(ENEM - 2019 - PROVA AMARELA)
Essa lua enlutada, esse desassossego
A convulsão de dentro, ilharga
Dentro da solidão, corpo morrendo
Tudo isso te devo. E eram tão vastas
As coisas planejadas, navios,
Muralhas de marfim, palavras largas
Consentimento sempre. E seria dezembro.
Um cavalo de Jade sob as águas
Dupla transparência, fio suspenso
Todas essas coisas na ponta dos teus dedos
E tudo se desfez no pórtico do tempo
Em lívido silêncio. Umas manhãs de vidro
Vento, a alma esvaziada, um sol que não vejo
Também isso te devo.
HILST, H. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 2018
No poema, o eu lírico faz um inventário de estados passados espelhados no presente. Nesse processo, aflora o
cuidado em apagar da memória os restos do amor.
amadurecimento revestido de ironia e desapego.
mosaico de alegrias formado seletivamente.
desejo reprimido convertido em delírio.
arrependimento dos erros cometidos.