(UECE/2014) O texto a seguir é um excerto retirado do primeiro parágrafo do artigo de opinião Com um braço só, escrito por J. R. Guzzo, que trata da corrupção na política. 1Um dos aspectos menos atraentes da personalidade humana é a tendência de muitas pessoas de só condenar os vícios que não praticam, ou pelos quais não se sentem atraídas. Um caloteiro que não fuma, não bebe e não joga, por exemplo, é frequentemente a voz que mais grita contra o cigarro, a bebida e os cassinos, mas fecha a boca, os ouvidos e os olhos, como 6os três prudentes macaquinhos orientais, quando o assunto é honestidade no pagamento de dívidas pessoais. É a velha história: 2o mal está 4sempre na alma dos outros. Pode até ser verdade, 5infelizmente, quando se trata da política brasileira, em que continua valendo, mais do que nunca, a máxima popular do 3pega um, pega geral. Extraído do artigo Com um braço só, de J.R. Guzzo. VEJA. 21/08/2013. Atente para as seguintes afirmações sobre alguns dos elementos do texto. I. Os gramáticos modernos distinguem os advérbios frásicos (aqueles advérbios que modificam um elemento da frase, como em Ele correu muito.) dos advérbios extrafrásicos (aqueles que são exteriores à frase, estão no âmbito da enunciação, como em Ele, naturalmente, passou de primeira, não foi?). Esse segundo grupo congrega os advérbios avaliativos, isto é, que indicam uma avaliação do enunciador acerca do conteúdo enunciado. No texto em estudo, temos um advérbio frásico (ref. 4): sempre; e um advérbio extrafrásico (ref. 5): infelizmente. II. Na expressão os três prudentes macaquinhos orientais (ref. 6), o artigo definido os confere a três macaquinhos orientais o status de informação conhecida. III. O texto, embora constitua apenas um excerto do parágrafo original, apresenta a estrutura paragráfica canônica: tópico frasal ou introdução, desenvolvimento e conclusão. Está correto o que se diz em
(UECE - 2014) Os dois superlativos (ref. 2 e 3) emprestam ao poema um tom de O porto fica bocejando, aberto para os alunos retardatrios. No h pressa em viver nem nas ladeiras duras de subir, 1quanto mais para estudar a inspida cartilha. Mas se o pai do menino da oposio, 2ilustrssima autoridade municipal, prima por sua vez da 3sacratssima autoridade nacional, 4ah, isso no: o vagabundo ficar mofando l fora e leva no boletim uma galxia de zeros. A gente aprende muito no porto fechado. ANDRADE, Carlos Drummond de. In: Poesia e Prosa. Editora Nova Aguilar:1988. p. 506-507.
(UECE-2014) Leia: Atente à caracterização do engraxate. Segundo o cronista, ele era gordo e calvo. Essa caracterização I. está, de algum modo, relacionada com as ideias principais do texto. II. tem uma função textual. III. atende a uma necessidade de coerência interna do texto. Estão corretas as complementações contidas em
(UECE - 2014) O texto 1 desta prova foi extrado de uma crnica de Affonso Romano de SantAnna, cronista e poeta mineiro. Professor universitrio e jornalista, escreveu para os maiores jornais do Pas. Com uma produo diversificada e consistente, pensa o Brasil e a cultura do seu tempo, e se destaca como terico, como poeta, como cronista, como professor, como administrador cultural e como jornalista. TEXTO I Porta de colgio Passando pela porta de um colgio, me veio a sensao ntida de que aquilo era a porta da prpria vida. Banal, direis. Mas a sensao era tocante. Por isso, parei, como se precisasse ver melhor o que via e previa. Primeiro h uma diferena de clima entre aquele bando de adolescentes espalhados pela calada, sentados sobre carros, em torno de carrocinhas de doces e refrigerantes, e aqueles que transitam pela rua. No s o uniforme. No s a idade. toda uma atmosfera, como se estivessem ainda dentro de uma redoma ou aqurio, numa bolha, resguardados do mundo. Talvez no estejam. Vrios j sofreram a pancada da separao dos pais. Aprenderam que a vida tambm um exerccio de separao. Um ou outro j transou droga, e com isso deve ter se sentido (equivocadamente) muito adulto. Mas h uma sensao de