(ITA - 2019 - 1 FASE)(1 questo sobre o texto) Texto 1 1 As discusses muitas vezes acaloradas sobre o reconhecimento da pixao como expresso artstica traz tona um questionamento conceitual importante: uma vez considerado arte contempornea, o movimento perderia sua essncia? Para compreendermos os desdobramentos da pixao, alguns aspectos presentes nograffitiso essenciais e importantes de serem resgatados. Ograffitinasceu originalmente nos EUA, na dcada de 1970, como um dos elementos da cultura hip-hop (Break, MC, DJ e Graffiti). Da at os dias atuais, ele ganhou em fora, criatividade e tcnica, sendo reconhecido hoje no Brasil comograffitiartstico. Sua caracterizao como arte contempornea foi consolidada definitivamente por volta do ano 2000. 2 A distino entregraffitie pixao clara; ao primeiro atribuda a condio de arte, e o segundo classificado como um tipo de prtica de vandalismo e depredao das cidades, vinculado ilegalidade e marginalidade. Essa distino das expresses deu-se em boa parte pela institucionalizao do graffiti, com os primeiros resqucios j na dcada de 70. 3 Esse desenvolvimento tcnico e formal dograffiti ocasionou a perda da potncia subversiva que o marca como manifestao genuna de rua e caminha para uma arte de interveno domesticada enquadrada cada vez mais nos moldes do sistema de arte tradicional. O grafiteiro visto hoje como artista plstico, possuindo as caractersticas de todo e qualquer artista contemporneo, incluindo a prtica e ostatus. Muito alm da diferenciao conceitual entre as expresses ainda que elas compartilhem da mesma matria-prima trata-se de sua fora e essncia intervencionista. 4 Estudos sobre a origem da pixao afirmam que ograffitinova-iorquino original equivale pixao brasileira; os dois mantm os mesmos princpios: a fora, a exploso e o vazio. Uma das principais caractersticas do pixo justamente o esvaziamento sgnico, a potncia esvaziada. No existem frases poticas, nem significados. A pixao possui dimenso incomunicativa, fechada, que no conversa com a sociedade. Pelo contrrio, de certa forma, a agride. A rejeio do pblico geral reside na falta de compreenso e inteleco das inscries; apenas os membros da prpria comunidade de pixadores decifram o contedo. 5 A significncia e a fora intervencionista do pixo residem, portanto, no prprio ato. Ela evidenciada pela impossibilidade de insero em qualquer estatuto pr-estabelecido, pois isso pressuporia a diluio e a perda de sua potncia signo-esttica. Enquanto ograffitifoi sendo introduzido como uma nova expresso de arte contempornea, a pichao utilizou o princpio de no autorizao para fortalecer sua essncia. 6 Mas o quo sensvel essa forma de expresso extremista e antissistema como a pixao? Como lidar com a linha tnue dos princpios estabelecidos para no cair em contradio? Na 26 Bienal de Arte de So Paulo, em 2004, houve um caso de pixo na obra do artista cubano naturalizado americano, Jorge Pardo. Seu comentrio, diante da interveno, foi Se algum faz alguma coisa no seu trabalho, isso positivo, para mim, porque escolheram a minha pea entre as expostas (). Quem fez isso deve discordar de alguma coisa na obra. Pode ser outro artista fazendo sua prpria obra dentro da minha. Pode ser s uma brincadeira e finalizou dizendo que pichar a obra de algum tambm no to incomum. J tradicional. 7 interessante notar, a partir do depoimento de Pardo, a recorrncia de padres em movimentos de qualquer natureza, e o inevitvel enquadramento em algum tipo de sistema, mesmo que imposto e organizado pelos prprios elementos do grupo. Na pixao, levando em conta o sistema em que esto inseridos, constatamos que tambm passa longe de ser perfeito; existe rivalidade pesada entre gangues, hierarquia e disputas pelo poder. 8 Em 2012, a Bienal de Arte de Berlim, com o tema Forget Fear, considerado ousado, priorizou fatos e inquietaes polticas da atualidade. Os pixadores brasileiros, Cripta (Djan Ivson), Biscoito, William e R.C., foram convidados na ocasio para realizar umworkshopsobre pixao em um espao delimitado, na igreja Santa Elizabeth. Eles compareceram. Mas no seguiram as regras impostas pela curadoria, ao pixar o prprio monumento. O resultado foi tumulto e desentendimento entre os pixadores e a curadoria do evento. 9 O grande dilema diante do fato que, ao aceitarem o convite para participar de uma bienal de arte, automaticamente aceitaram as regras e o sistema imposto. Mesmo sem adotar o comportamento esperado, caram em contradio. Por outro lado, pela pichao ser conhecidamente transgressora (ou pelo jeito, no to conhecida assim), os organizadores deveriam pressupor que eles no seguiriam padres pr-estabelecidos. 10 Embora existam movimentos e grupos que consideram, sim, a pixao como forma de arte, como o caso dos curadores da Bienal de Berlim, h uma questo substancial que permeia a realidade dos pichadores. Quem disse que eles querem sua expresso reconhecida como arte? Se arte pressupe, como ocorreu com ograffiti, adaptar-se a um molde especfico, seguir determinadas regras e por consequncia ver sua potncia intervencionista diluda e branda, muito improvvel que tenham esse desejo. 11 A representao da pixao como forma de expresso destrutiva, contra o sistema, extremista e marginalizada o que a mantm viva. De certo modo, a rejeio e a ignorncia do pblico o que garante sua fora intervencionista e a to importante e sensvel essncia. Adaptado de: CARVALHO, M.F.Pichao-arte pichao?Revista Arruaa, Edio n 0, Csper lbero, 2013. Disponvel em https://casperlibero.edu.br/revistas/pichacao-arte-e-picha%C3%A7%C3%A3o/ Acesso em: maio 2018. Podemos afirmar que o texto:
