Resumo de redacao: Repertório sociocultural do tema “A prática do phubbing no Brasil contemporâneo”



Repertório sociocultural do tema “O phubbing em questão no Brasil”

Phubbing: como o celular destrói os relacionamentos

A tecnologia nunca deixa de nos surpreender. A cada ano surgem listas intermináveis de celulares novos, computadores e tablets, cada qual mais moderno que o outro. O mesmo ocorre com os programas para eles, que não param de nos oferecer vantagens na hora de nos comunicarmos com os outros. É irônico que aquilo que nos conecta com os que estão longe nos afaste dos que estão perto. O Phubbing chegou para ficar. A aparição dos primeiros celulares foi uma verdadeira revolução. Todo o mundo comentava como era fácil poder conversar com pessoas que viviam a centenas ou milhares de quilômetros de distância. A possibilidade de poder levar esse elemento maravilhoso para todos os lados levou à criação de novos modelos, menores e mais leves.

O que a princípio havia surgido como uma novidade se transformou pouco a pouco em um vício chamado Phubbing. Em pessoas que fazem filas de horas nos estabelecimentos para poder comprar o último modelo; em adolescentes que só vivem para agradar aos outros nas redes sociais e em um surgimento alarmante de novos transtornos relacionados.

 

O que é o Phubbing?

A palavra Phubbing surgiu na Austrália há alguns anos com a união dos termos phone (telefone) e snobbing (desprezar). Podemos defini-la como o fato de ignorar ou menosprezar uma pessoa ou ambiente para estar centrado em qualquer outro tipo de tecnologia móvel. O vício produzido por alguns desses elementos faz com que o indivíduo se abstraia da realidade física e preste mais atenção na virtual. Atualmente é algo muito comum que afeta grande parte da população, gerando uma verdadeira controvérsia.

Os defensores extremos das novas tecnologias afirmam que o Phubbing é simplesmente um dano colateral. Eles pensam que é o preço a pagar por estar conectado ao mundo a baixo custo e em tempo real. Os opositores, por outro lado, são bastante críticos em relação ao tema. Eles acreditam que a sociedade, especialmente a mais jovem, pode ver sua vida condicionada por essa obsessão. A grande insatisfação geral que vivenciamos acontece especialmente a nível social. Passamos o dia desejando coisas novas e assim que as adquirimos, o desejo se renova. Como sociedade de consumo que somos, toda novidade praticamente nos suscita outro desejo.

A polêmica surgiu não só devido à tendinite, aos problemas de visão ou dores nas costas, pescoço e cabeça. Cada vez são mais os acidentes e atropelamentos causados por não prestar atenção suficiente à estrada. A obsessão por obter aprovação e popularidade nas redes sociais também causa problemas físicos, psicológicos e sociais. Além disso, estar mais atento ao celular do que aos nossos parceiros, amigos ou familiares é uma falta de respeito e pode levar a sérios confrontos.

“O verdadeiro problema não é se as máquinas pensam, mas se os homens o fazem”.

-B.F. Skinner-

 

Doenças relacionadas com o Phubbing

Existem várias patologias relacionadas às novas tecnologias. Embora o Phubbing seja uma das mais conhecidos, existem outras que são mais sérias e incomuns. 

FOMO (FearofMissing out)

Trata-se da necessidade de estar continuamente conectado por medo de perder alguma coisa. A obsessão por entrar continuamente no WhatsApp ou nas redes sociais vira uma doença. O indivíduo nem espera as notificações, está continuamente atualizando o mecanismo de pesquisa. São pessoas incapazes de sair de casa sem o celular, chegando a recusar a ir a outras casas ou hotéis se não tiverem Wi-Fi.

Nomofobia

A Nomofobia é o pânico extremo vivido pela ausência do celular. Geralmente ocorre quando o dispositivo não funciona ou foi roubado. As pessoas sofrem verdadeiros de ataques de ansiedade e terror, que condicionam bastante sua percepção.  Assim como aqueles que sofrem com o FOMO, sua principal preocupação é estar perdendo algo durante a ausência de seu celular. Muitas dessas vezes o dinheiro para repará-lo ou para adquirir um novo passa até mesmo para um plano secundário.

Cybercondria

A cybercondria é uma das patologias mais comuns. A Internet é uma grande fonte de informação, mas há que deixar claro que ela não é um médico. Muitas pessoas preferem buscar seus sintomas na internet e acabam diagnosticando a si mesmos com doenças que não têm. A crença de que qualquer fórum ou portal é fiável faz com que se transformem em pessoas muito hipocondríacas. Elas pensam que podem ter qualquer doença, o que chega a ser perigoso, caso decidam se automedicar.

Síndrome da chamada imaginária

Ela também é conhecida como vibração fantasma. As pessoas que sofrem com isso ouvem chamadas que não existem devido à sua extrema obsessão pelo celular. Mesmo sem ter ligado a tela, o indivíduo afirma, com segurança, que ouve o som.

As novas tecnologias podem nos ajudar em muitos aspectos, mas também podem nos causar problemas. Se prestamos mais atenção ao que acontece na tela do que ao que acontece na vida real, as consequências podem ser desastrosas. Interagir com os outros e pensar em nossa saúde são prioridades muito mais importantes do que a internet, e isso é algo que devemos levar em consideração.

https://amenteemaravilhosa.com.br/phubbing/ (Adaptado)

 

Celular vira compulsão com efeitos danosos à saúde e às relações
Cada vez mais integrado à rotina de adultos e crianças, o aparelho se transformou em uma obsessão que pode comprometer o bem-estar físico e mental

A bronca veio de Roma, mais especificamente do altar principal da igreja de Santa MaddalenadiCanossa. Começou como uma pequena parábola, bem ao gosto dos religiosos. “Fechem os olhos e imaginem a cena: à mesa, mamãe, papai e seus filhos. Cada um com o próprio celular, falando. Todos falam, mas externamente. Entre si, não se conversam. Todos se comunicam, não é mesmo? Sim, pelo celular, mas não dialogam.” Depois, prosseguiu mais enfático: “Temos de chegar ao diálogo concreto, porque isso que se faz com o celular é virtual, é líquido”. As palavras, proferidas pelo Papa Francisco há pouco mais de um mês, tocam em um ponto nevrálgico da vida moderna decorrente da popularização dos celulares e smartphones. Obcecadas em navegar pelas redes sociais, entretidas com jogos ou aplicativos e atarefadas em responder a uma cascata interminável de mensagens, as pessoas dedicam horas preciosas de seu dia à tela do celular, a ponto de ignorar interlocutores e as situações que as cercam. Bastante conhecido dos psicólogos e terapeutas, o fenômeno que irritou o papa já tem até nome. Trata-se do phubbing, uma expressão inventada na Austrália que caracteriza a atenção excessiva ao aparelho. “Tal comportamento é o gatilho para uma série de problemas. Os primeiros a aparecer são os de relacionamento”, explica a psicóloga Elizabeth Carneiro, da clínica Espaço Clif, em Botafogo.

Um olhar atento dificilmente deixa de notar em bares, restaurantes ou mesmo reuniões de trabalho a quantidade de gente abstraída do ambiente com os olhos fixos na tela e os polegares ocupados em uma digitação que parece infinita. Parte da explicação é a enorme popularidade de redes como o Facebook. Nada menos que 120 milhões de brasileiros acessam a rede social a partir do celular várias vezes por dia. Outra é o impulso compulsivo com que as pessoas seguem trabalhando fora do expediente — checam se aquele e-mail do cliente ou do chefe já chegou e, caso isso aconteça, imediatamente tamborilam uma resposta, mesmo nos casos que nem exigem tanta urgência assim.

O uso compulsivo do celular acarreta problemas que podem pôr o bem-estar físico e mental em xeque, um fenômeno que não tem passado despercebido pelos especialistas. “Nos últimos anos, a tecnologia de mobilidade tornou-se tão atraente que ficamos deslumbrados e começamos a utilizá-la sem limites, sem consciência, ignorando seus efeitos para a saúde a longo e médio prazos”, explica Anna Lucia King, fundadora do Instituto Delete e doutora em saúde mental. No centro de pesquisa, instalado no câmpus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Praia Vermelha, ela avalia, ao lado do especialista em mídias digitais Eduardo Guedes, o impacto dessa mudança de comportamento e estratégias para o emprego consciente de tecnologias. Ali, eles já realizaram mais de 500 atendimentos gratuitos para identificar problemas mais graves, como o vício em comunicação digital, a exemplo do que ocorre com o jogo, a bebida ou o sexo. “A dependência não está ligada necessariamente ao tempo de conexão, mas a quanto o virtual atrapalha o real”, explica Guedes, um dos autores do primeiro livro brasileiro especializado no assunto. Embora não haja uma relação causa-efeito fácil de ser estabelecida, alguns transtornos psiquiátricos, como ansiedade e depressão, podem estar associados à conexão excessiva pelo celular, assim como fadiga, desvios na coluna, hérnia de disco, tendinite nas mãos e alteração no padrão de sono.

As ciências neurobiológicas explicam por que passamos tanto tempo à frente do celular — e gostamos cada vez mais disso. O aparelho ajuda a deflagrar estímulos que ativam justamente os circuitos cerebrais responsáveis pelo mecanismo de recompensa no sistema nervoso central. É uma situação parecida com a que acontece quando se fuma, consome álcool ou algumas drogas, por exemplo. “Existem evidências científicas bem importantes sobre os efeitos prazerosos de acessar mensagens no WhatsApp e ver curtidas no Facebook”, explica a psiquiatra Analice Gigliotti. “Enquanto nas conversas normais uma pessoa usa em torno de 30% do tempo para falar de si, nas redes sociais esse índice sobe para 90%, e com possibilidade de feedback instantâneo”, justifica o especialista Eduardo Guedes, do Delete. Não à toa, o pânico de se ver sem celular já se tornou um fenômeno da vida moderna. Batizada de nomofobia (de no mobile phonephobia), tal dependência tem sido alvo de uma série de estudos. Um deles, intitulado The World Unplugged Project e conduzido pela Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, propôs a cerca de 1 000 estudantes que se abstivessem de utilizar seus aparelhos por um dia inteiro. No final, eles deveriam relatar a experiência. O impacto foi tão grande que um em cada três participantes admitiu que preferia abrir mão do sexo a deixar de usar o smartphone.

https://vejario.abril.com.br/cidades/celular-vira-compulsao-com-efeitos-danosos-a-saude-e-as-relacoes/ (Adaptado)