Max Weber e o valor de uma ação social
Figura 1 - Retrato de Max Weber - 1894 - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/16/Max_Weber_1894.jpg
Max Weber (1864-1920), junto de Émile Durkheim e Karl Marx , forma a tríada da Sociologia Clássica. O alemão criou a teoria das Ações Sociais e dos Tipos Ideais, além disso, escreveu a célebre obra A ética protestante e o “espírito” do capitalismo, de 1905. Veremos como suas ideias diferiam das de seus contemporâneos e como construiu seu pensamento.
O contexto da Alemanha no período do seu nascimento e crescimento é importante. No final do século XIX, o país se tornou, de fato, um país unificado após 1871. Esse processo foi complicado, com conflitos entre a Prússia, Áustria e a França e consequências para a população. Essa demora em se centralizar afetou a industrialização alemã, que foi tardia. Contudo, foi extremamente acelerada, culminando em um crescimento populacional significativo após 1890, o que trouxe consequências para aquela sociedade. As principais atividades desse ramo estavam na siderurgia, na química e nos transportes, que afetavam de forma contundente a população. O sentimento nacionalista também cresceu nesse período, e deu as cartas no desenvolvimento político.
Weber foi um economista, jurista e sociólogo que lecionou na Universidade de Heidelberg. Na construção do seu pensamento, se distanciou do cientificismo positivista, pois elencava outros elementos. O uso da História, por exemplo, foi fundamental pois analisava as particularidades do caso alemão para entender como aquela sociedade se comportava.
Cria, portanto, a ideia de Ação Social, que se contrapunha à noção de Fato Social de Durkheim ou do método de Comte. A partir da interpretação das estruturas da sociedade, sobretudo nas particularidades dos sujeitos. Dessa forma, compreendia que a ação do indivíduo é fundamental para o social. É assim que surge esse conceito e vemos que ele entendia a sociedade como um conjunto das pessoas e das suas vontades. Nessa análise, ele encontra denominadores comuns, e os agrupa em:
- Ação social tradicional: na qual reside os costumes determinados pela tradição, como festas típicas, gastronomia, vestuário, manifestações populares periódicas e constantes, entre outros.
- Ação social afetiva: aquela baseada na emoção individual, mas que é compreensível para um conjunto, como amor entre parceiros, familiares, raiva, dor, etc.
- Ação social racional: que é subdividida entre: Valores – relacionada aos valores dos indivíduos; Fim – com ideia de finalidade mesmo.
Temos, então, ações sociais realizadas pela razão e pela emoção. A partir disso, cria seus Tipos Ideais. Estes são conceitos criados para auxiliar na interpretação da sociedade, ou seja, explicam a realidade. Vale ressaltar que, apesar do nome, não é uma concepção perfeita ou no sentido de almejada. São formas de caracterização dos fenômenos sociais e históricos também. O Historicismo, por exemplo, foi fundamental nesse processo de análise do contexto e das particularidades, em detrimento do cientificismo objetivo de Comte. Weber não era contra a ciência, mas acreditava em outras formas de abordagem para os estudos sociológicos. Ele entendia que o sociólogo tinha opinião e subjetividade no seu fazer. Contudo, o rigor científico e metodológico seria o diferencial para que ele pudesse focar no seu objetivo final: análise da sociedade.
O tipo ideal, portanto, é uma reunião de características consideradas “em comum” ao objeto que é estudado. Podemos definir vários exemplos, mas aqui trago o Absolutismo. Ele tem características gerais, como centralização política nas mãos do monarca, direito divino dos reis, mercantilismo etc. A partir disso, temos elementos que auxiliam no entendimento da sociedade e do momento em que ela está. Contudo, não são pontos universais, pois sabemos que cada país possui seu tipo de Absolutismo e particularidades não só nos conceitos como na prática. É importante entender que mesmo que haja a generalização, esta não era o ponto principal na teoria weberiana. Ele acreditava na compreensão social e do período para a construção dos seus tipos.
O autor deu bastante ênfase na criação do tipo ideal do Capitalismo, e seu surgimento, que ele relaciona à ética protestante. Assim, ele formula explicações para a sua realidade: as transformações da sociedade alemã com o desenvolvimento industrial, com a unificação do país, com as mudanças políticas. É um sistema econômico com premissas generalizantes, mas, novamente, cada local tem sua aplicação, causas e consequências.
O protestantismo foi um choque aos costumes católicos, e Weber conseguiu criar uma relação de causa com o desenvolvimento do capitalismo. A ênfase se deu na crença calvinista, ao criar um tipo ideal que corresponderia às características da sua hipótese de ligação com o capitalismo. O espírito dele ganha força nas ideias de exaltação do trabalho feita pela religião pregada por João Calvino (1509-1564). A condenação ao lazer e ao ócio era uma das bases do modo de vida defendidos por eles. O enriquecimento, que seria consequência do trabalho, ocorreria na alma e significava, também, o caminho correto para a salvação eterna. O capitalismo surgiu, assim, com força naquela modernidade que contestava o modus operandi até então e que transformou os ideais religiosos que os dominavam. Portanto, esse sistema surgiu nesse processo de transformações.
Houve mudanças nas relações de trabalho e Weber analisa como o capitalismo se adentrou nos costumes ocidentais desde então. Vemos, então, que ele criou conceitos para entender o desenvolvimento social, inclusive analisando a origem de sistemas econômicos. Sua forma de construção sociológica se baseava na compreensão de cada elemento e conteúdo que formam seu objeto de estudos.
Max Weber trouxe uma nova forma de se pensar a sociedade e analisa-la. Suas teorias sobre a Ação Social, Tipos Ideais e o Capitalismo influenciaram muitos pensadores ocidentais não só no início do século XX, como também hoje em dia. Nos vestibulares, ele é cobrado em comparação aos seus pares: Durkheim e Marx. Além disso, os conceitos aparecem, com frequência, nas provas.
1. (Unisc 2015) Max Weber estuda a sociedade de seu tempo, buscando entender os mecanismos e processos relevantes da vida social; ele conclui que a sociedade contemporânea, tomada pela burocracia, substituiu as antigas formas de dominação por uma nova, cuja eficácia supera os controles das sociedades anteriores.
Alguns dos enunciados abaixo poderão estar relacionados ao texto acima.
1. Regulação do trabalho industrial em seus processos de produção.
2. O auge do espírito racional é o Romantismo do século XIX.
3. A burocracia está presente na indústria, na educação e na guerra.
4. O avanço crescente da formação técnica e exigência profissional no trabalho.
5. Regulação pública das profissões.
Assinale a alternativa correta.
a) Todos os enunciados estão corretos.
b) Todos os enunciados estão incorretos.
c) Somente os enunciados 1 e 2 estão corretos.
d) Somente os enunciados 3 e 5 estão corretos.
e) O único enunciado incorreto é o 2.
2. (Enem 2015) A crescente intelectualização e racionalização não indicam um conhecimento maior e geral das condições sob as quais vivemos. Significa a crença em que, se quiséssemos, poderíamos ter esse conhecimento a qualquer momento. Não há forças misteriosas incalculáveis; podemos dominar todas as coisas pelo cálculo.
WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH, H., MILLS, W. (Org.). Max Weber: ensaios de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado).
Tal como apresentada no texto, a proposição de Max Weber a respeito do processo de desencantamento do mundo evidencia o(a)
a) progresso civilizatório como decorrência da expansão do industrialismo.
b) extinção do pensamento mítico como um desdobramento do capitalismo.
c) emancipação como consequência do processo de racionalização da vida.
d) afastamento de crenças tradicionais como uma característica da modernidade.
e) fim do monoteísmo como condição para a consolidação da ciência.
Gabarito:
Questão 1 - [E] – essa pergunta exige conhecimento das características do pensamento de Weber e, a partir daí, saber o que também não faz parte.
Questão 2 - [D] – a racionalidade é base de toda a ciência, e o questionamento do tradicional.
Max Weber: Ação Social;
- Ação social tradicional; Ação social afetiva; Ação social racional de Valores e de Fim.
Tipos Ideais - Capitalismo