(MACK - 2014)
o assassino era o escriba
Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito
inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida, regular
como um paradigma da 1ª conjugação.
[5] Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial, ele
não tinha dúvidas: sempre achava um jeito assindético de
nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
[10] Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
[15] A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agentes da passiva, o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.
Paulo Leminski, Caprichos e Relaxos, 1983
Sobre o texto de Paulo Leminski todas as alternativas estão corretas, EXCETO
a terminologia sintática e morfológica, que em um primeiro momento é motivo de estranhamento, concede o efeito de humor ao poema.
o eu-lírico demonstra por meio da composição de texto pessoal e confessional o seu desconhecimento gramatical.
nos primeiros sete versos o eu-lírico apresenta seu professor, que, por meio de suas ações e funções, é caracterizado como um torturador.
entre os versos 8 e 16 o leitor toma consciência de todos os fracassos que compuseram a vida do professor.
o texto é estruturado em forma de narrativa policial, mas em função de sua organização gráfica, métrica e rítmica é considerado um poema.