(Mack) (...) As vias estão portanto abertas simultaneamente para sudoeste, logo para as Américas, e para sudeste, logo para o oceano Índico e para a Ásia. Os terrores que enchiam a alma dos marinheiros sobre as extremidades da Terra estão ultrapassados. O sistema dos ventos atlânticos está compreendido. A bússola, o astrolábio, as tabelas de navegação permitem localizar mais ou menos a posição do navio na imensidade marítima. A nau ou nave e a caravela substituem vantajosamente a galera e suas derivadas, frente às vagas do oceano. Os europeus estão ávidos de saber o que se passa além-oceano. Os Estados reencontraram uma paz e uma relativa prosperidade. Tudo está no seu lugar para os grandes descobrimentos.
Frédéric Mauro - A expansão européia
Os “grandes descobrimentos” a que o trecho acima se refere
foram possíveis, no caso de Portugal, graças à combinação de vários fatores, destacadamente, a centralização do poder monárquico em 1385, que aproximou o poder real dos interesses dos comerciantes lusos.
não despertaram, por todo o século XV, nenhum interesse nos “Reis Católicos” da Espanha, preocupados exclusivamente com as lutas contra os mouros que ainda ocupavam a Península Ibérica.
permitiram o estabelecimento de amplas relações comerciais, pacíficas e mutuamente vantajosas, entre os povos europeus e os povos africanos e americanos.
provocaram um enfraquecimento imediato das monarquias absolutistas (sobretudo as ibéricas), substituídas por repúblicas governadas daí em diante pelos grupos burgueses.
ocorreram numa época de grande obscurantismo cultural e científico, de recusa sistemática a toda inovação técnica, e de desprezo pela herança artística e filosófica do mundo greco-romano.