(Ufpr/2012)
Considerando os contos de Urupês, de Monteiro Lobato, e o romance Inocência, de Visconde de Taunay, assinale a alternativa correta.
Inacinho, do conto “Pollice Verso”, é pior profissional do que Cirino, de Inocência. Embora o primeiro tenha se formado em medicina, ele é descrito de maneira mais caricata e sarcástica que Cirino, que não se formou. O vocabulário sofisticado de Inacinho impressiona os itaoquenses, mas a qualidade de sua atuação é desmerecida pelo narrador, que evidencia suas falhas de formação e de caráter.
Assim como Inocência, Zilda (de “O comprador de fazendas”) e Pingo d’Água (de “A colcha de retalhos”) evidenciam a tentativa dos dois autores de caracterizar a vida da mulher brasileira do interior, representando literariamente a submissão da filha à autoridade paterna, o casamento como escolha dos pais e o analfabetismo feminino.
No conto “O mata-pau”, um homem das cidades aprende sobre a flora sertaneja com seu camarada, que tanto lhe tira dúvidas com relação à vegetação avistada quanto lhe conta histórias sobre os habitantes do lugar. É semelhante a essa a relação entre o naturalista Meyer e seu camarada, também um sertanejo contador de causos.
A desconfiança que cerca o monstruoso Bocatorta (do conto homônimo) quanto às profanações de sepulturas, e que é anunciada no medo que Cristina sente, é semelhante à desconfiança que ronda o anão Tico, que nutre uma paixão doentia por Inocência, sentimento que ele dissimula como se quisesse protegê-la.
O sertanejo de Lobato é semelhante ao de Taunay sobretudo no que diz respeito a esta caracterização: “O legítimo sertanejo, explorador dos desertos, não tem, em geral, família. Enquanto moço, seu fim único é devassar terras, pisar campos onde ninguém antes pusera o pé, vadear rios desconhecidos, despontar cabeceiras e furar matas, que descobridor algum até então haja varado” (Inocência, capítulo 1).