(UFRGS - 2018)
........ me perguntam: quantas palavras uma pessoa sabe? Essa é uma pergunta importante, principalmente para quem ensina línguas estrangeiras. Seria muito útil para [5] quem planeja um curso de francês ou japonês ter uma estimativa de quantas palavras um nativo conhece; e quantas os alunos precisam aprender para usar a língua com certa facilidade. Essas informações seriam preciosas [10] para quem está preparando um manual que inclua, entre outras coisas, um planejamento cuidadoso da introdução gradual de vocabulário.
À parte isso, a pergunta tem seu interesse próprio. Uma língua não é apenas [15] composta de palavras: ela inclui também regras gramaticais e um mundo de outros elementos que também precisam ser dominados. Mas as palavras são particularmente numerosas, e é notável como qualquer pessoa, instruída ou [20] não, ........ acesso a esse acervo imenso de informação com facilidade e rapidez. Assim, perguntar quantas palavras uma pessoa sabe é parte do problema geral de o que é que uma pessoa tem em sua mente e que ........ [25] permite usar a língua, falando e entendendo.
Antes de mais nada, porém, o que é uma palavra? Ora, alguém vai dizer, “todo mundo sabe o que é uma palavra”. Mas não é bem assim. Considere a palavra olho. É muito claro [30] que isso aí é uma palavra – mas será que olhos é a mesma palavra (só que no plural)? Ou será outra palavra?
Bom, há razões para responder das duas maneiras: é a mesma palavra, porque significa a [35] mesma coisa (mas com a ideia de plural); e é outra palavra, porque se pronuncia diferentemente (olhos tem um “s” final que olho não tem, além da diferença de timbre das vogais tônicas). Entretanto, a razão principal por que julgamos [40] que olho e olhos sejam a mesma palavra é que a relação entre elas é extremamente regular; ou seja, vale não apenas para esse par, mas para milhares de outros pares de elementos da língua: olho/olhos, orelha/orelhas, [45] gato/gatos, etc. E, semanticamente, a relação é a mesma em todos os pares: a forma sem “s” denota um objeto só, a forma com “s” denota mais de um objeto. Daí se tira uma consequência importante: não é preciso aprender [50] e guardar permanentemente na memória cada caso individual; aprendemos uma regra geral (“faz-se o plural acrescentando um “s” ao singular”), e estamos prontos.
Adaptado de: PERINI, Mário A. Semântica lexical. ReVEL, v. 11, n. 20, 2013.
A regra gramatical de flexão nominal, expressa pelo autor nas linhas 52 e 53 ("faz-se o plural acrescentando um “s” ao singular” ), não se aplica a todas as palavras da língua portuguesa.
Qual alternativa comprova essa afirmação?
Mamão.
Bênção.
Degrau.
Exame.
Cidadão.