(ITA - 2019 - 1 FASE)(2 questo sobre o texto) Texto 1 1 As discusses muitas vezes acaloradas sobre o reconhecimento da pixao como expresso artstica traz tona um questionamento conceitual importante: uma vez considerado arte contempornea, o movimento perderia sua essncia? Para compreendermos os desdobramentos da pixao, alguns aspectos presentes nograffitiso essenciais e importantes de serem resgatados. Ograffitinasceu originalmente nos EUA, na dcada de 1970, como um dos elementos da cultura hip-hop (Break, MC, DJ e Graffiti). Da at os dias atuais, ele ganhou em fora, criatividade e tcnica, sendo reconhecido hoje no Brasil comograffitiartstico. Sua caracterizao como arte contempornea foi consolidada definitivamente por volta do ano 2000. 2 A distino entregraffitie pixao clara; ao primeiro atribuda a condio de arte, e o segundo classificado como um tipo de prtica de vandalismo e depredao das cidades, vinculado ilegalidade e marginalidade. Essa distino das expresses deu-se em boa parte pela institucionalizao do graffiti, com os primeiros resqucios j na dcada de 70. 3 Esse desenvolvimento tcnico e formal dograffiti ocasionou a perda da potncia subversiva que o marca como manifestao genuna de rua e caminha para uma arte de interveno domesticada enquadrada cada vez mais nos moldes do sistema de arte tradicional. O grafiteiro visto hoje como artista plstico, possuindo as caractersticas de todo e qualquer artista contemporneo, incluindo a prtica e ostatus. Muito alm da diferenciao conceitual entre as expresses ainda que elas compartilhem da mesma matria-prima trata-se de sua fora e essncia intervencionista. 4 Estudos sobre a origem da pixao afirmam que ograffitinova-iorquino original equivale pixao brasileira; os dois mantm os mesmos princpios: a fora, a exploso e o vazio. Uma das principais caractersticas do pixo justamente o esvaziamento sgnico, a potncia esvaziada. No existem frases poticas, nem significados. A pixao possui dimenso incomunicativa, fechada, que no conversa com a sociedade. Pelo contrrio, de certa forma, a agride. A rejeio do pblico geral reside na falta de compreenso e inteleco das inscries; apenas os membros da prpria comunidade de pixadores decifram o contedo. 5 A significncia e a fora intervencionista do pixo residem, portanto, no prprio ato. Ela evidenciada pela impossibilidade de insero em qualquer estatuto pr-estabelecido, pois isso pressuporia a diluio e a perda de sua potncia signo-esttica. Enquanto ograffitifoi sendo introduzido como uma nova expresso de arte contempornea, a pichao utilizou o princpio de no autorizao para fortalecer sua essncia. 6 Mas o quo sensvel essa forma de expresso extremista e antissistema como a pixao? Como lidar com a linha tnue dos princpios estabelecidos para no cair em contradio? Na 26 Bienal de Arte de So Paulo, em 2004, houve um caso de pixo na obra do artista cubano naturalizado americano, Jorge Pardo. Seu comentrio, diante da interveno, foi Se algum faz alguma coisa no seu trabalho, isso positivo, para mim, porque escolheram a minha pea entre as expostas (). Quem fez isso deve discordar de alguma coisa na obra. Pode ser outro artista fazendo sua prpria obra dentro da minha. Pode ser s uma brincadeira e finalizou dizendo que pichar a obra de algum tambm no to incomum. J tradicional. 7 interessante notar, a partir do depoimento de Pardo, a recorrncia de padres em movimentos de qualquer natureza, e o inevitvel enquadramento em algum tipo de sistema, mesmo que imposto e organizado pelos prprios elementos do grupo. Na pixao, levando em conta o sistema em que esto inseridos, constatamos que tambm passa longe de ser perfeito; existe rivalidade pesada entre gangues, hierarquia e disputas pelo poder. 8 Em 2012, a Bienal de Arte de Berlim, com o tema Forget Fear, considerado ousado, priorizou fatos e inquietaes polticas da atualidade. Os pixadores brasileiros, Cripta (Djan Ivson), Biscoito, William e R.C., foram convidados na ocasio para realizar umworkshopsobre pixao em um espao delimitado, na igreja Santa Elizabeth. Eles compareceram. Mas no seguiram as regras impostas pela curadoria, ao pixar o prprio monumento. O resultado foi tumulto e desentendimento entre os pixadores e a curadoria do evento. 9 O grande dilema diante do fato que, ao aceitarem o convite para participar de uma bienal de arte, automaticamente aceitaram as regras e o sistema imposto. Mesmo sem adotar o comportamento esperado, caram em contradio. Por outro lado, pela pichao ser conhecidamente transgressora (ou pelo jeito, no to conhecida assim), os organizadores deveriam pressupor que eles no seguiriam padres pr-estabelecidos. 10 Embora existam movimentos e grupos que consideram, sim, a pixao como forma de arte, como o caso dos curadores da Bienal de Berlim, h uma questo substancial que permeia a realidade dos pichadores. Quem disse que eles querem sua expresso reconhecida como arte? Se arte pressupe, como ocorreu com ograffiti, adaptar-se a um molde especfico, seguir determinadas regras e por consequncia ver sua potncia intervencionista diluda e branda, muito improvvel que tenham esse desejo. 11 A representao da pixao como forma de expresso destrutiva, contra o sistema, extremista e marginalizada o que a mantm viva. De certo modo, a rejeio e a ignorncia do pblico o que garante sua fora intervencionista e a to importante e sensvel essncia. Adaptado de: CARVALHO, M.F.Pichao-arte pichao?Revista Arruaa, Edio n 0, Csper lbero, 2013. Disponvel em https://casperlibero.edu.br/revistas/pichacao-arte-e-picha%C3%A7%C3%A3o/ Acesso em: maio 2018. De acordo com o texto, INCORRETO afirmar que