pureza angelical misturada com palpitao sexual, que se exibe nos gestos sedutores dos adolescentes. Onde estaro esses meninos e meninas dentro de dez ou vinte anos? Aquele ali, moreno, de cabelos longos corridos, que parece gostar de esporte, vai se interessar pela informtica ou economia; aquela de cabelos louros e crespos vai ser dona de boutique; aquela morena de cabelos lisos quer ser mdica; a gorduchinha vai acabar casando com um gerente de multinacional; aquela esguia, meio bailarina, achar um diplomata. Algumas estudaro Letras, se casaro, largaro tudo e passaro parte do dia levando filhos praia e praa e pegando-os de novo tardinha no colgio. [...] Estou olhando aquele bando de adolescentes com evidente ternura. Pudesse passava a mo nos seus cabelos e contava-lhes as ltimas histrias da carochinha antes que o lobo feroz as assaltasse na esquina. Pudesse lhes diria daqui: aproveitem enquanto esto no aqurio e na redoma, enquanto esto na porta da vida e do colgio. O destino tambm passa por a. E a gente pode s vezes modific-lo. SANTANNA, Affonso Romano de. Affonso Romano de SantAnna: seleo e prefcio de Letcia Malard. Coleo Melhores Crnicas. p. 64-66. Entre as linhas 6 e 10 da crnica, existe um caso de concordncia verbal curioso: Primeiro h uma diferena de clima entre aquele bando de adolescentes espalhados pela calada, sentados sobre carros, em torno de carrocinhas de doces e refrigerantes, e aqueles que transitam pela rua. No trecho aquele bando de adolescentes espalhados pela calada, sentados sobre carros, h um sintagma nominal cujo ncleo bando, um substantivo coletivo que vem seguido de uma expresso no plural que o especifica: de adolescentes. Observe o que dito a seguir. I. Em casos como esse, a regra geral da gramtica normativa a seguinte: com o substantivo coletivo, a concordncia se faz no singular. Por essa tica, no texto, deveramos ter a seguinte estrutura: aquele bando de adolescentes espalhado pela calada e sentado sobre carros. II. A gramtica faculta a seguinte possibilidade: se o coletivo vier seguido de uma expresso no plural que o especifique, o adjetivo ou o particpio que forma essa expresso pode ir para o plural ou ficar no singular: aquele bando de adolescentes espalhados pela calada, sentados sobre carros. III. Empregar o singular ou o plural nesses casos fica a critrio do usurio da lngua. Esses dois tipos de concordncia variam livremente, independente de possveis motivaes. Est correto o que se afirma em
(UECE - 2014) O texto a seguir foi extrado do livro de memrias do escritor e jornalista carioca, que nasceu em 1926, Carlos Heitor Cony. Um livro de memrias relato que algum faz, frequentemente, na forma de obra literria, a partir de acontecimentos histricos dos quais participou ou foi testeminha, ou que esto fundamentados em sua vida particular. No deve ser confundido com autobiografia. O suor e a lgrima Fazia calor no Rio, quarenta graus equalquer coisa, quase quarenta e um. No diaseguinte, os jornais diriam que fora o diamais quente deste vero que inaugura osculo e o milnio. Cheguei ao SantosDumont, o voo estava atrasado, decidiengraxar os sapatos. Pelo menos aqui no Rioso raros esses engraxates, s existem nosaeroportos e em poucos lugares avulsos. Sentei-me naquela espcie de cadeiracannica, de coro de abadia pobre, quetambm pode parecer o trono de um reidesolado de um reino desolante. O engraxate era gordo e estava comcalor o que me pareceu bvio. Elogioumeu sapato, cromo italiano, fabricantelustre, os Rossetti. Uso-o pouco, em partepara poup-lo, em parte porque quandoposso estou sempre de tnis. Ofereceu-me o jornal que eu j havialido e comeou seu ofcio. Meio careca, osuor encharcou-lhe a testa e a calva. Pegouaquele paninho que d brilho final nossapatos e com ele enxugou o prprio suor,que era abundante. Com o mesmo pano, executou commaestria aqueles movimentos rpidos emtorno da biqueira, mas a todo o instante ousava para enxugar-se caso contrrio, osuor inundaria o meu cromo italiano. E foi assim que a testa e a calva