(UFSM 2002) MARCELO BERABA Desejo de matar RIO DE JANEIRO - A TV Globo estreou mais uma srie importada que enaltece os3grupos de14extermnio. Esta agora chama-se Angel e conta a histria de um vampiro bom que sai pela cidade eliminando vampiros maus. Para isso, o heri vampiro conta com a ajuda de trs pessoas, uma delas7delegada de polcia. Parece que esta srie apenas um9tapa-buraco na programao da emissora, que nem fez muito alarde com o filme. Mas no a primeira vez que a TV explora o tema. Teve uma, Justia Cega, em que um juiz, inconformado com as amarras da lei, fazia justia com as prprias mos. O justiceiro passava o dia de toga examinando processos e noite montava numa moto e saa matando os8bandidos que tinha sido obrigado a inocentar por falta de provas. A mensagem desses filmes sempre a mesma. No 13possvel combater o1crime com os instrumentos que a sociedade coloca disposio da2Justia e das polcias. preciso montar polcias e11justias paralelas, que usem as mesmas armas e recursos imorais dos criminosos. Angel e seus vampiros permitem vrias interpretaes. Uma delas simples: o combate ao crime j no tarefa para homens comuns. Os criminosos esto cada vez mais sofisticados. So seres mutantes.5Juzes e policiais comuns, por mais bem preparados que estejam, no do conta do recado. A srie 10lixo e no tem a menor importncia. O problema na vida real, quando as empresas acham normal buscar formas de convivncia com o4narcotrfico. Quando o Estado acha normal que o6crime organizado monte banquinhas de apostas no meio das caladas. E quando o12sistema penitencirio ajuda a organizao dos presos para evitar rebelies. Pensando bem, no15h por que se espantar com Angel e similares se as deformaes que procuram legitimar fazem parte do nosso cotidiano. (Folha de So Paulo, 9 de maro de 2001.) Identifique, dentre as alternativas, um contra-argumento s prticas justiceiras.