(ITA - 2019 - 1 FASE) 1 As discusses muitas vezes acaloradas sobre o reconhecimento da pixao como expresso artstica traz tona um questionamento conceitual importante: uma vez considerado arte contempornea, o movimento perderia sua essncia? Para compreendermos os desdobramentos da pixao, alguns aspectos presentes nograffitiso essenciais e importantes de serem resgatados. Ograffitinasceu originalmente nos EUA, na dcada de 1970, como um dos elementos da cultura hip-hop (Break, MC, DJ e Graffiti). Da at os dias atuais, ele ganhou em fora, criatividade e tcnica, sendo reconhecido hoje no Brasil comograffitiartstico. Sua caracterizao como arte contempornea foi consolidada definitivamente por volta do ano 2000. 2 A distino entregraffitie pixao clara; ao primeiro atribuda a condio de arte, e o segundo classificado como um tipo de prtica de vandalismo e depredao das cidades, vinculado ilegalidade e marginalidade. Essa distino das expresses deu-se em boa parte pela institucionalizao do graffiti, com os primeiros resqucios j na dcada de 70. 3 Esse desenvolvimento tcnico e formal dograffiti ocasionou a perda da potncia subversiva que o marca como manifestao genuna de rua e caminha para uma arte de interveno domesticada enquadrada cada vez mais nos moldes do sistema de arte tradicional. O grafiteiro visto hoje como artista plstico, possuindo as caractersticas de todo e qualquer artista contemporneo, incluindo a prtica e ostatus. Muito alm da diferenciao conceitual entre as expresses ainda que elas compartilhem da mesma matria-prima trata-se de sua fora e essncia intervencionista. 4 Estudos sobre a origem da pixao afirmam que ograffitinova-iorquino original equivale pixao brasileira; os dois mantm os mesmos princpios: a fora, a exploso e o vazio. Uma das principais caractersticas do pixo justamente o esvaziamento sgnico, a potncia esvaziada. No existem frases poticas, nem significados. A pixao possui dimenso incomunicativa, fechada, que no conversa com a sociedade. Pelo contrrio, de certa forma, a agride. A rejeio do pblico geral reside na falta de compreenso e inteleco das inscries; apenas os membros da prpria comunidade de pixadores decifram o contedo. 5 A significncia e a fora intervencionista do pixo residem, portanto, no prprio ato. Ela evidenciada pela impossibilidade de insero em qualquer estatuto pr-estabelecido, pois isso pressuporia a diluio e a perda de sua potncia signo-esttica. Enquanto ograffitifoi sendo introduzido como uma nova expresso de arte contempornea, a pichao utilizou o princpio de no autorizao para fortalecer sua essncia. 6 Mas o quo sensvel essa forma de expresso extremista e antissistema como a pixao? Como lidar com a linha tnue dos princpios estabelecidos para no cair em contradio? Na 26 Bienal de Arte de So Paulo, em 2004, houve um caso de pixo na obra do artista cubano naturalizado americano, Jorge Pardo. Seu comentrio, diante da interveno, foi Se algum faz alguma coisa no seu trabalho, isso positivo, para mim, porque escolheram a minha pea entre as expostas (). Quem fez isso deve discordar de alguma coisa na obra. Pode ser outro artista fazendo sua prpria obra dentro da minha. Pode ser s uma brincadeira e finalizou dizendo que pichar a obra de algum tambm no to incomum. J tradicional. 7 interessante notar, a partir do depoimento de Pardo, a recorrncia de padres em movimentos de qualquer natureza, e o inevitvel enquadramento em algum tipo de sistema, mesmo que imposto e organizado pelos prprios elementos do grupo. Na pixao, levando em conta o sistema em que esto inseridos, constatamos que tambm passa longe de ser perfeito; existe rivalidade pesada entre gangues, hierarquia e disputas pelo poder. 8 Em 2012, a Bienal de Arte de Berlim, com o tema Forget Fear, considerado ousado, priorizou fatos e inquietaes polticas da atualidade. Os pixadores brasileiros, Cripta (Djan Ivson), Biscoito, William e R.C., foram convidados na ocasio para realizar umworkshopsobre pixao em um espao delimitado, na igreja Santa Elizabeth. Eles compareceram. Mas no seguiram as regras impostas pela curadoria, ao pixar o prprio monumento. O resultado foi tumulto e desentendimento entre os pixadores e a curadoria do evento. 9 O grande dilema diante do fato que, ao aceitarem o convite para participar de uma bienal de arte, automaticamente aceitaram as regras e o sistema imposto. Mesmo sem adotar o comportamento esperado, caram em contradio. Por outro lado, pela pichao ser conhecidamente transgressora (ou pelo jeito, no to conhecida assim), os organizadores deveriam pressupor que eles no seguiriam padres pr-estabelecidos. 10 Embora existam movimentos e grupos que consideram, sim, a pixao como forma de arte, como o caso dos curadores da Bienal de Berlim, h uma questo substancial que permeia a realidade dos pichadores. Quem disse que eles querem sua expresso reconhecida como arte? Se arte pressupe, como ocorreu com ograffiti, adaptar-se a um molde especfico, seguir determinadas regras e por consequncia ver sua potncia intervencionista diluda e branda, muito improvvel que tenham esse desejo. 11 A representao da pixao como forma de expresso destrutiva, contra o sistema, extremista e marginalizada o que a mantm viva. De certo modo, a rejeio e a ignorncia do pblico o que garante sua fora intervencionista e a to importante e sensvel essncia. Adaptado de: CARVALHO, M.F.Pichao-arte pichao?Revista Arruaa, Edio n 0, Csper lbero, 2013. Disponvel em https://casperlibero.edu.br/revistas/pichacao-arte-e-picha%C3%A7%C3%A3o/ Acesso em: maio 2018. Assinale a alternativa cujo trecho sublinhado denote uma condio.