dovalente filho do povo ficaram manchadas degraxa e o meu sapato adquiriu um brilho deespelho, custa do suor alheio. Nunca tivesapatos to brilhantes, to dignamentesuados. Na hora de pagar, alegando no ter notamenor, deixei-lhe um troco generoso. Ele meolhou espantado, retribuiu a gorjeta medesejando em dobro tudo o que eu viesse aprecisar no resto dos meus dias. Sa daquela cadeira com um baitasentimento de culpa. Que diabo, meussapatos no estavam to sujos assim, pormseros tostes fizera um filho do povo suarpara ganhar seu po. Olhei meus sapatos etive vergonha daquele brilho humanosalgado como lgrimas. CONY, Carlos Heitor. In: Eu aos pedaos: memrias. So Paulo: Leya, 2010. p. 114-115. A descrio, feita pelo cronista, da cadeira em que se sentou para engraxar o sapato sugere que o mvel
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: PORTÃO O portão fica bocejando, aberto para os alunos retardatários. Não há pressa em viver nem nas ladeiras duras de subir, 1quanto mais para estudar a insípida cartilha. Mas se o pai do menino é da oposição, à 2ilustríssima autoridade municipal, prima por sua vez da 3sacratíssima autoridade nacional, 4ah, isso não: o vagabundo ficará mofando lá fora e leva no boletim uma galáxia de zeros. A gente aprende muito no portão fechado. ANDRADE, Carlos Drummond de. In: Carlos Drummond de Andrade: Poesia e Prosa. Editora Nova Aguilar:1988. p. 506-507. (Uece 2014) Observe a metáfora que inicia o poema O portão fica bocejando e o que se diz sobre ela. I. Essa metáfora empresta ao portão faculdades humanas, constituindo, também uma prosopopeia ou personificação. Por outro lado, essa expressão aceita, ainda, a seguinte leitura: o portão representa metonimicamente a escola, com seus valores criticáveis e seus preconceitos. II. O emprego da locução verbal de gerúndio fica bocejando, no lugar da forma simples boceja, dá à ação expressa pelo verbo bocejar um caráter de continuidade, de duração. III. O gerúndio realça a própria semântica do verbo bocejar. Está correto o que se afirma em
O BARBEIRO Perto de casa havia um barbeiro, que me conhecia de vista, amava a rabeca e não tocava inteiramente mal. 10Na ocasião em que ia passando, 9executava não sei que peça. Parei na calçada a ouvi-lo (tudo 3são pretextos a um coração agoniado), ele viu-me, e continuou a tocar. Não atendeu a um freguês, e logo a outro, que ali foram, 7a despeito da hora e de ser domingo, confiar-lhe as caras à navalha. Perdeu-os sem perder uma nota; ia tocando para mim. Esta consideração fez-me chegar francamente à porta da loja, voltado para ele. Ao fundo, levantando a cortina de chita que fechava o interior da casa, 11vi apontar uma moça trigueira, vestido claro, flor no cabelo. Era a mulher dele; creio que me descobriu de dentro, e veio agradecer-me com a presença o favor que eu fazia ao marido. 6Se me não engano, chegou a dizê-lo com os olhos. Quanto ao marido, tocava agora com mais calor; sem ver a mulher, sem ver fregueses, grudava a face no instrumento, passava a alma ao arco, e tocava, tocava... Divina arte! Ia-se formando um grupo, 4deixei a porta da loja e vim andando para casa; 2enfiei pelo corredor e subi as escadas sem estrépito. Nunca me esqueceu o caso deste barbeiro, ou por estar ligado a um momento grave de minha vida, ou por esta máxima, que os compiladores podiam tirar daqui e inserir nos compêndios da escola. A máxima é que 1a gente esquece devagar as boas ações que pratica, e verdadeiramente não as esquece nunca. Pobre barbeiro! Perdeu duas barbas naquela noite, que eram o pão do dia seguinte, tudo para ser ouvido de um transeunte. 12Supõe agora que este, em vez de ir-se embora, como eu fui, ficava à porta a ouvi-lo e namorar-lhe a mulher; então é que ele, todo arco, todo rabeca, tocaria desesperadamente. 5Divina arte! (ASSIS, Machado de. Dom Casmurro - obra completa - vol. I, Aguilar, 2 ed. 1962.) Na passagem ... executava não sei que peça. (ref. 9), a palavra que tem função de:
(Uece 2008) Sobre o Realismo, assinale o INCORRETO.
A MEMÓRIA E O CAOS DIGITAL Fernanda Colavitti 2A era digital trouxe inovações e facilidades para o homem que superou de longe o que 16a ficção previa até pouco tempo atrás. 1Se antes precisávamos correr em busca de informações de nosso interesse, hoje, úteis ou não, elas é que nos assediam: resultados de loterias, dicas de cursos, variações da moeda, ofertas de compras, notícias de atentados, ganhadores de gincanas, etc. 11Por outro lado, 6enquanto cresce a capacidade dos discos rígidos e a velocidade das informações, o desempenho da memória humana está ficando cada vez mais comprometido. Cientistas são unânimes ao associar 3a rapidez das informações geradas pelo mundo digital com a restrição de nosso disco rígido natural. 10Eles ressaltam, porém, que 7o problema não está propriamente 4nas novas tecnologias, mas 5no uso exagerado delas, o que faz com que deixemos de lado atividades mais estimulantes, como a leitura, que envolvem diversas funções do cérebro. Os mais prejudicados por esse processo têm sido crianças e adolescentes, cujo desenvolvimento neuronal acaba sendo moldado preguiçosamente. Responda sem pensar: qual era a manchete do jornal de ontem? Você lembra o nome da novela que 12antecedeu o Clone? E quem era o técnico da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1994? Não ter uma resposta imediata para essas perguntas não deve ser causa de preocupação para ninguém, mas exemplifica bem o problema constatado pela fonoaudióloga paulista Ana Maria Maaz Alvarez, que há mais de 20 anos estuda a relação entre audição e recordação. A pedido de duas empresas, 8ela realizou uma pesquisa para saber o que estava ocorrendo com os funcionários que reclamavam com frequência de lapsos de memória. Foram entrevistados 71 homens e mulheres, com idade de 18 e 42 anos. 9A maioria dos esquecimentos era de natureza auditiva, como nomes que acabavam de ser ouvidos ou assuntos discutidos. (Por falar nisso, responda sem olhar no parágrafo anterior: você lembra o nome da pesquisadora citada?) Ana Maria 13descobriu que os lapsos de memória resultavam basicamente do excesso de informação em consequência do tipo de trabalho que essas pessoas exerciam nas empresas, e do pouco tempo que 14dispunham para processá-las, somados à angústia de querer saber mais e ao excesso de atribuições. Elas não se detinham no que estava sendo dito (lido, ouvido ou visto) e, consequentemente, não 15conseguiam gravar os dados na memória, afirma. (Fonte Internet: Superinteressante, 2001). (Uece 2008) Analise os elementos mórficos das formas verbais e assinale com V as segmentações corretas e, com F, as falsas. ( ) antecedeu (ref. 12): ante + ced + e + u ( ) descobriu (ref. 13): des + cobri + u ( ) dispunham (ref. 14): dis + punh + a + m ( ) conseguiam (ref. 15): con + segu + i + a + m Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo.
