(AFA - 2016) ATENO: O TEXTO ABAIXO FOI TRANSCRITO COMO NO ORIGINAL E OS DESVIOS DA NORMA PADRO, NELE PRESENTES, SERO OBJETOS DE ANLISE DESTA PROVA. TEXTO I Quarto de Despejo O grito da favela que tocou a conscincia do mundo inteiro 2 de MAIOde 1958. Eu no sou indolente. H tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava que no tinha valor e achei que era perder tempo. ...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheo com mais ateno. Quero enviar sorriso amavel as crianas e aos operarios. ...Recebi intimao para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel. A noite os meus ps doiam tanto que eu no podia andar. Comeou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o Jos Carlos. A intimao era para ele. O Jos Carlos tem 9 anos. 3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu no tenho gordura. Os meninos esto nervosos por no ter o que comer. 6 de MAIO. De manh no fui buscar agua. Mandei o Joo carregar. Eu estava contente. Recebi outra intimao. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12 Delegacia. ...o que eu aviso aos pretendentes a poltica, que o povo no tolera a fome. preciso conhecer a fome para saber descrev-la. Esto construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo Theatro Nilo. 9 de MAIO. Eu cato papel, mas no gosto. Ento eu penso: Faz de conta que estou sonhando. 10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era to amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimao. (...) O Tenente interessou-se pela educao dos meus filhos. Disse-me que a favela um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao pas. Pensei: se ele sabe disso, porque no faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. No posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que j passou fome. A fome tambem professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e nas crianas. 11 de MAIO. Dia das mes. O cu est azul e branco. Parece que at a natureza quer homenagear as mes que atualmente se sentem infeliz por no realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje no vai chover. Hoje o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar po amanh, porque eu s tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabea de um porco no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos esto sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles no so exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. As estrelas esto ocultas. O barraco est cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. assim que os favelados matam mosquitos. 13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. um dia simpatico para mim. o dia da Abolio. Dia que comemoramos a libertao dos escravos. Nas prises os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora so mais cultos. E no nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho s feijo e sal. A chuva est forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo at passar a chuva para mim ir l no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguia. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho d dos meus filhos. Quando eles v as coisas de comer eles brada: Viva a mame!. A manifestao agrada-me. Mas eu j perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o Joo pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim: Dona Ida peo-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje choveu e no pude catar papel. Agradeo. Carolina (...) Choveu, esfriou. o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera comeou a pedir comida. E eu no tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual a fome! (DE JESUS, Carolina Maria.Quarto de Despejo.) O ttulo do livro Quarto de Despejo pode sugerir algumas inferncias. Assinale aquela que NO pode ser comprovada pelo relato.
(AFA - 2016) ATENO: O TEXTO ABAIXO FOI TRANSCRITO COMO NO ORIGINAL E OS DESVIOS DA NORMA PADRO, NELE PRESENTES, SERO OBJETOS DE ANLISE DESTA PROVA. TEXTO I Quarto de Despejo O grito da favela que tocou a conscincia do mundo inteiro 2 de MAIOde 1958. Eu no sou indolente. H tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava que no tinha valor e achei que era perder tempo. ...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheo com mais ateno. Quero enviar sorriso amavel as crianas e aos operarios. ...Recebi intimao para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel. A noite os meus ps doiam tanto que eu no podia andar. Comeou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o Jos Carlos. A intimao era para ele. O Jos Carlos tem 9 anos. 3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu no tenho gordura. Os meninos esto nervosos por no ter o que comer. 6 de MAIO. De manh no fui buscar agua. Mandei o Joo carregar. Eu estava contente. Recebi outra intimao. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12 Delegacia. ...o que eu aviso aos pretendentes a poltica, que o povo no tolera a fome. preciso conhecer a fome para saber descrev-la. Esto construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo Theatro Nilo. 9 de MAIO. Eu cato papel, mas no gosto. Ento eu penso: Faz de conta que estou sonhando. 10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era to amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimao. (...) O Tenente interessou-se pela educao dos meus filhos. Disse-me que a favela um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao pas. Pensei: se ele sabe disso, porque no faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. No posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que j passou fome. A fome tambem professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e nas crianas. 