(ITA - 2019 - 1 FASE) Texto 1 1 As discusses muitas vezes acaloradas sobre o reconhecimento da pixao como expresso artstica traz tona um questionamento conceitual importante: uma vez considerado arte contempornea, o movimento perderia sua essncia? Para compreendermos os desdobramentos da pixao, alguns aspectos presentes nograffitiso essenciais e importantes de serem resgatados. Ograffitinasceu originalmente nos EUA, na dcada de 1970, como um dos elementos da cultura hip-hop (Break, MC, DJ e Graffiti). Da at os dias atuais, ele ganhou em fora, criatividade e tcnica, sendo reconhecido hoje no Brasil comograffitiartstico. Sua caracterizao como arte contempornea foi consolidada definitivamente por volta do ano 2000. 2 A distino entregraffitie pixao clara; ao primeiro atribuda a condio de arte, e o segundo classificado como um tipo de prtica de vandalismo e depredao das cidades, vinculado ilegalidade e marginalidade. Essa distino das expresses deu-se em boa parte pela institucionalizao do graffiti, com os primeiros resqucios j na dcada de 70. 3 Esse desenvolvimento tcnico e formal dograffiti ocasionou a perda da potncia subversiva que o marca como manifestao genuna de rua e caminha para uma arte de interveno domesticada enquadrada cada vez mais nos moldes do sistema de arte tradicional. O grafiteiro visto hoje como artista plstico, possuindo as caractersticas de todo e qualquer artista contemporneo, incluindo a prtica e ostatus. Muito alm da diferenciao conceitual entre as expresses ainda que elas compartilhem da mesma matria-prima trata-se de sua fora e essncia intervencionista. 4 Estudos sobre a origem da pixao afirmam que ograffitinova-iorquino original equivale pixao brasileira; os dois mantm os mesmos princpios: a fora, a exploso e o vazio. Uma das principais caractersticas do pixo justamente o esvaziamento sgnico, a potncia esvaziada. No existem frases poticas, nem significados. A pixao possui dimenso incomunicativa, fechada, que no conversa com a sociedade. Pelo contrrio, de certa forma, a agride. A rejeio do pblico geral reside na falta de compreenso e inteleco das inscries; apenas os membros da prpria comunidade de pixadores decifram o contedo. 5 A significncia e a fora intervencionista do pixo residem, portanto, no prprio ato. Ela evidenciada pela impossibilidade de insero em qualquer estatuto pr-estabelecido, pois isso pressuporia a diluio e a perda de sua potncia signo-esttica. Enquanto ograffitifoi sendo introduzido como uma nova expresso de arte contempornea, a pichao utilizou o princpio de no autorizao para fortalecer sua essncia. 6 Mas o quo sensvel essa forma de expresso extremista e antissistema como a pixao? Como lidar com a linha tnue dos princpios estabelecidos para no cair em contradio? Na 26 Bienal de Arte de So Paulo, em 2004, houve um caso de pixo na obra do artista cubano naturalizado americano, Jorge Pardo. Seu comentrio, diante da interveno, foi Se algum faz alguma coisa no seu trabalho, isso positivo, para mim, porque escolheram a minha pea entre as expostas (). Quem fez isso deve discordar de alguma coisa na obra. Pode ser outro artista fazendo sua prpria obra dentro da minha. Pode ser s uma brincadeira e finalizou dizendo que pichar a obra de algum tambm no to incomum. J tradicional. 7 interessante notar, a partir do depoimento de Pardo, a recorrncia de padres em movimentos de qualquer natureza, e o inevitvel enquadramento em algum tipo de sistema, mesmo que imposto e organizado pelos prprios elementos do grupo. Na pixao, levando em conta o sistema em que esto inseridos, constatamos que tambm passa longe de ser perfeito; existe rivalidade pesada entre gangues, hierarquia e disputas pelo poder. 8 Em 2012, a Bienal de Arte de Berlim, com o tema Forget Fear, considerado ousado, priorizou fatos e inquietaes polticas da atualidade. Os pixadores brasileiros, Cripta (Djan Ivson), Biscoito, William e R.C., foram convidados na ocasio para realizar umworkshopsobre pixao em um espao delimitado, na igreja Santa Elizabeth. Eles compareceram. Mas no seguiram as regras impostas pela curadoria, ao pixar o prprio monumento. O resultado foi tumulto e desentendimento entre os pixadores e a curadoria do evento. 9 O grande dilema diante do fato que, ao aceitarem o convite para participar de uma bienal de arte, automaticamente aceitaram as regras e o sistema imposto. Mesmo sem adotar o comportamento esperado, caram em contradio. Por outro lado, pela pichao ser conhecidamente transgressora (ou pelo jeito, no to conhecida assim), os organizadores deveriam pressupor que eles no seguiriam padres pr-estabelecidos. 10 Embora existam movimentos e grupos que consideram, sim, a pixao como forma de arte, como o caso dos curadores da Bienal de Berlim, h uma questo substancial que permeia a realidade dos pichadores. Quem disse que eles querem sua expresso reconhecida como arte? Se arte pressupe, como ocorreu com ograffiti, adaptar-se a um molde especfico, seguir determinadas regras e por consequncia ver sua potncia intervencionista diluda e branda, muito improvvel que tenham esse desejo. 11 A representao da pixao como forma de expresso destrutiva, contra o sistema, extremista e marginalizada o que a mantm viva. De certo modo, a rejeio e a ignorncia do pblico o que garante sua fora intervencionista e a to importante e sensvel essncia. Adaptado de: CARVALHO, M.F.Pichao-arte pichao?Revista Arruaa, Edio n 0, Csper lbero, 2013. Disponvel em https://casperlibero.edu.br/revistas/pichacao-arte-e-picha%C3%A7%C3%A3o/ Acesso em: maio 2018. Assinale a alternativa em que o trecho sublinhado expressa ideia de causa
