(UFPR - 2022- 1ª fase)
A idade avançada e os problemas de saúde de uma empregada doméstica de 63 anos não a impediam de percorrer semanalmente 120 km de sua casa humilde em Miguel Pereira, no sul fluminense, até o apartamento onde trabalhava no Alto Leblon, bairro da zona sul do Rio que tem o metro quadrado mais valorizado do país...
(Disponível em: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/03/19/primeira-vitima-do-rj-eradomestica-e-pegou-coronavirus-da-patroa.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em: 05/11/2021.)
A notícia do site UOL retrata a primeira morte registrada na pandemia do novo coronavírus no Brasil. Uma senhora de 63 anos contraiu o vírus de sua patroa que voltava da Itália para o Rio de Janeiro. O exemplo dessa fatalidade, com uma mulher negra e empregada doméstica, revela um processo mais amplo, que vai além da pandemia e simboliza um cenário marcado por:
injustiças sociais, em que determinados grupos sofrem desproporcionalmente as crises sanitárias, ambientais e econômicas.
uma injustiça ambiental, que não pode ser associada às dimensões de injustiça econômica ou racial.
injustiças socioambientais, em que a tragédia revela que apenas a população de baixa renda foi vítima, refém de uma fragilidade do sistema de saúde.
um racismo estrutural, em que as políticas públicas conseguiram reverter os indicadores de desigualdade social.
um racismo conjuntural, em que os reflexos sociais e sanitários da pandemia podem ser identificados.