Resumo de redacao: A informação como fator de manutenção da saúde pública



TEXTO I

A importância da informação eficaz e confiável para o acesso à saúde

Segundo a OMS, milhões de pessoas no mundo são forçadas a escolher entre cuidados com a saúde e outras despesas diárias, como alimentos, roupas e até moradia. Pelo menos metade dos cidadãos do mundo ainda não têm cobertura total de serviços essenciais de saúde. A relação disso com a informação ou a falta dela é que, primeiramente, conhecimento é necessário para as pessoas saberem sobre direitos, serviços, tratamentos prevenções. É nesse ponto que questões relevantes entram em cena: Como o médico se comunica com o paciente? Como uma empresa de saúde ou o governo falam sobre doenças? Como é a busca sobre sintomas no Google? Para responder a essas perguntas, é preciso se basear em informação. Afinal, somente com comunicação adequada, as pessoas conseguem se cuidar. Assim, uma publicação da Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina dos Estados Unidos afirma que a “alfabetização em saúde é essencial para o sucesso do acesso a serviços, autocuidado e manutenção do bem-estar”.

https://proxis.com.br/importancia-informacao-acesso-a-saude/ (Adaptado)

TEXTO II

Professora de Harvard cobra campanha de comunicação em massa contra Covid-19 Em entrevista à CNN, a demógrafa da Escola de Saúde Pública de Harvard, Márcia Castro, cobrou a implementação de uma campanha de comunicação em massa sobre a Covid-19 para manter a população informada sobre combate à doença. "Os agentes de saúde poderiam ser o veículo da informação para a comunidade. Não fizemos isso antes da primeira onda da pandemia e quando os casos diminuíram no ano passado", disse a professora. "No momento em que começa um declínio, teríamos que implementar uma medida que use o SUS e, acima de tudo, a estratégia de saúde da família para que haja no campo alguma intervenção ativa e não reativa", acrescentou.

https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2021/04/25/professora-de-harvard-cobra-campanha-de-comunicacao-em-massa-contra-covid-19 (Adaptado)

TEXTO III

Fake news: um problema de saúde pública”

As Fake News em saúde tornaram-se um grande negócio para profissionais inidôneos, como também para a venda de produtos e dietas modistas. Diversas neoespecialidades, todas práticas ilegais, são criadas através das fake news e das redes sociais, são fonte de dinheiro fácil para profissionais com má formação técnica e moral. O leitor precisa entender que os sites de busca têm compromisso meramente comercial. Diariamente, plantas milagrosas, dietas, medicamentos revolucionários aparecem em sites, ofertando ganhos biológicos não comprovados. Fake News em saúde adentram artigos do Código Penal tais como lesão corporal e tentativa de homicídio, pois muitas vezes os pacientes que se expõem a essas práticas sofrem danos físicos e risco de morte.

https://www.cremeb.org.br/index.php/noticias/artigo-fake-news-um-problema-de-saude-publica/ (Adaptado)

TEXTO IV

A BBC já desmentiu várias informações falsas que estavam sendo espalhadas sobre o coronavírus, incluindo mentiras sobre curas inexistentes. Autoridades como a Organização Mundial de Saúde e organizações médicas e científicas também estão a todo tempo divulgando informações corretas e confiáveis sobre a pandemia. Muitas vezes, as informações falsas são tão perigosas quanto a doença. Um documento recente de uma província do Irã descobriu que mais pessoas morreram por consumir álcool industrial, com base em uma falsa alegação de que poderia protegê-las do Covid-19, do que do próprio vírus. Nos Estados Unidos, um homem morreu após ingerir cloroquina em seu formato usado para fazer limpeza de aquário.

https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-52239918 (Adaptado)

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema A informação como fator de manutenção da saúde apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Repertório sociocultural do tema A informação como fator de manutenção da saúde pública

A importância da informação para a saúde

O artigo 196 da Constituição Federal de 1988 afirma que “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de doenças”. A saúde, portanto, é um direito social, inerente à condição de cidadania, que deve ser assegurado sem distinção de raça, religião, ideologia política e condição socioeconômica. Em uma publicação para o “Encontro Internacional: Direito à saúde, cobertura universal e integralidade possível”, a Organização das Nações Unidas (ONU) reforça esse conceito, assinalando quatro condições mínimas para que um Estado assegure o direito à saúde aos seus cidadãos: disponibilidade financeira; acessibilidade; aceitabilidade; qualidade do serviço de saúde pública do país. Com intenção de manter o bom estado de saúde de todos e alertar para os principais problemas que podem atingir a população mundial, a OMS, em 1948, criou o Dia Mundial da Saúde, celebrado todo dia 7 de abril, desde então. O tema do Dia Mundial da Saúde de 2018 é “Saúde para todos”. Para garantir o direito à saúde, a informação se faz necessária em seu sentido pleno, tanto para manter a população informada sobre seu direito aos serviços disponíveis, como para fornecer dados sobre a população e seu modo de vida para que o Estado estabeleça os serviços e políticas que visem à promoção da saúde. Assim, os serviços de saúde precisam das informações para produzir melhor os serviços, num ciclo contínuo que precisa sempre ser nutrido.

O papel da mídia

Além dos próprios serviços de saúde, as mídias impressas, depois a TV e hoje a internet assumiram papel importante na conscientização da população e no apelo às mobilizações em conjunto e às responsabilidades individuais. Por meio da troca de informações a respeito de temas complexos, há algumas décadas pessoas que possuem uma enfermidade específica ou um problema de saúde em comum constituíram associações que unem os pares e profissionais da área de saúde e direito.As novas mídias, disponíveis pela internet, trazem possibilidades de interação nunca antes experimentadas, eliminam obstáculos físicos e temporais e apresentam espaço para novas formas de mobilização social, garantindo maior alcance de informações essenciais à sociedade no que diz respeito à sua saúde, como políticas de planejamento, prevenção, conscientização dos direitos etc. Mesmo com a importância significativa e a relevância da internet na propagação das informações à população, no Brasil o acesso à internet atinge apenas 57,8% dos domicílios. Em países desenvolvidos, essa taxa chega a 83,8%, segundo a pesquisa internacional “ICT Facts and Figures 2016”, realizada pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), a agência da ONU para tecnologias da informação. Além da dificuldade de acesso, quem busca informações na internet enfrenta outro problema: a falta de seleção do material disponível. Todo mundo pode publicar o que desejar na internet, o que nos obriga a tomar muito cuidado ao selecionar as fontes, pois nem tudo que é publicado merece nossa confiança. Checar a origem da informação é uma das premissas para quem utiliza a internet como fonte de conhecimento.

https://drauziovarella.uol.com.br/saude-publica/a-importancia-da-informacao-para-a-saude/ (Adaptado)

Em entrevista, pesquisador fala sobre como a desinformação afeta a saúde

Já faz algum tempo, uma expressão em inglês vem causando preocupação e debates na sociedade: fake news. Traduzida como notícias falsas, o termo muitas vezes é usado para se referir aos conteúdos que envolvem boatos e informações fora de contexto com um único objetivo: confundir e desinformar a população. “O fenômeno não é novo e, obviamente, não é natural, mas faz parte de uma configuração cultural constitutiva dos processos da comunicação humana”, explica o pesquisador em comunicação e saúde Igor Sacramento, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz). Nos últimos anos, observa-se um impacto direto da disseminação de notícias falsas e boataria no campo da saúde. Um deles relacionado à vacinação. “Em relação à vacina e às suas tecnologias, o boato sempre existiu como uma expressão de um conjunto de sentimentos como medo, pânico, receio, às vezes até aversão. Com o aumento do uso de dispositivos móveis e aplicativos de mensagens instantâneas, houve uma proliferação desses discursos”, aponta Sacramento. Quando o país enfrentou, entre 2016 e 2017, um surto de casos de febre amarela, as autoridades de saúde buscaram compreender se o fenômeno que vem sendo chamado como desinformação contribuiu para o aumento dos casos e diminuição da cobertura vacinal. Hoje, o reaparecimento de doenças como sarampo e caxumba mantém o alerta ligado e levanta questionamentos sobre como ampliar o alcance de campanhas educativas e mecanismos de checagem de informação.

Qual a diferença entre boato e fake news?