(ITA - 2019 - 1 FASE) (1 questo sobre o texto) Texto II Em frente da minha casa existe um muro enorme, todo branco. No Facebook, uma postagem me chama ateno: um muro virtual e a brincadeira pich-lo com qualquer frase que vier cabea. No quero pichar o mundo virtual, quero um muro de verdade, igual a este de frente para a minha casa. Pelas ruas e avenidas, vou trombando nos muros espalhados pelos quarteires, repletos de frases tolas, xingamentos e erros de portugus. Eu bem poderia modificar isso. O caminho se faz caminhando, essa frase genial, to forte e certeira do poeta espanholAntonioMachado, merece aparecer em diversos muros. Basta pensar um pouco e imaginar; de fato, no h caminho, o caminho se faz ao caminhar. De repente, vejo um prdio inteiro marcado por riscos sem sentido e me calo. Fui tentar entender e no me faltaram explicaes: grafite, tribal, coisas de difcil compreenso. As explicaes prosseguem: grafite arte, pichar vandalismo. O pequeno vndalo escondido dentro de mim busca frases na memria e, ento, sinto at o cheiro da lama de Woodstock em letras garrafais: No importam os motivos da guerra, a paz muito mais importante. Feita uma folha deslizando pelas guas correntes do rio me surge a imagem de John Lennon; junto dela, outra frase: O sonho no acabou, um tanto modificada pela minha mo, tornando-se: o sonho nunca acaba. E minha cabea j se transforma num muro todo branco. Desde os primrdios dos tempos, usamos a escrita como forma de expresso, os homens das cavernas deixaram pichados nas rochas diversos sinais. Num ato impulsivo, comprei uma tinta spray, atravessei a rua chacoalhando a lata e assim prossegui at chegar minha sala, abraado pela ansiedade aumentada a cada passo. Coloquei o dedo no gatilho do spray e fiquei respirando fundo, juntando coragem e na mente desenhando a primeira frase para pichar, um tipo de lema, aquela do L Borges: Os sonhos no envelhecem percebo, num sorrir de canto de boca, o quanto os sonhos marcam a minha existncia. Depois arriscaria uma frase que criei e gosto: A lagarta nunca pensou em voar, mas da, no espanto da metamorfose, lhe nasceram asas.... Ou outra, completamente tola, me ocorreu depois de assistir a um documentrio, convencido de que o panda um bicho cativante, mas vive distante daqui e sua agonia no menor das dos nossos bichos. Assim pensando, as letras duma nova pichao se formaram num estalo: Esqueam os pandas, salvem as jaguatiricas!. No muro do cemitrio, escreveria outra frase que gosto: Em longo prazo estaremos todos mortos, do John Keynes, que trago comigo desde os tempos da faculdade. Frases de tmulos ganhariam os muros; no de Salvador Allende est consagrado, de autoria desconhecida: Alguns anos de sombras no nos tornaro cegos. Sempre apegado aos sonhos, picharia tambm uma do Charles Chaplin: Nunca abandone os seus sonhos, porque se um dia eles se forem, voc continuar vivendo, mas ter deixado de existir. Claro, eu poderia escrever essas frases num livro, num caderno ou no papel amassado que embrulha o po da manh, mas o muro me cativa, porque est ao alcance das vistas de todos e quero gritar para o mundo as frases que gosto; so tantas, at temo que me faltem os muros. Poderia passar o dia todo pichando frases, as linhas vo se acabando e ainda tenho tanto a pichar... preciso muito tempo para se tornar jovem, de Picasso, H um certo prazer na loucura que s um louco conhece, de Neruda, Se me esqueceres, s uma coisa, esquece-me bem devagarzinho, cravada por Mrio Quintana... Encerro com Nietzsche: Isto um sonho, bem sei, mas quero continuar a sonhar, que serve para exemplificar o que sinto neste momento, aqui na minha sala, escrevendo no computador o que gostaria de jogar nos muros l fora, a custo me mantendo calmo, um olho na tela, outro voltado para o lado oposto da rua. L tem aquele muro enorme, branco e virgem, clamando por frases. No sei quanto tempo resistirei at puxar o gatilho do spray. Adaptado de ALVEZ, A, L. Um muro para pichar. Correio do Estado,fev.2018. Disponvel em:https://www.correiodoestado.com.br/opiniao/leia-a-cronica-de-andre-luiz-alvez-um-mur-para-pichar/321052/ Por ser uma crnica, o texto 2 apresenta formas coloquiais, que por vezes distanciam o texto da norma padro da lngua portuguesa. Assinale a alternativa em que ocorre desvio da norma culta.
