(UFPR - 2018 - 2 FASE) Outra coisa no fao seno andar por a persuadindo-vos, moos e velhos, a no cuidar aferradamente do corpo e das riquezas, como de melhorar o mais possvel a alma, dizendo-vos que dos haveres no vem a virtude para os homens, mas das virtudes vm os haveres e todos os outros bens particulares e pblicos. Se com esses discursos corrompo a mocidade, seriam nocivos esses preceitos; se algum afirmar que digo outras coisas e no essas, mente. Por tudo isso, atenienses, diria eu, quer atendais a nito, quer no, quer me dispenseis, quer no, no hei de fazer outra coisa, ainda que tenha de morrer muitas vezes. (PLATO. Defesa de Scrates. Trad. Jaime Bruna. Coleo Os Pensadores. Vol. II. So Paulo: Victor Civita, 1972, p. 21.) Com base no texto acima, responda: em que consiste a tarefa de Scrates? Ele est disposto a abandonar essa tarefa? Se est disposto ou no, como isso se evidencia no texto? Sob que condio os preceitos que Scrates prega seriam nocivos?
(UFPR - 2018 - 2 FASE) Logo, se acredito em demnios, estes ou so uma sorte de deuses e eu teria razo afirmando que ests propondo uma adivinha por brincadeira, dizendo que eu creio em deuses em vez de crer em deuses, pois que acredito em demnios ou so filhos de deuses, uma sorte de bastardos, nascidos de ninfas ou de outras mulheres a quem os atribui a tradio e que homem pode acreditar em filhos de deuses e no em deuses? Seria a mesma aberrao de quem acreditasse serem os machos filhos de guas e jumentos, sem crer em guas e jumentos. (PLATO. Defesa de Scrates. Trad. Jaime Bruna. Coleo Os Pensadores. Vol. II. So Paulo: Victor Civita, 1972, p. 19.) De qual acusao Scrates est se defendendo na passagem acima e em que sentido essa acusao poderia ser interpretada como uma adivinha, segundo Scrates?
(UFPR - 2018 - 2 FASE) to cmodo ser menor. Possuo um livro que faz as vezes de meu entendimento; um guru espiritual, que faz as vezes de minha conscincia; um mdico, que decide por mim a dieta etc.; assim no preciso eu mesmo dispender nenhum esforo. No preciso necessariamente pensar, se posso apenas pagar; outros se incumbiro por mim dessa aborrecida ocupao. (KANT, I. Resposta questo: O que esclarecimento? Trad. Vinicius de Figueiredo. In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Orgs.). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 407.) Na passagem citada acima, Kant apresenta alguns exemplos para sua tese de que o homem, mesmo j sendo adulto, prefere muitas vezes permanecer na menoridade. Considerando essa tese, discorra sobre a diferena entre menoridade e esclarecimento, em Kant, e explique em que sentido o homem pode ser considerado culpado por no atingir o esclarecimento.
(UFPR - 2018 - 2 FASE) O cidado no pode recusar-se a arcar com os impostos que lhe so cobrados; uma censura impertinente de tais taxas, na ocasio em que deve pag-las, pode at mesmo ser punida como um escndalo [...]. Apesar disso, o mesmo indivduo no age contra o dever de um cidado, quando, na condio de instrudo, exprime publicamente seus pensamentos contra a impropriedade ou mesmo injustia de tais imposies. (KANT, I. Resposta questo: O que esclarecimento? Trad. Vinicius de Figueiredo. In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Orgs.). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 410.) Como fica claro na passagem acima, para Kant os homens no poderiam agir segundo o prprio entendimento quando se trata de cumprir as leis. Construa uma argumentao mostrando em que sentido essa afirmao no constitui uma contradio em relao defesa que o filsofo faz, no conjunto do texto, de um uso autnomo do entendimento.
(UFPR - 2018 - 2 FASE) [...] A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos dceis. A disciplina aumenta as foras do corpo (em termos econmicos de utilidade) e diminui essas mesmas foras (em termos polticos de obedincia). Em uma palavra: ela dissocia o poder do corpo; faz dele por um lado uma aptido, uma capacidade que ela procura aumentar; e inverte por outro lado a energia, a potncia que poderia resultar disso, e faz dela uma relao de sujeio estrita. (FOUCAULT, M. Os corpos dceis. In: FOUCAULT, M. Vigiar e Punir. Trad. Ligia M. P. Vassalo. 5. ed. Petrpolis: Vozes, 1987, p. 127.) Com base na passagem acima e tendo em vista a totalidade do texto do qual ela foi extrada, como podemos definir o conceito de Foucault de corpos dceis e qual o papel da disciplina na produo desses corpos?