Igor Sacramento: São dois fenômenos distintos, com natureza enunciativa diferente. O boato é intrínseco ao processo de comunicação humana e da própria sociabilidade. Vários trabalhos dizem respeito a isso, como o do sociólogo Norbert Elias, que investigou o papel da fofoca na vida de uma comunidade específica. As notícias falsas, ou fake news, colocam outra dimensão a essa problemática da verdade, que é a da simulação. Elas simulam os dispositivos e procedimentos relacionados às notícias factuais.

Que motivos poderiam explicar a maior proliferação dessas mensagens?

Sacramento: É preciso pensar nos dois pontos de vista: para quem aquela notícia é falsa? Do ponto de vista contemporâneo, o falso e o verdadeiro não são mais vistos como valores absolutos. Além disso, parece que a ciência não é mais vista como capaz de autentificar aquilo que é verdadeiro e aquilo que é falso. No contexto contemporâneo, chamado por alguns autores como a pós-verdade, observa-se uma dogmatização do espaço público, onde as pessoas passam a aceitar somente aquilo em que já acreditam. Tem uma dimensão cultural muito forte dessa dogmatização do espaço público, permeado por dogmas, crenças e convicções. A convicção é uma amarra muito forte em relação a um determinado sistema de crenças, em que você passa a se relacionar com o mundo a partir deste sistema, sem a capacidade de questioná-lo criticamente.

E os cidadãos, seja como leitores, seja como usuários dos serviços de saúde, podem contribuir?

Sacramento: Certamente. No contexto contemporâneo, a experiência está muito associada à participação e à mobilização. Um exemplo disso são os youtubers pró-ciência. São comunicadores da internet que tentam aproximar o público de temas de saúde e ciência, com grande alcance. São iniciativas muito importantes e espontâneas. Eles estão cobrindo diferentes temas, desde história até neurociência. São linguagens capazes de trazer cada vez mais pessoas ao debate público. Não podemos ficar só com o ponto de vista dos pares, uma fala hermética e fechada.

https://portal.fiocruz.br/noticia/em-entrevista-pesquisador-fala-sobre-como-desinformacao-afeta-saude (Adaptado)

A importância da informação e da comunicação: estratégias da promoção da saúde

A informação deverá ser mais comunicativa. Mas, o quê, para quem e de que forma? Não acreditamos que exista uma receita pronta, porque a comunicação é (ou deveria ser) um processo que envolve as trocas de “códigos” presentes nas informações entre várias pessoas, ou interlocutores, por meio de mensagens mutuamente entendíveis (decodificadas), ou seja, deve (ou deveria) ser um processo social que permitisse às pessoas interpretar os códigos das mensagens que provocam trocas de saberes e fazeres. Com certeza, toda aquela informação, com uma melhor comunicação, que tenha sentido, sensibilize e mobilize as pessoas, terá melhores resultados. Não é de um dia para o outro. Na história das doenças, com suas epidemias ou pandemias, tivemos vários exemplos que impactaram a sociedade. Um deles foi a “Revolta da Vacina”, que foi um motim popular ocorrido entre 10 e 16 de novembro de 1904 na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. O pretexto imediato foi uma lei que determinava a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola, mas também associada a causas mais profundas, como as reformas urbanas que estavam sendo realizadas pelo prefeito Pereira Passos e as campanhas de saneamento lideradas pelo médico Oswaldo Cruz, em especial na eliminação do Aedes aegypti e da febre amarela.

As formas como as informações são veiculadas apenas informam, com poucas reflexões. Por isso, necessitamos de uma maneira mais dialogada com os diferentes segmentos da sociedade, de forma intersetorial e em redes territoriais. Assim, entendemos que a comunicação não deve ser vista apenas como transmissão de informações, mas sim como um processo de produção e ressignificação de sentidos sociais, baseada na concepção defendida pelo linguista russo Mikhail Bakthin, que propõe o conceito de “polifonia”, ou seja, que a comunicação não deveria ser vista apenas como a transmissão de informações e, sim, considerada como um processo de produção de sentidos sociais, enquanto relações interculturais.

http://www.comunica.ufu.br/noticia/2020/05/importancia-da-informacao-e-da-comunicacao-na-pandemia-de-coronavirus-estrategias-da
(Adaptado)