(ITA - 2019 - 1 FASE) (2 questo sobre o texto) Texto II Em frente da minha casa existe um muro enorme, todo branco. No Facebook, uma postagem me chama ateno: um muro virtual e a brincadeira pich-lo com qualquer frase que vier cabea. No quero pichar o mundo virtual, quero um muro de verdade, igual a este de frente para a minha casa. Pelas ruas e avenidas, vou trombando nos muros espalhados pelos quarteires, repletos de frases tolas, xingamentos e erros de portugus. Eu bem poderia modificar isso. O caminho se faz caminhando, essa frase genial, to forte e certeira do poeta espanholAntonioMachado, merece aparecer em diversos muros. Basta pensar um pouco e imaginar; de fato, no h caminho, o caminho se faz ao caminhar. De repente, vejo um prdio inteiro marcado por riscos sem sentido e me calo. Fui tentar entender e no me faltaram explicaes: grafite, tribal, coisas de difcil compreenso. As explicaes prosseguem: grafite arte, pichar vandalismo. O pequeno vndalo escondido dentro de mim busca frases na memria e, ento, sinto at o cheiro da lama de Woodstock em letras garrafais: No importam os motivos da guerra, a paz muito mais importante. Feita uma folha deslizando pelas guas correntes do rio me surge a imagem de John Lennon; junto dela, outra frase: O sonho no acabou, um tanto modificada pela minha mo, tornando-se: o sonho nunca acaba. E minha cabea j se transforma num muro todo branco. Desde os primrdios dos tempos, usamos a escrita como forma de expresso, os homens das cavernas deixaram pichados nas rochas diversos sinais. Num ato impulsivo, comprei uma tinta spray, atravessei a rua chacoalhando a lata e assim prossegui at chegar minha sala, abraado pela ansiedade aumentada a cada passo. Coloquei o dedo no gatilho do spray e fiquei respirando fundo, juntando coragem e na mente desenhando a primeira frase para pichar, um tipo de lema, aquela do L Borges: Os sonhos no envelhecem percebo, num sorrir de canto de boca, o quanto os sonhos marcam a minha existncia. Depois arriscaria uma frase que criei e gosto: A lagarta nunca pensou em voar, mas da, no espanto da metamorfose, lhe nasceram asas.... Ou outra, completamente tola, me ocorreu depois de assistir a um documentrio, convencido de que o panda um bicho cativante, mas vive distante daqui e sua agonia no menor das dos nossos bichos. Assim pensando, as letras duma nova pichao se formaram num estalo: Esqueam os pandas, salvem as jaguatiricas!. No muro do cemitrio, escreveria outra frase que gosto: Em longo prazo estaremos todos mortos, do John Keynes, que trago comigo desde os tempos da faculdade. Frases de tmulos ganhariam os muros; no de Salvador Allende est consagrado, de autoria desconhecida: Alguns anos de sombras no nos tornaro cegos. Sempre apegado aos sonhos, picharia tambm uma do Charles Chaplin: Nunca abandone os seus sonhos, porque se um dia eles se forem, voc continuar vivendo, mas ter deixado de existir. Claro, eu poderia escrever essas frases num livro, num caderno ou no papel amassado que embrulha o po da manh, mas o muro me cativa, porque est ao alcance das vistas de todos e quero gritar para o mundo as frases que gosto; so tantas, at temo que me faltem os muros. Poderia passar o dia todo pichando frases, as linhas vo se acabando e ainda tenho tanto a pichar... preciso muito tempo para se tornar jovem, de Picasso, H um certo prazer na loucura que s um louco conhece, de Neruda, Se me esqueceres, s uma coisa, esquece-me bem devagarzinho, cravada por Mrio Quintana... Encerro com Nietzsche: Isto um sonho, bem sei, mas quero continuar a sonhar, que serve para exemplificar o que sinto neste momento, aqui na minha sala, escrevendo no computador o que gostaria de jogar nos muros l fora, a custo me mantendo calmo, um olho na tela, outro voltado para o lado oposto da rua. L tem aquele muro enorme, branco e virgem, clamando por frases. No sei quanto tempo resistirei at puxar o gatilho do spray. Adaptado de ALVEZ, A, L. Um muro para pichar. Correio do Estado,fev.2018. Disponvel em:https://www.correiodoestado.com.br/opiniao/leia-a-cronica-de-andre-luiz-alvez-um-mur-para-pichar/321052/ Assinale a alternativa em que o item sublinhado NO pronome relativo.
(ITA - 2019 - 1 FASE) Texto 1 1 As discusses muitas vezes acaloradas sobre o reconhecimento da pixao como expresso artstica traz tona um questionamento conceitual importante: uma vez considerado arte contempornea, o movimento perderia sua essncia? Para compreendermos os desdobramentos da pixao, alguns aspectos presentes no graffiti so essenciais e importantes de serem resgatados. O graffiti nasceu originalmente nos EUA, na dcada de 1970, como um dos elementos da cultura hip-hop (Break, MC, DJ e Graffiti). Da at os dias atuais, ele ganhou em fora, criatividade e tcnica, sendo reconhecido hoje no Brasil como graffiti artstico. Sua caracterizao como arte contempornea foi consolidada definitivamente por volta do ano 2000. 2 A distino entre graffiti e pixao clara; ao primeiro atribuda a condio de arte, e o segundo classificado como um tipo de prtica de vandalismo e depredao das cidades, vinculado ilegalidade e marginalidade. Essa distino das expresses deu-se em boa parte pela institucionalizao do graffiti, com os primeiros resqucios j na dcada de 70. 3 Esse desenvolvimento tcnico e formal do graffiti ocasionou a perda da potncia subversiva que o marca como manifestao genuna de rua e caminha para uma arte de interveno domesticada enquadrada cada vez mais nos moldes do sistema de arte tradicional. O grafiteiro visto hoje como artista plstico, possuindo as caractersticas de todo e qualquer artista contemporneo, incluindo a prtica e o status. Muito alm da diferenciao conceitual entre as expresses ainda que elas compartilhem da mesma matria-prima trata-se de sua fora e essncia intervencionista. 4 Estudos sobre a origem da pixao afirmam que o graffiti nova-iorquino original equivale pixao brasileira; os dois mantm os mesmos princpios: a fora, a exploso e o vazio. Uma das principais caractersticas do pixo justamente o esvaziamento sgnico, a potncia esvaziada. No existem frases poticas, nem significados. A pixao possui dimenso incomunicativa, fechada, que no conversa com a sociedade. Pelo contrrio, de certa forma, a agride. A rejeio do pblico geral reside na falta de compreenso e inteleco das inscries; apenas os membros da prpria comunidade de pixadores decifram o contedo. 5 A significncia e a fora intervencionista do pixo residem, portanto, no prprio ato. Ela evidenciada pela impossibilidade de insero em qualquer estatuto pr-estabelecido, pois isso pressuporia a diluio e a perda de sua potncia signo-esttica. Enquanto o graffiti foi sendo introduzido como uma nova expresso de arte contempornea, a pichao utilizou o princpio de no autorizao para fortalecer sua essncia. 6 Mas o quo sensvel essa forma de expresso extremista e antissistema como a pixao? Como lidar com a linha tnue dos princpios estabelecidos para no cair em contradio? Na 26 Bienal de Arte de So Paulo, em 2004, houve um caso de pixo na obra do artista cubano naturalizado americano, Jorge Pardo. Seu comentrio, diante da interveno, foi Se algum faz alguma coisa no seu trabalho, isso positivo, para mim, porque escolheram a minha pea entre as expostas (). Quem fez isso deve discordar de alguma coisa na obra. Pode ser outro artista fazendo sua prpria obra dentro da minha. Pode ser s uma brincadeira e finalizou dizendo que pichar a obra de algum tambm no to incomum. J tradicional. 7 interessante notar, a partir do depoimento de Pardo, a recorrncia de padres em movimentos de qualquer natureza, e o inevitvel enquadramento em algum tipo de sistema, mesmo que imposto e organizado pelos prprios elementos do grupo. Na pixao, levando em conta o sistema em que esto inseridos, constatamos que tambm passa longe de ser perfeito; existe rivalidade pesada entre gangues, hierarquia e disputas pelo poder. 8 Em 2012, a Bienal de Arte de Berlim, com o tema Forget Fear, considerado ousado, priorizou fatos e inquietaes polticas da atualidade. Os pixadores brasileiros, Cripta (Djan Ivson), Biscoito, William e R.C., foram convidados na ocasio para realizar um workshop sobre pixao em um espao delimitado, na igreja Santa Elizabeth. Eles compareceram. Mas no seguiram as regras impostas pela curadoria, ao pixar o prprio monumento. O resultado foi tumulto e desentendimento entre os pixadores e a curadoria do evento. 9 O grande dilema diante do fato que, ao aceitarem o convite para participar de uma bienal de arte, automaticamente aceitaram as regras e o sistema imposto. Mesmo sem adotar o comportamento esperado, caram em contradio. Por outro lado, pela pichao ser conhecidamente transgressora (ou pelo jeito, no to conhecida assim), os organizadores deveriam pressupor que eles no seguiriam padres pr-estabelecidos. 10 Embora existam movimentos e grupos que consideram, sim, a pixao como forma de arte, como o caso dos curadores da Bienal de Berlim, h uma questo substancial que permeia a realidade dos pichadores. Quem disse que eles querem sua expresso reconhecida como arte? Se arte pressupe, como ocorreu com o graffiti, adaptar-se a um molde especfico, seguir determinadas regras e por consequncia ver sua potncia intervencionista diluda e branda, muito improvvel que tenham esse desejo. 