Resumo de sociologia: Globalização e a sociedade digital



O que é a globalização?

Processo de aproximação entre diversos povos, sociedades e nações existentes em todo o mundo, seja através do âmbito econômico, social, cultural ou político. Na atualidade sua principal característica está relacionado a interação entre diversos países a partir de ligações temporárias ou permanentes, como as relações de mercados. A globalização  permitiu maior conexão e interação entre diferentes pontos do mundo, tornando possível o compartilhamento de hábitos, costumes e técnicas. Embora seja comum atribuirmos o surgimento da globalização às Grandes Navegações, que ocorrem nos séculos XV e XVI, isso não é verdade, pois o fenômeno que ocorreu nesse período foi a mundialização, contato entre pessoas e culturas geograficamente distintas. A globalização surge a partir da interação mundial promovida pela flexibilização dos capitais. Fenômeno que facilitou seu deslocamento de um país a outro, reduzindo os custos e colaborando para exploração do trabalho em países de Terceiro Mundo. A partir das grandes mudanças que possibilitou, sobretudo, política, cultural e econômica, intensificadas pelas tecnologias da informação, colaborou para criar a noção de “aldeia global”, isto é, concepção de que tudo estaria conectado, reduzindo o mundo a uma organização semelhante a uma aldeia. O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos é um grande destaque ao problematizar o tema, ao apontar os conflitos e efeitos da globalização.

 

Sociedade da Informação

O surgimento da globalização associada ao desenvolvimento das tecnologias da informação contribui para comprimir as noções de espaço e tempo, criando, assim, uma perspectiva de mundo menor. Com auxílio das invenções tecnológicas, o homem moderno se desloca, se comunica e se informa  com maior velocidade. Paradoxalmente nos tornamos mais próximos e distantes ao mesmo tempo, pois à medida que as inovações tecnológicas viabilizam a comunicação entre distintas culturas e povos ao redor do mundo, a necessidade de estar presente perde sua relevância e, assim, as relações se tornam virtuais e sintéticas. Somos habilitados a realizar quase tudo no mundo moderno, fazemos transferências financeiras para qualquer lugar do mundo, contactamos amigos em um países distintos e até mesmo viajamos em um curto período a distâncias outrora inimagináveis. Na sociedade na qual não só a informação, mas também o veículo de transmissão possui extrema relevância, o desenvolvimento de tecnologias da informação ganham papel de centralidade. Seu papel é tão importante no processo e desenvolvimento da globalização que sem a grande revolução ocorrida no campo da tecnologia da informação, sua aparição e funcionamento não teriam ocorrido. Tais avanços tecnológicos possibilitaram a organização das sociedades modernas a partir de redes, as quais estruturaram a vida moderna nos aspectos políticos, culturais e sociais.

 

Os efeitos da globalização na pós-modernidade

Um dos principais nomes dos estudos da pós-modernidade foi o sociólogo jamaicano Stuart Hall (1932-2014), o qual buscou compreender através de diversas pesquisas os efeitos e as mudanças culturais criadas a partir dos inúmeros aspectos do processo de globalização. Em seu livro A Identidade Cultural na Pós-Modernidade, de 1992, Hall aponta os efeitos negativos que sofreram os países periféricos no processo de globalização. Segundo o autor, houve nesse contexto uma dificuldade acentuada na formação da identidade cultural em alguns países que passaram a sofrer influência direta do pioneirismo europeu e estadunidense, causada tanto pela ruptura com as instituições tradicionais quanto pela diversidade de valores e crenças entre outros aspectos que contribuíram para desorientar a formação cultural nos países que não foram protagonistas no processo de globalização no mundo moderno. Para Hall, o avanço e supremacia desses princípios sobre os países não europeus, foi suficiente para interromper a formação cultural desses povos a partir de suas próprias tradições, costumes e valores. Desse modo, tanto a subjetividade, quanto as coletividades são afetadas, na medida que os valores e tradições que as conduziam são forçados a adesão coercitiva de práticas e hábitos europeus mundialmente difundidos. Hall ainda aponta três principais consequências para formação cultural a partir da globalização, são elas: desintegração das identidades nacionais, resistência à globalização e produção de novas identidades culturais. Salientando que a globalização não diminuiu as desigualdades políticas e econômicas, pelo contrário, contribui para sua manutenção a partir da reafirmação simbólica do poder Europeu.

 

O multiculturalismo na era da globalização

A inter-relação entre várias culturas em um mesmo ambiente, multiculturalismo, é um dos principais aspectos da globalização no mundo moderno. O fenômeno pode e acontece em diferentes níveis de interatividade nos mais variados países ao redor do mundo. Ocorre tanto a partir das imigrações de povos, um dos principais fatores da diversidade cultural existente, como também a partir de outros fatores de integralização e embasamento sócio-cultural. A ideia de multiculturalismo pressupõe necessariamente relações e vínculos entre diferentes grupos culturais em função das ligações necessárias para o embasamento multicultural. Isso também pode projetar, em algumas vezes, a noção ou ideia de uma harmonia existencial entre as diferentes culturas, sendo constantemente alvo de múltiplas críticas e discussões. É comum em debates envolvendo sociólogos e antropólogos a divergência quanto a existência do multiculturalismo em aspectos harmônicos, isto é, quanto a existência pacífica em função das possibilidades das relações globais. Alguns autores são céticos quanto a essa visão, pois, na verdade, a vertente provável é uma imposição das culturas dominantes que impõem comportamentos e práticas de ações sociais ao longo do processo de globalização. As discussões são muitas, as perspectivas diversas e as interpretações na maioria das vezes divergem quanto à eficácia do multiculturalismo em viabilizar a comunicação e interação entre os diferentes povos no mundo moderno. Embora sua bandeira seja o conciliação entre as distintas culturas existentes sem discriminação de seus aspectos peculiares.