Estratificação social
A desigualdade e estratificação social é para a sociologia um grande campo de estudo. Os critérios usados para estudá-la são múltiplos e diversificados e vão desde a violência até a cor, a raça e nacionalidade. No entanto, o principal marcador utilizado ao longo dos anos para segregação dos indivíduos em classes sociais distintas é o status social e poder econômico. De certa forma, é possível afirmar que esses estudos objetivam compreender como a sociedade se organiza hierarquicamente, pois permitem entender como o poder e as riquezas de um determinado país ou sociedade é dividido e, assim, buscar alternativas para aplacar as diferenças entre aqueles muito ricos e os extremamente pobres. As principais referências nos estudos acerca das formas de estratificações sociais são respectivamente Karl Marx e Max Weber. Segundo Marx, a desigualdade social surge a partir da divisão social do trabalho que condiciona as condições necessárias para a imobilidade social no estamento econômico. Ele classificou a estratificação social em duas vertentes: o proletariado e a burguesia. A primeira detentora dos meios de produção, enquanto a segunda, a classe operária, é subordinada à exploração da primeira. Weber as nomeou de estamentos sociais referindo-se à posição social que cada grupo ocupa na dinâmica social. Para ele, essa estrutura social mudaria ao longo do tempo de acordo com maior ou menor grau de intensidade, permitindo a mobilidade social.
A questão racial
As teorias do racismo científico que constituíam a principal base para a “missão civilizadora” do homem branco, representaram no Brasil e no mundo um grande impacto sobre a questão étnico-racial. No Brasil, as referidas teorias fomentaram a tese do embranquecimento social a fim de minimizar a “má influência” genética constituída pela grande maioria negra e indígena, obstáculo para o desenvolvimento da civilização brasileira. Um dos primeiros intelectuais brasileiros a tratar do problema foi o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre. Crítico da leitura determinista, Freyre foi responsável por ressignificar a visão pessimista que havia sobre a miscigenação, ao defender que as múltiplas relações sociais são construções históricas e culturais, e não determinações genéticas. Freyre acreditava que o maior valor do Brasil se encontrava na diversidade de povos e culturas, não encontrada em nenhum outro lugar do mundo. Florestan Fernandes, foi outro grande nome da sociologia brasileira a contribuir com suas ponderações acerca da questão étnica no Brasil. Críticos da intitulada “democracia racial”, isto é, a ideia de que haveria uma igualdade nas relações entre brancos e negros no Brasil, Fernandes aponta que tudo não passava de utopia, pois não havia precedentes suficientes para ocultar as desigualdades naturalizada na sociedade por anos de dominação e escravidão do negro africano. Nos Estados Unidos, as lutas étnicas sociais tiveram como principais expoentes Malcolm X e os Panteras Negras, além de Martin Luther King, protagonizando movimentos que exigiam não só o fim do racismo e da violência, como também a igualdade civil.
A questão de gênero (Movimento Feminista 1ª E 2ª Onda)
A primeira onda do feminismo teve início com a Revolução Francesa, em 1789, e permaneceu até meados do século XX. Teve como principais epicentros a Europa, sobretudo, França e Inglaterra, e os Estado Unidos. As principais reivindicações nesse contexto, foram o sufrágio universal e melhores condições nas fábricas e indústrias que começavam a dominar a paisagem das principais cidades europeias e estadunidenses. Os movimentos ganharam força com a adesão da escritora e ativista social britânica Mary Wollstonecraft, autora do livro Uma reivindicação pelos direitos da mulher, de 1792. O Dia Internacional da Mulher, criado em 8 de março de 1921, representa hoje um símbolo dos movimentos feministas por equiparação de direitos. Apesar de muita pressão no Brasil, as reivindicações só obtiveram êxito na constituição de 1934, no governo de Getúlio Vargas. A obra Segundo Sexo (1949) da filósofa francesa Simone de Beauvoir é considerado um dos marcos divisores entre a primeira e segunda onda do feminismo, na qual a autora enfatiza a necessidade de lutar por direitos iguais e cria uma longa discursão entre sexo e gênero ao afirmar que “ninguém nasce mulher, torna-se mulher”. Os movimentos da segunda onda explodiram, sobretudo, a partir de 1960 reivindicando direitos econômicos, sexuais e reprodutivos, como o direito ao aborto e a ocupação de cargos iguais aos dos homens. Nesse cenário, consagraram-se conceitos como misoginia (aversão as mulheres), homofobia (repulsão a quem se sente atraído pelo mesmo sexo), transfobia (repúdio a indivíduos travestis ou transgênero), além de sexismo (discriminação com base em diferenças sexuais).
A questão de gênero (Movimento Feminista 3ª Onda)
A terceira onda do feminismo surgiu em meados dos anos de 1990 e contou com a participação de inúmeros filósofos pós-modernos. Inserida em um universo de novas perspectivas, essa fase do feminismo promoveu fortes críticas às fases precedentes, representativas dos interesses das mulheres brancas de classe média alta. Os movimentos feministas passaram a contar com diversas mobilizações de mulheres negras reivindicando espaços para demonstrar o grande abismo existente entre mulheres brancas e negras com diferentes condições sociais e étnicas. A visão crítica das feministas que integravam o próprio movimento possibilitou o desenvolvimento de novas ideias e perspectivas a fim de contemplar horizontes ainda sobre margem na luta por igualdade. A pauta sobre o gênero, abordados nas ondas predecessoras por autoras como Simone de Beauvoir, emergiu novamente na voz de filósofas como a norte-americana Judith Butler, escritora do livro Problemas de Gênero (1990), considerada uma das obras fundadoras da teoria queer, e Teresa de Lauretis, outra importante teórica da temática abordada por Beauvoir e Butler. Importantes movimentos sociais surgiram no Brasil a partir da década de noventa, tanto como protesto a homofobia, misoginia e transfobia, quanto pela pouca visibilidade desses grupos sociais, como a consagrada Parada do Orgulho Gay e a Marcha das Vadias. Tais movimentos defendem, sobretudo, uma leitura não binária da sexualidade humana e denunciam as violências sofridas pelos que não compartilham uma sexualidade hétero.