as letras K, W e Y.
Os acentos podem ser as mudanças que mais geram dúvidas: Palavras paroxítonas que tem o acento gráfico nos ditongos EI e OI não têm mais acento. Exemplo:
Outras palavras que perderam seu acento foram: creem, deem, leem, veem e seus derivados: descreem, desdeem, releem, reveem e as que tem acento no último o do hiato(Os hiatos são o encontro de vogais de sílabas diferentes): Voos, enjoo, abençoo.
Os acentos diferenciais das palavras também não são usados mais. Exemplo:
O trema foi totalmente eliminado da língua portuguesa, seu uso não era obrigatório e agora não existe mais, com exceção às palavras estrangeiras e em nomes próprios. O trema era utilizado da seguinte forma:
O hífen é usado em palavras que a segunda palavra começa com a mesma vogal que a primeira palavra. Exemplo: micro-ondas, anti-inflamatório, arqui-inimigo, semi-integral, micro-organismo.
Usa o hífen quando a segunda palavra começar com H: tele-homenagem, proto-história, sobre-humano, extra-humano, pré-história, anti-higiênico, semi-hospitalar.
O hífen quando o primeiro elemento acabar com vogal e o segundo começar com vogal diferente deixa de existir: socioeconômico, semiárido, autoestima, infraestrutura, ultrainterino.
Não se usa quando o primeiro elemento terminar em vogal e o segundo elemento começar com R ou S. Nesse caso, a primeira letra do segundo elemento deverá ser duplicada: antissemita, contrarregra, antirreligioso, cosseno, extrarregular, minissaia, biorritmo, microssistema, ultrassom, antissocial.
Fontes: segredosdeconcurso, aprenderportugues, portuguesxconcurso