11 A representao da pixao como forma de expresso destrutiva, contra o sistema, extremista e marginalizada o que a mantm viva. De certo modo, a rejeio e a ignorncia do pblico o que garante sua fora intervencionista e a to importante e sensvel essncia. Adaptado de: CARVALHO, M.F. Pichao-arte pichao? Revista Arruaa, Edio n 0, Csper lbero, 2013. Disponvel em https://casperlibero.edu.br/revistas/pichacao-arte-e-picha%C3%A7%C3%A3o/ Acesso em: maio 2018. Texto 2 Em frente da minha casa existe um muro enorme, todo branco. No Facebook, uma postagem me chama ateno: um muro virtual e a brincadeira pich-lo com qualquer frase que vier cabea. No quero pichar o mundo virtual, quero um muro de verdade, igual a este de frente para a minha casa. Pelas ruas e avenidas, vou trombando nos muros espalhados pelos quarteires, repletos de frases tolas, xingamentos e erros de portugus. Eu bem poderia modificar isso. O caminho se faz caminhando, essa frase genial, to forte e certeira do poeta espanhol Antonio Machado, merece aparecer em diversos muros. Basta pensar um pouco e imaginar; de fato, no h caminho, o caminho se faz ao caminhar. De repente, vejo um prdio inteiro marcado por riscos sem sentido e me calo. Fui tentar entender e no me faltaram explicaes: grafite, tribal, coisas de difcil compreenso. As explicaes prosseguem: grafite arte, pichar vandalismo. O pequeno vndalo escondido dentro de mim busca frases na memria e, ento, sinto at o cheiro da lama de Woodstock em letras garrafais: No importam os motivos da guerra, a paz muito mais importante. Feita uma folha deslizando pelas guas correntes do rio me surge a imagem de John Lennon; junto dela, outra frase: O sonho no acabou, um tanto modificada pela minha mo, tornando-se: o sonho nunca acaba. E minha cabea j se transforma num muro todo branco. Desde os primrdios dos tempos, usamos a escrita como forma de expresso, os homens das cavernas deixaram pichados nas rochas diversos sinais. Num ato impulsivo, comprei uma tinta spray, atravessei a rua chacoalhando a lata e assim prossegui at chegar minha sala, abraado pela ansiedade aumentada a cada passo. Coloquei o dedo no gatilho do spray e fiquei respirando fundo, juntando coragem e na mente desenhando a primeira frase para pichar, um tipo de lema, aquela do L Borges: Os sonhos no envelhecem percebo, num sorrir de canto de boca, o quanto os sonhos marcam a minha existncia. Depois arriscaria uma frase que criei e gosto: A lagarta nunca pensou em voar, mas da, no espanto da metamorfose, lhe nasceram asas.... Ou outra, completamente tola, me ocorreu depois de assistir a um documentrio, convencido de que o panda um bicho cativante, mas vive distante daqui e sua agonia no menor das dos nossos bichos. Assim pensando, as letras duma nova pichao se formaram num estalo: Esqueam os pandas, salvem as jaguatiricas!. No muro do cemitrio, escreveria outra frase que gosto: Em longo prazo estaremos todos mortos, do John Keynes, que trago comigo desde os tempos da faculdade. Frases de tmulos ganhariam os muros; no de Salvador Allende est consagrado, de autoria desconhecida: Alguns anos de sombras no nos tornaro cegos. Sempre apegado aos sonhos, picharia tambm uma do Charles Chaplin: Nunca abandone os seus sonhos, porque se um dia eles se forem, voc continuar vivendo, mas ter deixado de existir. Claro, eu poderia escrever essas frases num livro, num caderno ou no papel amassado que embrulha o po da manh, mas o muro me cativa, porque est ao alcance das vistas de todos e quero gritar para o mundo as frases que gosto; so tantas, at temo que me faltem os muros. Poderia passar o dia todo pichando frases, as linhas vo se acabando e ainda tenho tanto a pichar... preciso muito tempo para se tornar jovem, de Picasso, H um certo prazer na loucura que s um louco conhece, de Neruda, Se me esqueceres, s uma coisa, esquece-me bem devagarzinho, cravada por Mrio Quintana... Encerro com Nietzsche: Isto um sonho, bem sei, mas quero continuar a sonhar, que serve para exemplificar o que sinto neste momento, aqui na minha sala, escrevendo no computador o que gostaria de jogar nos muros l fora, a custo me mantendo calmo, um olho na tela, outro voltado para o lado oposto da rua. L tem aquele muro enorme, branco e virgem, clamando por frases. No sei quanto tempo resistirei at puxar o gatilho do spray. Adaptado de ALVEZ, A, L. Um muro para pichar. Correio do Estado, fev. 2018. Disponvel em: https://www.correiodoestado.com.br/opiniao/leia-a-cronica-de-andre-luiz-alvez-um-mur-para-pichar/321052/ A partir da leitura dos textos 1 e 2, depreende-se que I. os autores reiteram que grafite e pichao no so praticas artsticas bem aceitas por toda a sociedade. II. o texto 1 menciona a ausncia de poesia na pichao; o texto 2 explora a possibilidade de essa pratica disseminar cultura. III. o texto 1 contrasta grafite e pichao; j o texto 2 expressa motivaes subjetivas do autor para pichar. Est(o) correta(s)
(ITA - 2019 - 1 FASE) http://desdiscursos.blogspot.com/2011/12/crimes-ambientais.html Assinale a alternativa que exprime o teor critico da charge
(ITA - 2019 - 1 FASE) Senhora, de Jos de Alencar, uma obra representativa do Romantismo porque apresenta:
(ITA - 2019 - 1 FASE) No Realismo, o adultrio subverte o ideal romntico de casamento. Machado de Assis, porm, costuma trat-lo de modo ambguo, valendo-se, por exemplo, do cime masculino ou da dubiedade feminina. Com isso, em seus romances, a traio nem sempre comprovada, ou, mesmo que desejada pela mulher, no se consuma.Constatamos a ambiguidade emQuincas Borbasquando:
(ITA - 2019 - 1 FASE) So Bernardo, de Graciliano Ramos, obra representativa da Gerao de 30. Em relao ao protagonista podemos dizer que:
(ITA - 2019 - 1 FASE) Leia o poema de autoria de Ceclia Meireles. Epigrama n.04 O choro vem perto dos olhos para que a dor transborde e caia O choro vem quase chorando como a onda que toca a praia. Descem dos cus ordens augustas e o mar chama a onda para o centro O choro foge sem vestgios, mas levando nufragos dentro. O texto: I. Apresenta metaforicamente um fenmeno humano e um fenmeno natural a partir da identificao de, pelo menos, um trao comum a ambos: gua em movimento. II. Sugere que, enquanto o movimento do choro ligado variao das emoes, o movimento da onda deve-se a foras naturais, responsveis pela circularidade martima. III. Ameniza o dramtico do choro humano, pois, quando acomete o sujeito, ele passa naturalmente, como a onda que volta ao mar. IV. Leva-nos a perceber que o choro contido tem um impacto emocional que o torna desolador. Esto corretos: