(FGV - SP-2007)
Os meninos deitaram-se e pegaram no sono. Sinhá Vitória pediu o binga ao companheiro e acendeu o cachimbo. Fabiano preparou um cigarro. Por enquanto estavam sossegados. O bebedouro indeciso tornara-se realidade. Voltaram a cochichar projetos, as fumaças do cigarro e do cachimbo misturaram-se. Fabiano insistiu nos seus conhecimentos topográficos, falou no cavalo de fábrica. Ia morrer na certa, um animal tão bom.
Se tivesse vindo com eles, transportaria a bagagem. Algum tempo comeria folhas secas, mas além dos montes encontraria alimento verde. Infelizmente pertencia ao fazendeiro – e definhava, sem ter quem lhe desse a ração.
Ia morrer o amigo, lazarento e com esparavões, num canto de cerca, vendo os urubus chegarem banzeiros, saltando,os bicos ameaçando-lhe os olhos. A lembrança das aves medonhas, que ameaçavam com os bicos pontudos os olhos de criaturas vivas, horrorizou Fabiano. Se elas tivessem paciência, comeriam tranquilamente a carniça. Não tinham paciência, aquelas pestes vorazes que voavam lá em cima, fazendo curvas.
– Pestes.
(Graciliano Ramos, Vidas Secas)
O discurso indireto livre está presente nesse fragmento de texto. Um exemplo dele está na alternativa:
Os meninos deitaram-se e pegaram no sono
Voltaram a cochichar projetos, as fumaças do cigarro e do cachimbo misturaram-se
A lembrança das aves medonhas, que ameaçavam com os bicos pontudos os olhos de criaturas vivas, horrorizou Fabiano.
Fabiano insistiu nos seus conhecimentos topográficos, falou no cavalo de fabrica.
Não tinham paciência, aquelas pestes vorazes que voavam lá em cima, fazendo curvas.