11 de MAIO. Dia das mes. O cu est azul e branco. Parece que at a natureza quer homenagear as mes que atualmente se sentem infeliz por no realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje no vai chover. Hoje o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar po amanh, porque eu s tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabea de um porco no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos esto sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles no so exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. As estrelas esto ocultas. O barraco est cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. assim que os favelados matam mosquitos. 13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. um dia simpatico para mim. o dia da Abolio. Dia que comemoramos a libertao dos escravos. Nas prises os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora so mais cultos. E no nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho s feijo e sal. A chuva est forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo at passar a chuva para mim ir l no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguia. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho d dos meus filhos. Quando eles v as coisas de comer eles brada: Viva a mame!. A manifestao agrada-me. Mas eu j perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o Joo pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim: Dona Ida peo-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje choveu e no pude catar papel. Agradeo. Carolina (...) Choveu, esfriou. o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera comeou a pedir comida. E eu no tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual a fome! (DE JESUS, Carolina Maria.Quarto de Despejo.) Dirio um gnero textual no qual so registrados acontecimentos cotidianos com base em uma perspectiva pessoal. A partir dessa definio correto afirmar que, no texto,
(AFA - 2016) ATENO: O TEXTO ABAIXO FOI TRANSCRITO COMO NO ORIGINAL E OS DESVIOS DA NORMA PADRO, NELE PRESENTES, SERO OBJETOS DE ANLISE DESTA PROVA. TEXTO I Quarto de Despejo O grito da favela que tocou a conscincia do mundo inteiro 2 de MAIOde 1958. Eu no sou indolente. H tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava que no tinha valor e achei que era perder tempo. ...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheo com mais ateno. Quero enviar sorriso amavel as crianas e aos operarios. ...Recebi intimao para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel. A noite os meus ps doiam tanto que eu no podia andar. Comeou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o Jos Carlos. A intimao era para ele. O Jos Carlos tem 9 anos. 3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu no tenho gordura. Os meninos esto nervosos por no ter o que comer. 6 de MAIO. De manh no fui buscar agua. Mandei o Joo carregar. Eu estava contente. Recebi outra intimao. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12 Delegacia. ...o que eu aviso aos pretendentes a poltica, que o povo no tolera a fome. preciso conhecer a fome para saber descrev-la. Esto construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo Theatro Nilo. 9 de MAIO. Eu cato papel, mas no gosto. Ento eu penso: Faz de conta que estou sonhando. 10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era to amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimao. (...) O Tenente interessou-se pela educao dos meus filhos. Disse-me que a favela um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao pas. Pensei: se ele sabe disso, porque no faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. No posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que j passou fome. A fome tambem professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e nas crianas. 11 de MAIO. Dia das mes. O cu est azul e branco. Parece que at a natureza quer homenagear as mes que atualmente se sentem infeliz por no realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje no vai chover. Hoje o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar po amanh, porque eu s tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabea de um porco no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos esto sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles no so exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. As estrelas esto ocultas. O barraco est cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. assim que os favelados matam mosquitos. 13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. um dia simpatico para mim. o dia da Abolio. Dia que comemoramos a libertao dos escravos. Nas prises os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora so mais cultos. E no nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho s feijo e sal. A chuva est forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo at passar a chuva para mim ir l no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguia. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho d dos meus filhos. Quando eles v as coisas de comer eles brada: Viva a mame!. A manifestao agrada-me. Mas eu j perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o Joo pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim: Dona Ida peo-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje choveu e no pude catar papel. Agradeo. Carolina (...) Choveu, esfriou. o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera comeou a pedir comida. E eu no tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual a fome! (DE JESUS, Carolina Maria.Quarto de Despejo.) Por meio do discurso de Carolina Maria de Jesus, percebemos marcas de preconceitos existentes na poca em que ela escreveu seu texto. Assinale a opo que ilustra explicitamente essa marca.