(UECE-2008) Se antes precisávamos correr em busca de informações de nosso interesse, hoje, úteis ou não, elas é que nos assediam ... (ref. 1). Na mensagem dessa frase, está implícito que
(Uece 2008) Está implícito no texto que
(UECE - 2008) Assinale a alternativa em que todas as expresses destacadas tm valor de adjetivo. A MEMRIA E O CAOS DIGITAL Fernanda Colavitti 2A era digital trouxe inovaes e facilidades para o homem que superou de longe o que 16a fico previa at pouco tempo atrs. 1Se antes precisvamos correr em busca de informaes de nosso interesse, hoje, teis ou no, elas que nos assediam: resultados de loterias, dicas de cursos, variaes da moeda, ofertas de compras, notcias de atentados, ganhadores de gincanas, etc. 11Por outro lado, 6enquanto cresce a capacidade dos discos rgidos e a velocidade das informaes, o desempenho da memria humana est ficando cada vez mais comprometido. Cientistas so unnimes ao associar 3a rapidez das informaes geradas pelo mundo digital com a restrio de nosso disco rgido natural. 10Eles ressaltam, porm, que 7o problema no est propriamente 4nas novas tecnologias, mas 5no uso exagerado delas, o que faz com que deixemos de lado atividades mais estimulantes, como a leitura, que envolvem diversas funes do crebro. Os mais prejudicados por esse processo tm sido crianas e adolescentes, cujo desenvolvimento neuronal acaba sendo moldado preguiosamente. Responda sem pensar: qual era a manchete do jornal de ontem? Voc lembra o nome da novela que 12antecedeu o Clone? E quem era o tcnico da Seleo Brasileira na Copa do Mundo de 1994? No ter uma resposta imediata para essas perguntas no deve ser causa de preocupao para ningum, mas exemplifica bem o problema constatado pela fonoaudiloga paulista Ana Maria Maaz Alvarez, que h mais de 20 anos estuda a relao entre audio e recordao. A pedido de duas empresas, 8ela realizou uma pesquisa para saber o que estava ocorrendo com os funcionrios que reclamavam com frequncia de lapsos de memria. Foram entrevistados 71 homens e mulheres, com idade de 18 e 42 anos. 9A maioria dos esquecimentos era de natureza auditiva, como nomes que acabavam de ser ouvidos ou assuntos discutidos. (Por falar nisso, responda sem olhar no pargrafo anterior: voc lembra o nome da pesquisadora citada?) Ana Maria 13descobriu que os lapsos de memria resultavam basicamente do excesso de informao em consequncia do tipo de trabalho que essas pessoas exerciam nas empresas, e do pouco tempo que 14dispunham para process-las, somados angstia de querer saber mais e ao excesso de atribuies. Elas no se detinham no que estava sendo dito (lido, ouvido ou visto) e, consequentemente, no 15conseguiam gravar os dados na memria, afirma. (Fonte Internet: Superinteressante, 2001).
(UECE-2007) A PEDREIRA Daí à pedreira, restavam apenas uns cinqüenta passos e o chão era já todo coberto por uma farinha de pedra moída que sujava como a cal. Aqui, ali, por toda a parte, encontravam-se trabalhadores, uns ao sol, outros debaixo de pequenas barracas feitas de lona ou de folha de palmeira. De um lado cunhavam pedra cantando; de outro a quebravam a picareta; de outro afeiçoavam lajedos a ponta de picão; mais adiante faziam paralelepípedos a escopro e macete. E todo aquele retintim de ferramentas, e o martelar da forja, e o corpo dos que lá em cima brocavam a rocha para lançar-lhe fogo, e a surda zoada ao longe, que vinha do cortiço, como de uma aldeia alarmada; tudo dava a idéia de uma atividade feroz, de uma luta de vingança e de ódio. Aqueles homens gotejantes de suor, bêbedos de calor, desvairados de insolação, a quebrarem, a espicaçarem, a torturarem a pedra, pareciam um punhado de demônios revoltados na sua impotência contra o impassível gigante que os contemplava com desprezo, imperturbável a todos os golpes e a todos os tiros que lhe desfechavam