Resumo de sociologia: Karl Marx e a crítica ao capitalismo



Karl Marx e a crítica ao capitalismo

Figura 1 - Retrato de Karl Marx - John Jabez Edwin Mayall - 1875 - Instituto Internacional de História Social - Amsterdã/Holanda - John Jabez Edwin Mayal [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Karl_Marx_001.jpg">via Wikimedia Commons</

Karl Marx (1818-1883) é um dos principais pensadores do século XIX e, com Émile Durkheim e Max Weber forma a tríade da Sociologia Clássica. Ao discorrer sobre o capitalismo, em O Manifesto Comunista de 1848, a Ideologia Alemã, publicada apenas em 1932 e O Capital, de 1867, Marx se tornou um dos maiores entendedores desse sistema, pois para criticar qualquer coisa devemos compreendê-la antes. Sua teoria ficou conhecida como marxismo e até hoje influencia diversos intelectuais, que concordam com ele ou não. Abordaremos o materialismo histórico, os conceitos formulados por ele e sua visão de sociedade.

Marx foi um filósofo que promoveu uma teoria prática, que tinha a função de mudar a situação da sociedade mesmo. O contexto do século XIX e do surgimento da sociologia, como vimos em Introdução à Sociologia e o paradigma da ciência é importante para entender do que é e de onde surge a fala do alemão. A sua visão é de que o mundo estava se transformando em mercadoria, trocando a importância das relações sociais e da humanidade pelo acúmulo de riqueza ou a busca dela, já que nem todos podem alcançá-la. Então, Marx tinha o ímpeto revolucionário, da mudança estrutural da sociedade e, para isso, ele faz uma análise mais aprofundada sobre ela.

A crítica ao capitalismo já existia antes de Marx. Saint-Simon (1760-1825) no século XVIII é um exemplo, outros como Proudhon (804-1865) também teorizava sobre a exploração do trabalho. As ideias do autor alemão se mantiveram presente pois alinhou uma visão política, filosófica e econômica na criação do seu método científico que armaria o homem com o entendimento do seu papel na sociedade e, finalmente, mudar a situação.

Com a publicação do O Manifesto Comunista, que escreveu com seu amigo Friedrich Engels (1820-1895), delineou o conceito de materialismo histórico, no qual a História é formada pela dialética da luta de classes. Isto é, o conflito entre grupos é a força motriz do processo histórico. essa formulação dialética foi inspirada na teoria de Hegel que, de modo geral, falava sobre o determinismo histórico e a tese, antítese e a síntese. A geração de Marx foi influenciada pelo pensamento hegeliano assim como fez críticas também.

Para entender o materialismo histórico, devemos nos recordar que questões metafísicas sobre matéria, ideia etc. faziam parte da filosofia desde o início. No caso de Marx, ele acreditava na existência de um mundo material além da razão humana, ou seja, o homem não precisava racionalizar sobre aquilo para que existisse. Assim, o material era a referência primeira para a formulação de qualquer ideia feita pelo homem. A materialidade fazia do sujeito o que ele era. É importante entender isso para que a crítica ao capital ficasse mais clara.

As relações sociais são fortemente baseadas na economia e é o conflito de classe que as move. Classes são grupos de pessoas que tem lugares e interesses em comum. Os atritos são origem e modus operandi das classes, isto é, sempre haverá disputas porque cada um quer que a sua vontade seja atendida. É a partir daí que temos as mudanças durante a História, que foi permeada por diferentes modos de produção.

Atentem-se que a sociedade, para Marx, funciona na relação entre infraestrutura e superestrutura. A primeira seria a estrutura econômica da sociedade em um determinado período. É o desenvolvimento do homem em relação ao que produz, por isso se relaciona com a economia. Já a superestrutura era a política, lei, moral, religião daquele momento, e é possível compreender a adoção de determinados sistemas, governos, crenças etc. a partir da análise econômica, pois esta guia a outra. É daí que vem a criação dos modos de produção como base de compreensão da história. São esses: primitivo, escravista, asiático, feudal, capitalista, e propõe a formação do modo de produção socialista. Este só seria estabelecido após a revolução, que é a parte do conflito de classes que move a humanidade.

No século XIX, a sociedade vivia o sistema capitalista marcado pela luta entre operários e os detentores dos meios de produção. Enquanto o primeiro tem apenas sua força de trabalho em comparação ao burguês que possui o capital, a fábrica, indústrias etc. Porém, Marx, e outros pensadores, acreditavam que se você produz algo, o resultado é proveniente daquele ato e não do dinheiro ou do capital. Você pode comprar um pedaço madeira, mas quem o transforma em móvel dá o sentido ao objeto. No capitalismo, contudo, se você compra a máquina, o fio e a eletricidade, não importa quem liga o aparelho e o manipula. Dessa forma, o trabalhador é alienado da sua potência.

Esse sistema é tão complexo, que o trabalhador é engolfado por ele e tem poucos meios de sair. A ideologia, para Marx, é a ferramenta utilizada pela classe dominante para impor sua vontade. Com essas crenças e pensamentos, o homem não consegue observar a desigualdade à qual é exposto. O conceito de alienação do autor se relaciona ao destino final do produto. O resultado do esforço do trabalhador não é dele ou consumido por ele, que se aliena do material e também de si.

O lucro embolsado pelo capitalista é chamado de mais-valia e na visão do autor, é o valor agregado ao produto pelo operário que não recebe parte desse excedente. Portanto, a mais-valia era o resultado dessa relação desigual que permeava toda a sociedade, já que a riqueza não ficava com quem a produz. Aí reside a desigualdade estrutural da sociedade capitalista, os interesses de classe ordem o social, formando uma fenda intransponível entre elas. Essa diferença que deveria ser eliminada, pois essa relação de produção criava uma sociedade baseada no valor de troca, retirando qualquer possibilidade de relação digna entre os homens.

Um ponto importante a ser colocado para discussão é que Marx é pouco lido pela maioria dos brasileiros, mas julgado a partir do que marxistas interpretaram da sua obra ou de críticos da mesma. A intenção aqui é promovermos o pensamento crítico e entendermos a sua teoria dentro do contexto e importância em que estão inseridas. A partir do momento em que lançamos uma teoria, ela passa a ser produto de todos, e não é inteligente julgar o autor pela visão de terceiros.

A doutrina de Marx cai, com frequência, comparada aos seus contemporâneos. Além disso, os conceitos principais, como materialismo histórico, mais-valia, luta de classes são muito importantes para entender e interpretar textos sobre ele.

1. (Ueg 2017) O ser humano é explicado por diversas abordagens sociológicas e filosóficas que propõem diferentes concepções de natureza humana, chegando mesmo a negá-la.

Em relação a tais concepções, tem-se o seguinte:

a) Marx compreendia a natureza humana a partir das necessidades humanas, especialmente o desenvolvimento de sua sociabilidade, e que, com o surgimento das classes sociais e da alienação, essa natureza seria negada.   

b) a sociologia recusa totalmente a ideia de natureza humana, pois essa natureza seria metafísica, já que o ser humano é um produto social e histórico e o indivíduo nasce como uma folha em branco, na qual a cultura escreve seu texto.   

c) Durkheim concebia a existência de uma dupla natureza humana, sendo que uma natureza humana seria caracterizada pela violência e a outra pela razão, cabendo à socialização o papel de superar ambas pela solidariedade.   

d) para Kant e Hegel, a natureza humana era uma criação ideológica do iluminismo, que deveria ser superada por uma filosofia racionalista que reconhecesse que o ser humano é um projeto gestado pela razão.   

e) Nietzsche considerava que a essência do ser humano é a racionalidade, e cuja existência é comprovada pelo fato de que somente os seres pensantes possuem certeza de sua existência a partir do próprio ato de pensar.    

2. (Uel 2018) Leia o texto a seguir.

Assim como Darwin descobriu a lei do desenvolvimento da natureza orgânica, Marx descobriu a lei do desenvolvimento da história humana. A produção dos meios imediatos de vida, materiais e, por conseguinte, a correspondente fase de desenvolvimento econômico de um povo ou de uma época é a base a partir da qual tem se desenvolvido as instituições políticas, as concepções jurídicas, as ideias artísticas. A descoberta da mais-valia clareou estes problemas.

(Adaptado de: ENGELS, F. Discurso diante do túmulo de Marx. 1883. Disponível em: <http://www.marxists.org/espanol/m-e/1880s/83-tumba.htm>. Acesso em: 11 set. 2017.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a concepção materialista da história, assinale a alternativa correta.

a) Existem leis gerais e invariáveis na história, que fazem a vida social retornar continuamente ao ponto de partida, isto é, a uma forma idêntica de exploração do homem sobre o homem.   

b) A mais-valia, ou seja, uma maneira mais eficaz de os proprietários lucrarem por meio da venda dos produtos acima de seus preços, é uma manifestação típica da sociedade capitalista e do mundo moderno.   

c) O darwinismo social é a base da concepção materialista da história na medida em que esta teoria demonstra cientificamente que somente os mais aptos podem sobreviver e dominar, sendo os capitalistas um exemplo.   

d) A partir de intercâmbios na infraestrutura da vida social, desenvolve-se um conjunto de relações que passam a integrar o campo da superestrutura, com uma interdependência necessária entre elas.   

e) A sociedade burguesa, por intensificar a exploração dos homens através do trabalho assalariado, constitui-se em forma de organização social menos desenvolvida que as anteriores.   

Gabarito:

Questão 1 - [A] – Para Marx, o homem é resultado das relações de produção e é alienado, por meio da ideologia, perdendo a capacidade de entender que está sendo explorado.

Questão 2 - [D] – Aqui, é necessário entender os conceitos de superestrutura e infraestrutura, pois são dependentes entre si e base do sistema capitalista.

Karl Marx (1818-1883)

- Sociologia Clássica – com Émile Durkheim e Max Weber

- O Manifesto Comunista de 1848; Ideologia Alemã de 1932; O Capital, de 1867

- Conceitos: materialismo histórico; luta de classes; infraestrutura e superestrutura; modos de produção (primitivo, escravista, asiático, feudal, capitalista e socialista); ideologia; alienação; mais-valia