(AFA - 2016) ATENO: O TEXTO ABAIXO FOI TRANSCRITO COMO NO ORIGINAL E OS DESVIOS DA NORMA PADRO, NELE PRESENTES, SERO OBJETOS DE ANLISE DESTA PROVA. TEXTO I Quarto de Despejo O grito da favela que tocou a conscincia do mundo inteiro 2 de MAIOde 1958. Eu no sou indolente. H tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava que no tinha valor e achei que era perder tempo. ...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheo com mais ateno. Quero enviar sorriso amavel as crianas e aos operarios. ...Recebi intimao para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel. A noite os meus ps doiam tanto que eu no podia andar. Comeou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o Jos Carlos. A intimao era para ele. O Jos Carlos tem 9 anos. 3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu no tenho gordura. Os meninos esto nervosos por no ter o que comer. 6 de MAIO. De manh no fui buscar agua. Mandei o Joo carregar. Eu estava contente. Recebi outra intimao. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12 Delegacia. ...o que eu aviso aos pretendentes a poltica, que o povo no tolera a fome. preciso conhecer a fome para saber descrev-la. Esto construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo Theatro Nilo. 9 de MAIO. Eu cato papel, mas no gosto. Ento eu penso: Faz de conta que estou sonhando. 10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era to amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimao. (...) O Tenente interessou-se pela educao dos meus filhos. Disse-me que a favela um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao pas. Pensei: se ele sabe disso, porque no faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. No posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que j passou fome. A fome tambem professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e nas crianas. 11 de MAIO. Dia das mes. O cu est azul e branco. Parece que at a natureza quer homenagear as mes que atualmente se sentem infeliz por no realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje no vai chover. Hoje o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar po amanh, porque eu s tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabea de um porco no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos esto sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles no so exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. As estrelas esto ocultas. O barraco est cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. assim que os favelados matam mosquitos. 13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. um dia simpatico para mim. o dia da Abolio. Dia que comemoramos a libertao dos escravos. Nas prises os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora so mais cultos. E no nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho s feijo e sal. A chuva est forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo at passar a chuva para mim ir l no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguia. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho d dos meus filhos. Quando eles v as coisas de comer eles brada: Viva a mame!. A manifestao agrada-me. Mas eu j perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o Joo pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim: Dona Ida peo-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje choveu e no pude catar papel. Agradeo. Carolina (...) Choveu, esfriou. o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera comeou a pedir comida. E eu no tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual a fome! (DE JESUS, Carolina Maria.Quarto de Despejo.) Pode-se afirmar que um recorrente problema encontrado no texto, no que se refere ao uso da lngua padro, est relacionado acentuao grfica. Assinale a alternativa em que esse fato NO ocorre.
(AFA - 2016) ATENO: O TEXTO ABAIXO FOI TRANSCRITO COMO NO ORIGINAL E OS DESVIOS DA NORMA PADRO, NELE PRESENTES, SERO OBJETOS DE ANLISE DESTA PROVA. TEXTO I Quarto de Despejo O grito da favela que tocou a conscincia do mundo inteiro 2 de MAIO de 1958. Eu no sou indolente. H tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava que no tinha valor e achei que era perder tempo. ...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheo com mais ateno. Quero enviar sorriso amavel as crianas e aos operarios. ...Recebi intimao para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel. A noite os meus ps doiam tanto que eu no podia andar. Comeou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o Jos Carlos. A intimao era para ele. O Jos Carlos tem 9 anos. 3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu no tenho gordura. Os meninos esto nervosos por no ter o que comer. 6 de MAIO. De manh no fui buscar agua. Mandei o Joo carregar. Eu estava contente. Recebi outra intimao. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12 Delegacia. ...o que eu aviso aos pretendentes a poltica, que o povo no tolera a fome. preciso conhecer a fome para saber descrev-la. Esto construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo Theatro Nilo. 9 de MAIO. Eu cato papel, mas no gosto. Ento eu penso: Faz de conta que estou sonhando. 10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era to amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimao. (...) O Tenente interessou-se pela educao dos meus filhos. Disse-me que a favela um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao pas. Pensei: se ele sabe disso, porque no faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. No posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que j passou fome. A fome tambem professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e nas crianas. 