no dorso, deixando sem um gemido que lhe abrissem as entranhas de granito. O membrudo cavouqueiro havia chegado à fralda do orgulhoso monstro de pedra; tinha-o cara a cara, mediu-o de alto a baixo, arrogante, num desafio surdo. A pedreira mostrava nesse ponto de vista o seu lado mais imponente. Descomposta, com o escalavrado flanco exposto ao sol, erguia-se altaneira e desassombrada, afrontando o céu, muito íngreme, lisa, escaldante e cheia de cordas que, mesquinhamente, lhe escorriam pela ciclópica nudez com um efeito de teias de aranha. Em certos lugares, muito alto do chão, lhe haviam espetado alfinetes de ferro, amparando, sobre um precipício, miseráveis tábuas que, vistas cá de baixo, pareciam palitos, mas em cima das quais uns atrevidos pigmeus de forma humana equilibravamse, desfechando golpes de picareta contra o gigante. (AZEVEDO, Aluísio de. O Cortiço. 25a ed. São Paulo. Ática, 1992, 48-49) ________________________________________________________________________________________________________________________________________ Com relação aos romances naturalistas, a exemplo do fragmento de texto apresentado anteriormente, classifique as sentenças como verdadeiras (V) ou falsas (F). ( ) Retratam fatos que a sociedade procura ocultar. ( ) O meio ambiente é preponderante e determinante no comportamento do personagem. ( ) O enredo é carregado de determinismo e fatalismo. ( ) O meio social, a hereditariedade, os instintos determinam os conflitos e a vida do homem. ( ) Personagens humildes são fotografados em situações chocantes para o leitor da época. Assinale a alternativa que apresenta a seqüência correta, de cima para baixo
(UECE-2007) A PEDREIRA Daí à pedreira, restavam apenas uns cinqüenta passos e o chão era já todo coberto por uma farinha de pedra moída que sujava como a cal. Aqui, ali, por toda a parte, encontravam-se trabalhadores, uns ao sol, outros debaixo de pequenas barracas feitas de lona ou de folha de palmeira. De um lado cunhavam pedra cantando; de outro a quebravam a picareta; de outro afeiçoavam lajedos a ponta de picão; mais adiante faziam paralelepípedos a escopro e macete. E todo aquele retintim de ferramentas, e o martelar da forja, e o corpo dos que lá em cima brocavam a rocha para lançar-lhe fogo, e a surda zoada ao longe, que vinha do cortiço, como de uma aldeia alarmada; tudo dava a idéia de uma atividade feroz, de uma luta de vingança e de ódio. Aqueles homens gotejantes de suor, bêbedos de calor, desvairados de insolação, a quebrarem, a espicaçarem, a torturarem a pedra, pareciam um punhado de demônios revoltados na sua impotência contra o impassível gigante que os contemplava com desprezo, imperturbável a todos os golpes e a todos os tiros que lhe desfechavam no dorso,deixando sem um gemido que lhe abrissem as entranhas de granito. O membrudo cavouqueiro havia chegado à fralda do orgulhoso monstro de pedra; tinha-o cara a cara, mediu-o de alto a baixo, arrogante, num desafio surdo. A pedreira mostrava nesse ponto de vista o seu lado mais imponente. Descomposta, com o escalavrado flanco exposto ao sol, erguia-se altaneira e desassombrada, afrontando o céu, muito íngreme, lisa, escaldante e cheia de cordas que, mesquinhamente, lhe escorriam pela ciclópica nudez com um efeito de teias de aranha. Em certos lugares, muito alto do chão, lhe haviam espetado alfinetes de ferro, amparando, sobre um precipício, miseráveis tábuas que, vistas cá de baixo, pareciam palitos, mas em cima das quais uns atrevidos pigmeus de forma humana equilibravamse, desfechando golpes de picareta contra o gigante. (AZEVEDO, Aluísio de. O Cortiço. 25a ed. São Paulo. Ática, 1992, 48-49) Marque a alternativa na qual o sufixo eiro/eira está empregado com o mesmo sentido que empedreira (linha 01).
Está corretamente empregada a forma destacada de: