Texto 1 - sem problematização
O ativismo social na internet é uma prática relevante da atualidade, pois contribui com a construção de uma sociedade melhor. Isso pode ser dito, pois governos que prejudicam a população podem ser depostos graças a essa forma de ação, bem como valores necessários à humanidade podem ser propagados nas redes sociais, como respeito e tolerância. Assim, é importante potencializar esse positivo cenário de participação social.
É preciso compreender, à luz de Marshall McLuhan, como o ativismo social on-line contribui para a deposição de governantes, por exemplo, os tiranos. Esse intelectual canadense criou o conceito de “aldeia global”, o qual atesta que o mundo tornou-se uma única comunidade devido à ampla troca de informações proporcionada por tecnologias, como as redes sociais. Nessa perspectiva, plataformas como o Facebook e o Instagram transformaram-se no principal meio de comunicação dessa grande sociedade mundial, proporcionando, por exemplo, a possibilidade de ativistas exporem, constantemente, para milhares de outras pessoas, as suas insatisfações com governantes totalitários, os quais oprimiam minorias e agiam de forma corrupta. Em virtude disso, muitos outros indivíduos, igualmente insatisfeitos com tal circunstância, por intermédio da internet, encontram cidadãos com visões políticas e sociais semelhantes, oportunizando a organização desses seres humanos em grupos. Isso foi, exatamente, o que aconteceu em países do Oriente Médio, como Egito e Tunísia, no evento conhecido como “Primavera Árabe”, o qual culminou, felizmente, na deposição de governantes totalitários devido a imensas manifestações populares arquitetadas pelo Facebook contra essas formas de governo. Assim, constata-se que tal circunstancia foi ocasionada em razão de um ativismo social on-line combativo a governos autoritários.
Ademais, é necessário ressaltar como os ativistas contribuem para a propagação de importantes valores humanos. Nesse sentido, é importante frisar que as redes sociais permitem a expressão de minorias, como os homossexuais, possibilitando esses indivíduos de manifestarem-se acerca de suas realidades penosas, como o convívio com o preconceito por meio de xingamentos e agressões nas ruas. Dessa forma, discursos ativistas dos direitos sociais, os quais enfatizam a tolerância e o respeito, podem causar sentimento de empatia em milhares de usuários do X-antigo Twitter-, por exemplo, ganhando notoriedade no âmbito on-line. Esse comportamento se aproxima da afirmação do filósofo alemão Theodor Adorno: “O ser humano estabelece-se na imitação: um homem torna-se um homem apenas imitando outros homens”. Isto é, muitos indivíduos, ao terem contato com esse ativismo social na internet, podem incorporar os saudáveis valores disseminados por essas manifestações, replicando, em sua vida cotidiana, as posturas respeitosas com homossexuais, por exemplo, já preconizadas nessas publicações. Isso faz-se ainda mais relevante considerando-se a imensa abrangência da “web”, ´pois, segundo o IBGE, 3 em cada 4 brasileiros possuem acesso à rede. Dessa forma, constata-se que, devido ao ativismo on-line, um número altamente significante de cidadãos é conscientizado acerca das dificuldades enfrentadas por minorias, contribuindo para a construção de uma sociedade mais tolerante.
Portanto, é necessário fomentar o cenário de ações virtuais. Para isso, as escolas devem incentivar os alunos a realizarem o ativismo social on-line por meio de aulas teóricas e práticas. Essas aulas devem estabelecer discussões sobre a potencialidade das redes sociais e realizar ciberativismo defendendo causas, como o combate ao preconceito contra os homossexuais. Essa proposta tem a finalidade de formar uma nova geração de cidadãos comprometidos com a tolerância e com o respeito e aumentar o número de ativistas na internet. Além disso, as próprias redes sociais podem disseminar, com mais intensidade, as ações de ativismo on-line para os internautas. Assim, mais pessoas podem aderir ao ativismo virtual.
Texto 2 - com problematização
Reivindicar direitos, promover debates, exercer cidadania ilustram a importância do ativismo social na internet, pois ele pode promover melhorias na sociedade. Todavia, existem impasses que dificultam o ciberativismo em função da postura acomodada de alguns indivíduos frente às ações virtuais. Logo, é necessário adotar medidas para fomentar uma atuação positiva na internet.
Em primeiro lugar, é importante salientar por que a internet se mostrou como uma boa ferramenta de mudanças sociais. Isso se dá, porque o mundo virtual, por meio de computador, tablet, smartphone, possibilita um alcance rápido de internautas, já que basta um clique para que uma notícia atinja diversas regiões do globo. Um fato que ilustra essa realidade é a Primavera Árabe, manifestações realizadas em 2011, nos países árabes contra as péssimas condições de vida da população e contra as opressões dos governos ditatoriais. Esses encontros foram articulados principalmente pelos jovens nas redes sociais, sobretudo “Facebbok” e o antigo “Twiter”, e exibidas pelo “Youtube” para que todos, inclusive o ocidente, pudesse entender o propósito dessas revoltas. Dessa forma, esses manifestantes, de forma organizada, expuseram suas insatisfações e conscientizaram aqueles que estavam apáticos até então do tipo de governo a que eles estavam submetidos. Outro exemplo de ativismo on-line é o movimento “Me too”, o qual consiste em um site que apoia meninas e mulheres que foram vítimas de abuso sexual. Por meio desse site, essas mulheres, de diferentes idades, relatam suas péssimas experiências de violência sexual, bem como recebem amparo psicológico de voluntários comprometidos com a causa dessas vítimas. Todo o trabalho do “Me too” teve início nos Estados Unidos e se espalhou por outros países, como no Brasil, com o “Me too Brasil”, por meio da divulgação de suas ações pelas plataformas virtuais. Dessa forma, vidas podem ser salvas e situações, melhoradas com o ciberativismo.
Em segundo lugar, é válido evidenciar que o ativismo on-line, potencialmente transformador, apresenta obstáculos a serem superados. Isso é dito, já que existem falsos ativistas, isto é, pessoas que participam dos debates nas redes sociais, porém ficam acomodados a ações on-line quando é preciso, muitas vezes, participar de uma ação física, como passeatas e debates em espaços públicos para que verdadeiras mudanças sejam efetivadas. Essas ações precisam ultrapassar o limite da internet e alcançar as ruas, os espaços físicos evidenciando à população e às autoridades o que deve ser feito para atender às necessidades de minorias, por exemplo. Esse cenário vai ao encontro do pensamento do sociólogo espanhol Manuel Castells, o qual preconiza que “não basta criticar na internet, é preciso um movimento visível”. Assim, os verdadeiros ativistas virtuais não devem se limitar a denúncias e conscientizações somente pela internet.
Portanto, depreende-se que é necessário fortalecer o ciberativismo. Para tanto, a escola deve mostrar aos discentes a força da internet para iniciar ações ativistas por meio de aulas práticas. É preciso, por exemplo, realizar uma ação para melhorar algum aspecto da instituição escolar com ações iniciadas na “web”. Essa medida tem a finalidade de formar uma geração mais consciente sobre as potencialidades do ativismo on-line. Ademais, os ativistas virtuais devem conscientizar os internautas sobre a necessidade de participar de ações fora da internet para promover as transformações sociais necessárias.