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VestibularEdição do vestibular
Disciplina

(Fgvrj/2013)CAPÍTULO 73 - O Luncheon*O despropósit

(Fgvrj/2013)

CAPÍTULO 73 - O Luncheon*

O despropósito fez-me perder outro capítulo. Que melhor não era dizer as coisas lisamente, sem todos estes solavancos! Já comparei o meu estilo ao andar dos ébrios. Se a ideia vos parece indecorosa, direi que ele é o que eram as minhas refeições com Virgília, na casinha da Gamboa, onde às vezes fazíamos a nossa patuscada, o nosso luncheon. Vinho, frutas, compotas. Comíamos, é verdade, mas era um comer virgulado de palavrinhas doces, de olhares ternos, de criancices, uma infinidade desses apartes do coração, aliás o verdadeiro, o ininterrupto discurso do amor. Às vezes vinha o arrufo temperar o nímio adocicado da situação. Ela deixava-me, refugiava-se num canto do canapé, ou ia para o interior ouvir as denguices de Dona Plácida. Cinco ou dez minutos depois, reatávamos a palestra, como eu reato a narração, para desatá-la outra vez. Note-se que, longe de termos horror ao método, era nosso costume convidá-lo, na pessoa de Dona Plácida, a sentar-se conosco à mesa; mas Dona Plácida não aceitava nunca.

Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

 

(*) Luncheon (Ing.): lanche, refeição ligeira, merenda.  


  No trecho, revelam, respectivamente, um parentesco e um afastamento em relação às Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, o termo

A

“despropósito” e as intenções moralizantes do narrador.   

B

“solavancos” e a sentimentalidade romântica dos amantes.

C

“luncheon” e a intimidade erótica do casal.   

D

“patuscada” e o contexto de classe de pretensões elegantes.

E

“criancices” e o anticlericalismo latente.