(Fgv 2012) Leia o fragmento.
Na transição brasileira para a democracia, os setores conservadores, que sempre temem que a mobilização popular fuja ao seu controle, acabaram por dar a tônica. A passagem da ditadura [militar, 1964-1985] à democracia político-eleitoral deveria ser feita “por cima”, sem a participação como sujeitos dos que estavam “embaixo”.
Chico Alencar et al, História da sociedade brasileira.
Pode-se verificar a transição conservadora, comentada no trecho,
no isolamento político ao qual foi submetido o candidato à presidência do PMDB, Tancredo Neves, que não contou com o apoio das outras forças de oposição ao regime autoritário nas eleições indiretas de janeiro de 1985.
na derrota da emenda constitucional que preconizava eleições diretas para a presidência da República e na constituição do primeiro governo pós-regime autoritário com a presença de liberais moderados e de antigos partidários do regime anterior.
no completo descaso do governo eleito em 1985 com a prometida convocação imediata de uma Assembleia Nacional Constituinte, que só se tornou possível após a intervenção de entidades da sociedade civil, como a OAB e a CNBB.
no compromisso da chapa de oposição ao regime militar, sob a liderança de José Sarney, que se apresentou nas eleições diretas de 1985 garantindo que as práticas autoritárias do regime ditatorial não seriam investigadas.
na exigência explícita dos ministros militares do governo Figueiredo de que o candidato às eleições diretas em 1985 viesse do grupo dos peemedebistas autênticos e que a lei de Anistia não fosse revista.