11 de MAIO. Dia das mes. O cu est azul e branco. Parece que at a natureza quer homenagear as mes que atualmente se sentem infeliz por no realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje no vai chover. Hoje o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar po amanh, porque eu s tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabea de um porco no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos esto sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles no so exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. As estrelas esto ocultas. O barraco est cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. assim que os favelados matam mosquitos. 13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. um dia simpatico para mim. o dia da Abolio. Dia que comemoramos a libertao dos escravos. Nas prises os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora so mais cultos. E no nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho s feijo e sal. A chuva est forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo at passar a chuva para mim ir l no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguia. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho d dos meus filhos. Quando eles v as coisas de comer eles brada: Viva a mame!. A manifestao agrada-me. Mas eu j perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o Joo pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim: Dona Ida peo-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje choveu e no pude catar papel. Agradeo. Carolina (...) Choveu, esfriou. o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera comeou a pedir comida. E eu no tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual a fome! (DE JESUS, Carolina Maria. Quarto de Despejo.) Assinale a opo cuja reescrita ficou totalmente de acordo com as regras gramaticais da Lngua Portuguesa
(AFA - 2016) ATENO: O TEXTO ABAIXO FOI TRANSCRITO COMO NO ORIGINAL E OS DESVIOS DA NORMA PADRO, NELE PRESENTES, SERO OBJETOS DE ANLISE DESTA PROVA. TEXTO I Quarto de Despejo O grito da favela que tocou a conscincia do mundo inteiro 2 de MAIOde 1958. Eu no sou indolente. H tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava que no tinha valor e achei que era perder tempo. ...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheo com mais ateno. Quero enviar sorriso amavel as crianas e aos operarios. ...Recebi intimao para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel. A noite os meus ps doiam tanto que eu no podia andar. Comeou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o Jos Carlos. A intimao era para ele. O Jos Carlos tem 9 anos. 3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu no tenho gordura. Os meninos esto nervosos por no ter o que comer. 6 de MAIO. De manh no fui buscar agua. Mandei o Joo carregar. Eu estava contente. Recebi outra intimao. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12 Delegacia. ...o que eu aviso aos pretendentes a poltica, que o povo no tolera a fome. preciso conhecer a fome para saber descrev-la. Esto construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo Theatro Nilo. 9 de MAIO. Eu cato papel, mas no gosto. Ento eu penso: Faz de conta que estou sonhando. 10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era to amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimao. (...) O Tenente interessou-se pela educao dos meus filhos. Disse-me que a favela um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao pas. Pensei: se ele sabe disso, porque no faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. No posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que j passou fome. A fome tambem professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e nas crianas. 11 de MAIO. Dia das mes. O cu est azul e branco. Parece que at a natureza quer homenagear as mes que atualmente se sentem infeliz por no realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje no vai chover. Hoje o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar po amanh, porque eu s tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabea de um porco no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos esto sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles no so exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. As estrelas esto ocultas. O barraco est cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. assim que os favelados matam mosquitos. 13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. um dia simpatico para mim. o dia da Abolio. Dia que comemoramos a libertao dos escravos. Nas prises os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora so mais cultos. E no nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho s feijo e sal. A chuva est forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo at passar a chuva para mim ir l no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguia. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho d dos meus filhos. Quando eles v as coisas de comer eles brada: Viva a mame!. A manifestao agrada-me. Mas eu j perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o Joo pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim: Dona Ida peo-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje choveu e no pude catar papel. Agradeo. Carolina (...) Choveu, esfriou. o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera comeou a pedir comida. E eu no tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual a fome! (DE JESUS, Carolina Maria.Quarto de Despejo.) Assinale a alternativa abaixo em que os perodos NO apresentam relao de causa e consequncia entre si.
(AFA - 2016) ATENO: O TEXTO ABAIXO FOI TRANSCRITO COMO NO ORIGINAL E OS DESVIOS DA NORMA PADRO, NELE PRESENTES, SERO OBJETOS DE ANLISE DESTA PROVA. TEXTO I Quarto de Despejo O grito da favela que tocou a conscincia do mundo inteiro 2 de MAIOde 1958. Eu no sou indolente. H tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava que no tinha valor e achei que era perder tempo. ...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheo com mais ateno. Quero enviar sorriso amavel as crianas e aos operarios. ...Recebi intimao para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel. A noite os meus ps doiam tanto que eu no podia andar. Comeou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o Jos Carlos. A intimao era para ele. O Jos Carlos tem 9 anos. 3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu no tenho gordura. Os meninos esto nervosos por no ter o que comer. 6 de MAIO. De manh no fui buscar agua. Mandei o Joo carregar. Eu estava contente. Recebi outra intimao. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12 Delegacia. ...o que eu aviso aos pretendentes a poltica, que o povo no tolera a fome. preciso conhecer a fome para saber descrev-la. Esto construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo Theatro Nilo. 9 de MAIO. Eu cato papel, mas no gosto. Ento eu penso: Faz de conta que estou sonhando. 10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era to amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimao. (...) O Tenente interessou-se pela educao dos meus filhos. Disse-me que a favela um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao pas. Pensei: se ele sabe disso, porque no faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. No posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que j passou fome. A fome tambem professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e nas crianas. 11 de MAIO. Dia das mes. O cu est azul e branco. Parece que at a natureza quer homenagear as mes que atualmente se sentem infeliz por no realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje no vai chover. Hoje o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar po amanh, porque eu s tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabea de um porco no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos esto sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles no so exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. As estrelas esto ocultas. O barraco est cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. assim que os favelados matam mosquitos. 13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. um dia simpatico para mim. o dia da Abolio. Dia que comemoramos a libertao dos escravos. Nas prises os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora so mais cultos. E no nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho s feijo e sal. A chuva est forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo at passar a chuva para mim ir l no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguia. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho d dos meus filhos. Quando eles v as coisas de comer eles brada: Viva a mame!. A manifestao agrada-me. Mas eu j perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o Joo pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim: Dona Ida peo-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje choveu e no pude catar papel. Agradeo. Carolina (...) Choveu, esfriou. o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera comeou a pedir comida. E eu no tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual a fome! (DE JESUS, Carolina Maria.Quarto de Despejo.) Quanto ao uso da crase, percebe-se pela escrita de Carolina Maria de Jesus, que, nos trechos destacados abaixo, ela no foi utilizada, infringindo, dessa forma, a regra gramatical. Assinale a opo em que a crase NO deveria ocorrer obrigatoriamente.
(AFA - 2016) ATENO: O TEXTO ABAIXO FOI TRANSCRITO COMO NO ORIGINAL E OS DESVIOS DA NORMA PADRO, NELE PRESENTES, SERO OBJETOS DE ANLISE DESTA PROVA. TEXTO I Quarto de Despejo O grito da favela que tocou a conscincia do mundo inteiro 2 de MAIOde 1958. Eu no sou indolente. H tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava que no tinha valor e achei que era perder tempo. ...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheo com mais ateno. Quero enviar sorriso amavel as crianas e aos operarios. ...Recebi intimao para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel. A noite os meus ps doiam tanto que eu no podia andar. Comeou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o Jos Carlos. A intimao era para ele. O Jos Carlos tem 9 anos. 3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu no tenho gordura. Os meninos esto nervosos por no ter o que comer. 6 de MAIO. De manh no fui buscar agua. Mandei o Joo carregar. Eu estava contente. Recebi outra intimao. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12 Delegacia. ...o que eu aviso aos pretendentes a poltica, que o povo no tolera a fome. preciso conhecer a fome para saber descrev-la. Esto construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo Theatro Nilo. 9 de MAIO. Eu cato papel, mas no gosto. Ento eu penso: Faz de conta que estou sonhando. 10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era to amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimao. (...) O Tenente interessou-se pela educao dos meus filhos. Disse-me que a favela um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao pas. Pensei: se ele sabe disso, porque no faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. No posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que j passou fome. A fome tambem professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e nas crianas. 11 de MAIO. Dia das mes. O cu est azul e branco. Parece que at a natureza quer homenagear as mes que atualmente se sentem infeliz por no realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje no vai chover. Hoje o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar po amanh, porque eu s tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabea de um porco no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos esto sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles no so exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. As estrelas esto ocultas. O barraco est cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. assim que os favelados matam mosquitos. 13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. um dia simpatico para mim. o dia da Abolio. Dia que comemoramos a libertao dos escravos. Nas prises os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora so mais cultos. E no nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho s feijo e sal. A chuva est forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo at passar a chuva para mim ir l no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguia. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho d dos meus filhos. Quando eles v as coisas de comer eles brada: Viva a mame!. A manifestao agrada-me. Mas eu j perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o Joo pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim: Dona Ida peo-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje choveu e no pude catar papel. Agradeo. Carolina (...) Choveu, esfriou. o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera comeou a pedir comida. E eu no tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual a fome! (DE JESUS, Carolina Maria.Quarto de Despejo.) Quanto ao uso dos pronomes, assinale a opo que traz uma INFRAO norma padro da lngua.
(AFA - 2016) ATENO: O TEXTO ABAIXO FOI TRANSCRITO COMO NO ORIGINAL E OS DESVIOS DA NORMA PADRO, NELE PRESENTES, SERO OBJETOS DE ANLISE DESTA PROVA. TEXTO I Quarto de Despejo O grito da favela que tocou a conscincia do mundo inteiro 2 de MAIOde 1958. Eu no sou indolente. H tempos que eu pretendia fazer o meu diario. Mas eu pensava que no tinha valor e achei que era perder tempo. ...Eu fiz uma reforma para mim. Quero tratar as pessoas que eu conheo com mais ateno. Quero enviar sorriso amavel as crianas e aos operarios. ...Recebi intimao para comparecer as 8 horas da noite na Delegacia do 12. Passei o dia catando papel. A noite os meus ps doiam tanto que eu no podia andar. Comeou chover. Eu ia na Delegacia, ia levar o Jos Carlos. A intimao era para ele. O Jos Carlos tem 9 anos. 3 de MAIO. ...Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito, porque eu no tenho gordura. Os meninos esto nervosos por no ter o que comer. 6 de MAIO. De manh no fui buscar agua. Mandei o Joo carregar. Eu estava contente. Recebi outra intimao. Eu estava inspirada e os versos eram bonitos e eu esqueci de ir na Delegacia. Era 11 horas quando eu recordei do convite do ilustre tenente da 12 Delegacia. ...o que eu aviso aos pretendentes a poltica, que o povo no tolera a fome. preciso conhecer a fome para saber descrev-la. Esto construindo um circo aqui na Rua Araguaia, Circo Theatro Nilo. 9 de MAIO. Eu cato papel, mas no gosto. Ento eu penso: Faz de conta que estou sonhando. 10 de MAIO. Fui na Delegacia e falei com o Tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era to amavel, eu teria ido na Delegacia na primeira intimao. (...) O Tenente interessou-se pela educao dos meus filhos. Disse-me que a favela um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao pas. Pensei: se ele sabe disso, porque no faz um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio Quadros, o Kubstchek, e o Dr Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. No posso resolver nem as minhas dificuldades.(...) O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que j passou fome. A fome tambem professora. Quem passa fome aprende a pensar no proximo e nas crianas. 11 de MAIO. Dia das mes. O cu est azul e branco. Parece que at a natureza quer homenagear as mes que atualmente se sentem infeliz por no realizar os desejos de seus filhos. (...) O sol vai galgando. Hoje no vai chover. Hoje o nosso dia. (...) A D. Teresinha veio visitar-me. Ela deu-me 15 cruzeiros. Disse-me que era para a Vera ir no circo. Mas eu vou deixar o dinheiro para comprar po amanh, porque eu s tenho 4 cruzeiros.(...) Ontem eu ganhei metade da cabea de um porco no frigorifico. Comemos a carne e guardei os ossos para ferver. E com o caldo fiz as batatas. Os meus filhos esto sempre com fome. Quando eles passam muita fome eles no so exigentes no paladar. (...) Surgiu a noite. As estrelas esto ocultas. O barraco est cheio de pernilongos. Eu vou acender uma folha de jornal e passar pelas paredes. assim que os favelados matam mosquitos. 13 de MAIO. Hoje amanheceu chovendo. um dia simpatico para mim. o dia da Abolio. Dia que comemoramos a libertao dos escravos. Nas prises os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora so mais cultos. E no nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. (...) Continua chovendo. E eu tenho s feijo e sal. A chuva est forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo at passar a chuva para mim ir l no Senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguia. A chuva passou um pouco. Vou sair. (...) Eu tenho d dos meus filhos. Quando eles v as coisas de comer eles brada: Viva a mame!. A manifestao agrada-me. Mas eu j perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o Joo pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Mandei-lhe um bilhete assim: Dona Ida peo-te se pode me arranjar um pouquinho de gordura, para eu fazer sopa para os meninos. Hoje choveu e no pude catar papel. Agradeo. Carolina (...) Choveu, esfriou. o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera comeou a pedir comida. E eu no tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual a fome! (DE JESUS, Carolina Maria.Quarto de Despejo.) Atente para o excerto abaixo e para as afirmativas que a ele se referem. Parece que at a natureza quer homenagear as mes que atualmente se sentem infeliz por no realizar os desejos de seus filhos. I) De acordo com a experincia de vida de Carolina, todas as mes se sentem infelizes, pois no tm meios de realizar os desejos de seus filhos. II) A mudana de posio do vocbulo at [Parece at que a natureza quer homenagear...] no provoca mudana semntica e sinttica no enunciado. III) O verbo realizar, para atender norma padro da lngua, dever ser flexionado, tendo em vista que o seu sujeito est claro na orao. Est(o) correta(s) a(s) afirmao(es) feita(s) em:
(AFA - 2016) TEXTO II FAVELRIO NACIONAL Carlos Drummond de Andrade Quem sou eu para te cantar, favela, Que cantas em mim e para ningum a noite inteira de sexta-feira e a noite inteira de sbado E nos desconheces, como igualmente no te conhecemos? Sei apenas do teu mau cheiro: Baixou em mim na virao, direto, rpido, telegrama nasal anunciando morte... melhor, tua vida. ... Aqui s vive gente, bicho nenhum tem essa coragem. ... Tenho medo. Medo de ti, sem te conhecer, Medo s de te sentir, encravada Favela, erisipela, mal-do-monte Na coxa flava do Rio de Janeiro. Medo: no de tua lmina nem de teu revlver nem de tua manha nem de teu olhar. Medo de que sintas como sou culpado e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade. Custa ser irmo, custa abandonar nossos privilgios e traar a planta da justa igualdade. Somos desiguais e queremos ser sempre desiguais. E queremos ser bonzinhos benvolos comedidamente sociologicamente mui bem comportados. Mas, favela, ciao, que este nosso papo est ficando to desagradvel. vs que perdi o tom e a empfia do comeo? ... (ANDRADE, Carlos Drummond de,Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984) Os versos que resumem o real motivo do sentimento do eu-lrico em relao favela so:
(AFA - 2016) TEXTO II FAVELRIO NACIONAL Carlos Drummond de Andrade Quem sou eu para te cantar, favela, Que cantas em mim e para ningum a noite inteira de sexta-feira e a noite inteira de sbado E nos desconheces, como igualmente no te conhecemos? Sei apenas do teu mau cheiro: Baixou em mim na virao, direto, rpido, telegrama nasal anunciando morte... melhor, tua vida. ... Aqui s vive gente, bicho nenhum tem essa coragem. ... Tenho medo. Medo de ti, sem te conhecer, Medo s de te sentir, encravada Favela, erisipela, mal-do-monte Na coxa flava do Rio de Janeiro. Medo: no de tua lmina nem de teu revlver nem de tua manha nem de teu olhar. Medo de que sintas como sou culpado e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade. Custa ser irmo, custa abandonar nossos privilgios e traar a planta da justa igualdade. Somos desiguais e queremos ser sempre desiguais. E queremos ser bonzinhos benvolos comedidamente sociologicamente mui bem comportados. Mas, favela, ciao, que este nosso papo est ficando to desagradvel. vs que perdi o tom e a empfia do comeo? ... (ANDRADE, Carlos Drummond de,Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984) Nos versos: Mas, favela, ciao, / que este nosso papo / est ficando to desagradvel / vs que perdi o tom e a empfia do comeo?, verifica-se a presena das funes de linguagem
(AFA - 2016) TEXTO II FAVELRIO NACIONAL Carlos Drummond de Andrade Quem sou eu para te cantar, favela, Que cantas em mim e para ningum a noite inteira de sexta-feira e a noite inteira de sbado E nos desconheces, como igualmente no te conhecemos? Sei apenas do teu mau cheiro: Baixou em mim na virao, direto, rpido, telegrama nasal anunciando morte... melhor, tua vida. ... Aqui s vive gente, bicho nenhum tem essa coragem. ... Tenho medo. Medo de ti, sem te conhecer, Medo s de te sentir, encravada Favela, erisipela, mal-do-monte Na coxa flava do Rio de Janeiro. Medo: no de tua lmina nem de teu revlver nem de tua manha nem de teu olhar. Medo de que sintas como sou culpado e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade. Custa ser irmo, custa abandonar nossos privilgios e traar a planta da justa igualdade. Somos desiguais e queremos ser sempre desiguais. E queremos ser bonzinhos benvolos comedidamente sociologicamente mui bem comportados. Mas, favela, ciao, que este nosso papo est ficando to desagradvel. vs que perdi o tom e a empfia do comeo? ... (ANDRADE, Carlos Drummond de,Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984) Para o eu-lrico a situao precria de vida dos moradores da favela causada, principalmente, pela (o) (s)
(AFA - 2016) TEXTO II FAVELRIO NACIONAL Carlos Drummond de Andrade Quem sou eu para te cantar, favela, Que cantas em mim e para ningum a noite inteira de sexta-feira e a noite inteira de sbado E nos desconheces, como igualmente no te conhecemos? Sei apenas do teu mau cheiro: Baixou em mim na virao, direto, rpido, telegrama nasal anunciando morte... melhor, tua vida. ... Aqui s vive gente, bicho nenhum tem essa coragem. ... Tenho medo. Medo de ti, sem te conhecer, Medo s de te sentir, encravada Favela, erisipela, mal-do-monte Na coxa flava do Rio de Janeiro. Medo: no de tua lmina nem de teu revlver nem de tua manha nem de teu olhar. Medo de que sintas como sou culpado e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade. Custa ser irmo, custa abandonar nossos privilgios e traar a planta da justa igualdade. Somos desiguais e queremos ser sempre desiguais. E queremos ser bonzinhos benvolos comedidamente sociologicamente mui bem comportados. Mas, favela, ciao, que este nosso papo est ficando to desagradvel. vs que perdi o tom e a empfia do comeo? ... (ANDRADE, Carlos Drummond de,Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984) Em uma das opes abaixo, percebe-se que o verbo foi utilizado de forma coloquial, no seguindo a rigidez imposta pelas regras gramaticais. Assinale a opo em que h essa ocorrncia.
(AFA - 2016) TEXTO II FAVELRIO NACIONAL Carlos Drummond de Andrade Quem sou eu para te cantar, favela, Que cantas em mim e para ningum a noite inteira de sexta-feira e a noite inteira de sbado E nos desconheces, como igualmente no te conhecemos? Sei apenas do teu mau cheiro: Baixou em mim na virao, direto, rpido, telegrama nasal anunciando morte... melhor, tua vida. ... Aqui s vive gente, bicho nenhum tem essa coragem. ... Tenho medo. Medo de ti, sem te conhecer, Medo s de te sentir, encravada Favela, erisipela, mal-do-monte Na coxa flava do Rio de Janeiro. Medo: no de tua lmina nem de teu revlver nem de tua manha nem de teu olhar. Medo de que sintas como sou culpado e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade. Custa ser irmo, custa abandonar nossos privilgios e traar a planta da justa igualdade. Somos desiguais e queremos ser sempre desiguais. E queremos ser bonzinhos benvolos comedidamente sociologicamente mui bem comportados. Mas, favela, ciao, que este nosso papo est ficando to desagradvel. vs que perdi o tom e a empfia do comeo? ... (ANDRADE, Carlos Drummond de, Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984) Nos versos abaixo, percebe-se que foram utilizadas figuras de linguagem, enfatizando o sentimento do eu-lrico. Porm, h uma opo em que no se verifica esse fato. Assinale-a.
(AFA - 2016) TEXTO II FAVELRIO NACIONAL Carlos Drummond de Andrade Quem sou eu para te cantar, favela, Que cantas em mim e para ningum a noite inteira de sexta-feira e a noite inteira de sbado E nos desconheces, como igualmente no te conhecemos? Sei apenas do teu mau cheiro: Baixou em mim na virao, direto, rpido, telegrama nasal anunciando morte... melhor, tua vida. ... Aqui s vive gente, bicho nenhum tem essa coragem. ... Tenho medo. Medo de ti, sem te conhecer, Medo s de te sentir, encravada Favela, erisipela, mal-do-monte Na coxa flava do Rio de Janeiro. Medo: no de tua lmina nem de teu revlver nem de tua manha nem de teu olhar. Medo de que sintas como sou culpado e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade. Custa ser irmo, custa abandonar nossos privilgios e traar a planta da justa igualdade. Somos desiguais e queremos ser sempre desiguais. E queremos ser bonzinhos benvolos comedidamente sociologicamente mui bem comportados. Mas, favela, ciao, que este nosso papo est ficando to desagradvel. vs que perdi o tom e a empfia do comeo? ... (ANDRADE, Carlos Drummond de,Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984) Assinale a alternativa em que a funo sinttica exercida pela orao em destaque est corretamente indicada.