(UFPR - 2018 - 2 FASE) No se trata de fazer aqui a histria das diversas instituies disciplinares, no que podem ter cada uma de singular. Mas de localizar apenas numa srie de exemplos algumas das tcnicas essenciais que, de uma a outra, se generalizaram mais facilmente. Tcnicas sempre minuciosas, muitas vezes ntimas, mas que tm sua importncia: porque definem um certo modo de investimento poltico e detalhado do corpo, uma nova microfsica do poder. (FOUCAULT, Michel. Os corpos dceis. In: FOUCAULT, M. Vigiar e Punir. Trad. Ligia M. P. Vassalo. 5. ed. Petrpolis: Vozes, 1987, p. 128.) Com base no excerto acima e tambm no conjunto do texto estudado, como podemos definir a ideia de microfsica do poder? Cite trs exemplos de instituies disciplinares nas quais possvel identificar esse modo de exerccio de poder.
(UFPR - 2018 - 2 FASE) Considerando os trs textos estudado, poderamos dizer que Scrates seria o modelo do homem esclarecido, no sentido de Kant, ou do homem disciplinado, no sentido de Foucault? Justifique sua resposta com dois argumentos.
(UFPR - 2018 - 1 FASE) Em um texto chamado Resposta questo: o que esclarecimento?, Kant afirma que o esclarecimento a sada do homem da menoridade. Afirma tambm que a menoridade a incapacidade de servir-se do prprio entendimento sem direo alheia e que o homem o culpado por esta incapacidade, quando sua causa resulta na falta, no do entendimento, mas de resoluo e coragem para fazer uso dele sem a direo de outra pessoa. (KANT, Resposta questo: O que esclarecimento? In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Org.). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 407.) Por sua vez, Foucault afirma: Houve, durante a poca clssica, uma descoberta do corpo como objeto e alvo do poder. Encontraramos facilmente sinais dessa grande ateno dedicada ento ao corpo ao corpo que se manipula, se modela, se treina, que obedece, responde, se torna hbil ou cujas foras se multiplicam [...], referindo-se a um corpo (homem) que se torna ao mesmo tempo analisvel e manipulvel. (FOUCAULT, Michel. Os corpos dceis. In: FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Trad. Ligia M. Pond Vassalo. 5. ed. Petrpolis: Vozes, 1987, p. 125.). Com base nos dois textos e no pensamento desses filsofos, considere as afirmativas abaixo: 1. O Esclarecimento seria uma espcie de menoridade intelectual e corresponderia afirmao da religio como ponto de partida para o homem tomar suas principais decises. 2. Enquanto Kant se preocupa em avaliar o quanto os indivduos so responsveis por se deixarem dirigir por outros, Foucault trata de mostrar os modos como a sociedade torna o homem manipulvel. 3. Tanto Kant quanto Foucault se questionam pelo nvel de autonomia do homem, ambos, porm, a partir de abordagens diferentes e chegando a concluses diferentes. 4. Fica claro no texto de Foucault que a idade clssica favorece o autoconhecimento e a autonomia de pensamento. Assinale a alternativa correta.
(UFPR - 2018 - 1 FASE) Quando soube daquele orculo, pus-me a refletir assim: Que querer dizer o Deus? Que sentido oculto ps na resposta? Eu c no tenho conscincia de ser nem muito sbio nem pouco; que querer ele ento significar declarando-me o mais sbio? Naturalmente no est mentindo, porque isso lhe impossvel. Por longo tempo fiquei nessa incerteza sobre o sentido; por fim, muito contra meu gosto, decidi-me por uma investigao, que passo a expor. (PLATÃO. Defesa de Scrates. Trad. Jaime Bruna. Coleo Os Pensadores. Vol. II. So Paulo: Victor Civita, 1972, p. 14.) O texto acima pode ser tomado como um exemplo para ilustrar o modo como se estabelece, entre os gregos, a passagem do mito para a filosofia. Essa passagem caracterizada
(UFPR - 2018 - 1 FASE) Mas, logo em seguida, adverti que enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era to firme e to certa que todas as mais extravagantes suposies dos cticos no seriam capazes de abalar, julguei que podia aceit-la, sem escrpulo, como o primeiro princpio da Filosofia que procurava. (DESCARTES. Discurso do mtodo. Col. Os Pensadores. Trad. J. Guinsburg e Bento Prado Jnior. So Paulo: Nova Cultural, 1991, p. 46.) O texto citado corresponde a uma das passagens mais marcantes da filosofia de Descartes, um filsofo considerado por muitos intrpretes como o pai do racionalismo. Com base no texto e na ideia geral de racionalismo, correto afirmar:
(UFPR - 2018 - 1 FASE) A esttica corresponde ao ramo da filosofia que se ocupa das manifestaes artsticas, buscando apontar, por exemplo, os diferentes critrios e modos como em diferentes momentos ou culturas se percebe e classifica algo como belo, sublime ou agradvel. Trata-se, assim, de uma forma de conhecimento que no nega a razo, ao certo, mas que coloca em relevo a forma como ela se relaciona com a imaginao e com a sensibilidade. A partir do exposto acima, correto afirmar:
(UFPR - 2018 - 1 FASE) Considere as trs premissas abaixo: 1. Devemos proibir legalmente apenas o que moralmente incorreto. 2. Os filhos mentirem para os pais moralmente incorreto. 3. Todavia, os filhos mentirem para os pais no deve ser legalmente proibido. A partir dessas premissas, correto inferir que: