(Ueg 2017) Considere o seguinte trecho: Os gramáticos e os sociolinguistas, cada um com seu viés, costumam dizer que o padrão linguístico é usado pelas pessoas representativas de uma sociedade. Os gramáticos dizem isso, mas acabam não analisando o padrão, nem recomendando-o de fato. Recomendam uma norma, uma norma ideal. (ref. 1). Sírio Possenti apresenta nesse trecho uma caracterização da atividade dos gramáticos. Para isso, o autor
Um sonho Eu tive um sonho esta noite que não quero esquecer, por isso o escrevo tal qual se deu: era que me arrumava para uma festa onde eu ia falar. O meu cabelo limpo refletia vermelhos, o meu vestido era num tom de azul, cheio de panos, lindo, o meu corpo era jovem, as minhas pernas gostavam do contato da seda. Falava-se, ria-se, preparava-se. Todo movimento era de espera e aguardos, sendo que depois de vestida, vesti por cima um casaco e colhi do próprio sonho, pois de parte alguma eu a vira brotar, uma sempre-viva amarela, que me encantou por seu miolo azul, um azul de céu limpo sem as reverberações, de um azul sem o z, que o z nesta palavra tisna. Não digo azul, digo bleu, a ideia exata de sua seca maciez. Pus a flor no casaco que só para isto existiu, assim como o sonho inteiro. Eu sonhei uma cor. Agora, sei. PRADO, Adélia. Bagagem. 26. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007. p. 75. Tanto o poema quanto a pintura:
(UEG - 2017) Um sonho Eu tive um sonho esta noite que no quero esquecer, por isso o escrevo tal qual se deu: era que me arrumava para uma festa onde eu ia falar. O meu cabelo limpo refletia vermelhos, o meu vestido era num tom de azul, cheio de panos, lindo, o meu corpo era jovem, as minhas pernas gostavam do contato da seda. Falava-se, ria-se, preparava-se. Todo movimento era de espera e aguardos, sendo que depois de vestida, vesti por cima um casaco e colhi do prprio sonho, pois de parte alguma eu a vira brotar, uma sempre-viva amarela, que me encantou por seu miolo azul, um azul de cu limpo sem as reverberaes, de um azul sem o z, que o z nesta palavra tisna. No digo azul, digo bleu, a ideia exata de sua seca maciez. Pus a flor no casaco que s para isto existiu, assim como o sonho inteiro. Eu sonhei uma cor. Agora, sei. PRADO, Adlia. Bagagem. 26. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007. p. 75. O poema de Adlia Prado modernista, ao passo que a pintura de Salvador Dal