(ENEM - 2023) Eu poderia concluir que a raiva um pensamento, que estar com raiva pensar que algum detestvel, e que esse pensamento, como todos os outros assim como Descartes o mostrou , no poderia residir em nenhum fragmento de matria. A raiva seria, portanto, esprito. Porm, quando me volto para minha prpria experincia da raiva, devo confessar que ela no estava fora do meu corpo, mas inexplicavelmente nele. MERLEAU-PONTY, M. Quinta conversa: o homem visto de fora. So Paulo: Martins Fontes, 1948 (adaptado). No que se refere ao problema do corpo, a filosofia cartesiana apresenta-se como contraponto ao entendimento expresso no texto por
(ENEM - 2023) Quem se mete pelo caminho do pedido de perdo deve estar pronto a escutar uma palavra de recusa. Entrar na atmosfera do perdo aceitar medir-se com a possibilidade sempre aberta do imperdovel. Perdo pedido no perdo a que se tem direito [devido]. com o preo destas reservas que a grandeza do perdo se manifesta. RICOEUR, P. O perdo pode curar. Disponvel em: www.lusosofia.net. Acesso em: 14 out 2019. A reflexo sobre o perdo apresentada no texto encontra fundamento na(s)
(ENEM - 2023) TEXTO I Gerineldo dorme porque j est conformado com o seu mundo. Porque j sabe tudo o que lhe pode acontecer aps haver submetido todos os objetos que o rodeiam a um minucioso inventrio de possibilidades. Seu apartamento, mais que um apartamento, uma teoria de sorte e de azar. Melhor que ningum, Gerineldo conhece o coeficiente da dilatao de suas janelas e mantm marcado no termmetro, com uma linha vermelha, o ponto em que se quebraro os vidros, despedaados em estilhaos de morte. Sabe que os arquitetos e os engenheiros j previram tudo, menos o que nunca j aconteceu. MARQUEZ, G. G. O pessimista. In: Textos do Caribe. Rio de Janeiro: Record, 1981. ТЕХТО II A situao o sujeito inteiro (ele no nada a no ser a sua situao) e tambm a coisa inteira (nunca h mais nada seno as coisas). o sujeito a elucidar as coisas pela sua prpria superao, se assim quisermos; ou so as coisas a reenviar ao sujeito a imagem dele. a total facticidade, a contingncia absoluta do mundo, do meu nascimento, do meu lugar, do meu passado, dos meus redores e a minha liberdade sem limites que faz com que haja para mim uma facticidade. SARTRE, J.-P. O ser e o nada: ensaio de ontologia fenomenolgica. Petrpolis: Vozes, 1997 (adaptado). A postura determinista adotada pelo personagem Gerineldo contrasta com a ideia existencialista contida no pensamento filosfico de Sartre porque
(ENEM - 2023) A economia das ilegalidades se reestruturou com o desenvolvimento da sociedade capitalista. A ilegalidade dos bens foi separada da ilegalidade dos direitos. Diviso que corresponde a uma oposio de classes, pois, de um lado, a ilegalidade mais acessvel s classes populares ser a dos bens transferncia violenta das propriedades; de outro, burguesia, ento, se reservar a ilegalidade dos direitos: a possibilidade de desviar seus prprios regulamentos e suas prprias leis; e essa grande redistribuio das ilegalidades se traduzir at por uma especializao dos circuitos judicirios; para as ilegalidades de bens para o roubo os tribunais ordinrios e os castigos; para as ilegalidades de direitos fraudes, evases fiscais, operaes comerciais irregulares jurisdies especiais com transaes, acomodaes, multas atenuadas etc. FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da priso. Petropolis: Vozes, 1987. O texto apresenta uma relao de clculo politico-econmico que caracteriza o poder punitivo por meio da
(ENEM - 2023) No tinha outra filosofia. Nem eu. No digo que a Universidade me no tivesse ensinado alguma; mas eu decorei-lhe s as frmulas, o vocabulrio, o esqueleto. Tratei-a como tratei o latim; embolsei trs versos de Virglio, dois de Horcio, uma dzia de locues morais e polticas, para as despesas da conversao. Tratei-os como tratei a histria e a jurisprudncia. Colhi de todas as cousas a fraseologia, a casca, a ornamentao. ASSIS, M. Memrias pstumas do Brs Cubas. Belo Horizonte: Autntica. 1999. A descrio crtica do personagem de Machado de Assis assemelha-se s caractersticas dos sofistas, contestados pelos filsofos gregos da Antiguidade, porque se mostra alinhada