(UNESP 2015/2 - 2 fase - Questo 9) Do ponto de vista do Iluminismo, a iluso deixa de ser uma simples deficincia subjetiva, e passa a enraizar-se em contextos de dominao, de onde a iluso deriva e se incumbe de estabilizar. O preconceito a opinio falsa, no controlvel pela razo e pela experincia revela seu substrato poltico. no interesse do poder que a razo capturada pelas perturbaes emocionais, abstendo-se do esforo necessrio para libertar-se das paixes perversas, e para romper o vu das aparncias, que impedem uma reflexo emancipatria. Deixando-se arrastar pelas interferncias, a razo no pode pensar o sistema social em sua realidade. Prisioneira do dogmatismo, que nem pode ser submetido ao tribunal da experincia nem permite a instaurao desse tribunal, a razo est entregue, sem defesa, s imposturas da religio e de todos os outros dogmas legitimadores. (Srgio Paulo Rouanet. A razo cativa, 1990. Adaptado.) Considerando o texto e o ttulo sugestivo do livro de Rouanet, explique as implicaes polticas do cativeiro da razo e defina o que significa a reflexo emancipatria referida pelo autor.
(UNESP 2015/2 - 2 fase - Questo 10) A cincia uma atividade na sua essncia antidogmtica. Pelo menos deveria s-lo. A cincia, em particular a fsica, parte de uma viso do mundo que , de acordo com a terminologia utilizada por Arquimedes, um pedido que se faz. assim porque pedimos para que se admita, escala a que pretendemos descrever os fenmenos, que o mundo assuma uma determinada forma. Os outros pedidos e postulados tm de se inserir, to pacificamente quanto possvel, nesse pedido fundacional. Mas nunca perdero o estatuto de pedidos. Transform-los em dogmas perturbar a cincia com atitudes que lhe deveriam ser totalmente estranhas. (Rui Moreira. Uma nova viso da natureza. Le Monde Diplomatique, maro de 2015. Adaptado.) Baseando-se no texto, explique qual deve ser a relao entre cincia e verdades absolutas. Explique tambm a diferena entre uma viso de mundo baseada em pedidos e uma viso de mundo dogmtica.
(UNESP 2015/2 - 2 fase - Questo 12) Seja como termo, seja como conceito, a filosofia considerada pela quase totalidade dos estudiosos como criao prpria do gnio dos gregos. Sendo assim, a superioridade dos gregos em relao aos outros povos nesse ponto especfico de carter no puramente quantitativo, mas qualitativo, porque o que eles criaram, instituindo a filosofia, constitui novidade que, em certo sentido, absoluta. Com efeito, no em qualquer cultura que a cincia possvel. H ideias que tornam estruturalmente impossvel o nascimento e o desenvolvimento de determinadas concepes e, at mesmo, ideias que interditam toda a cincia em seu conjunto, pelo menos a cincia como hoje a conhecemos. Pois bem, em funo de suas categorias racionais, foi a filosofia que possibilitou o nascimento da cincia, e, em certo sentido, a gerou. E reconhecer isso significa tambm reconhecer aos gregos o mrito de terem dado uma contribuio verdadeiramente excepcional histria da civilizao. (Giovanni Reale e Dario Antiseri. Histria da filosofia, vol. 1, 1990. Adaptado.) Baseando-se no texto, explique por que a definio apresentada de filosofia pode ser considerada eurocntrica. Explique tambm que tipo de ideias apresentaria a caracterstica de impedir o desenvolvimento do conhecimento cientfico.
(UNESP - 2015/2 - 1 FASE) A fonte do conceito de autonomia da arte o pensamento esttico de Kant. Praticamente tudo o que fazemos na vida o oposto da apreciao esttica, pois praticamente tudo o que fazemos serve para alguma coisa, ainda que apenas para satisfazer um desejo. Enquanto objeto de apreciao esttica, uma coisa no obedece a essa razo instrumental: enquanto tal, ela no serve para nada, ela vale por si. As hierarquias que entram em jogo nas coisas que obedecem razo instrumental, isto , nas coisas de que nos servimos, no entram em jogo nas obras de arte tomadas enquanto tais. Sendo assim, a luta contra a autonomia da arte tem por fim submeter tambm a arte razo instrumental, isto , tem por fim recusar tambm arte a dimenso em virtude da qual, sem servir para nada, ela vale por si. Trata-se, em suma, da luta pelo empobrecimento do mundo. (Antnio Ccero. A autonomia da arte. Folha de So Paulo, 13.12.2008. Adaptado.) De acordo com a anlise do autor,
(UNESP - 2015 - 1 FASE ) IHU On-Line A medicalizao de condutas classificadas como anormais se estendeu a praticamente todos os domnios de nossa existncia. A quem interessa a medicalizao da vida? Sandra Caponi A muitas pessoas. Em primeiro lugar ao saber mdico, aos psiquiatras, mas tambm aos mdicos gerais e especialistas. Interessa muito especialmente aos laboratrios farmacuticos que, desse modo, podem vender seus medicamentos e ampliar o mercado de consumidores de psicofrmacos de modo quase indefinido. Porm, esse interesse seria irrelevante se no existisse uma demanda social que aceita e at solicita que uma ampla variedade de comportamentos cotidianos ingresse no domnio do patolgico. Um exemplo bastante bvio a escola. Crianas com problemas de comportamento mais ou menos srios hoje recebem rapidamente um diagnstico psiquitrico. So medicadas, respondem medicao e atingem o objetivo social procurado. Essas crianas que tomam ritalina ou antipsicticos ficam mais calmas, mais sossegadas, concentradas e, ao mesmo tempo, mais tristes e isoladas. www.ihuonline.unisinos.br. Adaptado. Podemos considerar como uma importante implicao filosfica da medicalizao da vida
(UNESP - 2015 - 1 FASE )No h livro didtico, prova de vestibular ou resposta correta do Enem que no atribua a misria e os conflitos internos da frica a um fator principal: a partilha do continente africano pelos europeus. Essas fronteiras teriam acotovelado no mesmo territrio diversas naes e grupos tnicos, fazendo o caos imperar na frica. Porm, guerras entre naes rivais e disputas pela sucesso de tronos existiam muito antes de os europeus atingirem o interior da frica. Graves conflitos tnicos aconteceram tambm em pases que tiveram suas fronteiras mantidas pelos governos europeus. incrvel que uma teoria to frgil e generalista tenha durado tanto provavelmente isso acontece porque ela serve para alimentar a condescendncia de quem toma os africanos como bons selvagens e tenta isent-los da responsabilidade por seus problemas. (Leandro Narloch. Guia politicamente incorreto da histria do mundo, 2013. Adaptado.) A partir da leitura do texto, correto afirmar que:
(UNESP - 2015/2 - 1 FASE) Para o terico Boaventura de Sousa Santos, o direito se submeteu racionalidade cognitivo-instrumental da cincia moderna e tornou-se ele prprio cientfico. Existe a necessidade de repensarmos os direitos humanos. Boaventura nos instiga a pensar que eles possuem um carter racional e regulador da vida humana. Esses direitos no colaboram para eliminar as assimetrias polticas, culturais, sociais e econmicas existentes, especialmente nos pases perifricos. Os direitos humanos, num plano universalista e aberto a todos, no modificam as estruturas desiguais, mas ratificam a ordenao normativa para comandar uma sociedade. (Adriano So Joo e Joo Henrique da Silva. A historicidade dos direitos humanos. Filosofia, cincia e vida, dezembro de 2014. Adaptado.) De acordo com o texto, os direitos humanos so passveis de crtica porque
(UNESP - 2015 - 2 FASE) Texto 1 Com o desenvolvimento industrial, o proletariado no cresce unicamente em nmero; concentra-se em massas cada vez maiores, fortalece-se e toma conscincia disso. A partir da os trabalhadores comeam a formar sindicatos contra os burgueses, atuando em conjunto na defesa dos salrios. De todas as classes que hoje se defrontam com a burguesia, apenas o proletariado uma classe verdadeiramente revolucionria. Todos os movimentos histricos precedentes foram movimentos minoritrios, ou em proveito de minorias. O movimento proletrio o movimento consciente e independente, da imensa maioria, em proveito da imensa maioria. Proletrios de todos os pases, uni-vos! (Marx e Engels. Manifesto comunista, 1982. Adaptado.) Texto 2 S pelo fato de pertencer a uma multido, o homem desce vrios graus na escala da civilizao. Isolado seria talvez um indivduo culto; em multido um ser instintivo, por consequncia, um brbaro. Possui a espontaneidade, a violncia, a ferocidade e tambm o entusiasmo e o herosmo dos seres primitivos e a eles se assemelha ainda pela facilidade com que se deixa impressionar pelas palavras e pelas imagens e se deixa arrastar a atos contrrios aos seus interesses mais elementares. O indivduo em multido um gro de areia no meio de outros gros que o vento arrasta a seu bel-prazer. (Gustave Le Bon. Psicologia das multides, 1980.) Descreva duas diferenas entre os dois textos, quanto s suas concepes sobre o papel das multides na histria.
(UNESP - 2015 - 2 FASE) Texto 1 Karl Popper se diferenciou ao introduzir na cincia a ideia de falibilismo. Ele disse o seguinte: O que prova que uma teoria cientfica o fato de ela ser falvel e aceitar ser refutada. Para ele, nenhuma teoria cientfica pode ser provada para sempre ou resistir para sempre falseabilidade. Ele desenvolveu um tipo de teoria de seleo das teorias cientficas, digamos, anloga teoria darwiniana da seleo: existem teorias que subsistem, mas, posteriormente, so substitudas por outras que resistem melhor falseabilidade. (Edgar Morin. Cincia com conscincia, 1996. Adaptado.) Texto 2 O paralelismo entre macrocosmos e microcosmos, a simpatia csmica e a concepo do universo como um ser vivo so os princpios fundamentais do pensamento hermtico, relanado por Marclio Ficino com a traduo do Corpus Hermeticum. Com base no pensamento hermtico, no h qualquer dvida sobre a influncia dos acontecimentos celestes sobre os eventos humanos e terrestres. Desse modo, a magia a cincia da interveno sobre as coisas, os homens e os acontecimentos, a fim de dominar, dirigir e transformar a realidade segundo a nossa vontade. (Giovanni Reale. Histria da filosofia, vol. 2, 1990.) Baseando-se no conceito filosfico de empirismo, descreva o significado do emprego da palavra cincia nos dois textos. Explique tambm o diferente emprego do termo cincia em cada um dos textos.
(UNESP - 2015 - 2 FASE) Texto 1 Quanto mais as classes exploradas, o povo, sucumbem aos poderes existentes, tanto mais a arte se distanciar do povo. A arte pode preservar a sua verdade, pode tornar consciente a necessidade de mudana, mas Apenas quando obedece sua prpria lei contra a lei da realidade. A arte no pode mudar o mundo, mas pode contribuir para a mudana da conscincia e impulsos dos homens e mulheres que poderiam mudar o mundo. A renncia forma esttica abdicao da responsabilidade. Priva a arte da verdadeira forma em que pode criar essa outra realidade dentro da realidade estabelecida o cosmos da esperana. A obra de arte s pode obter relevncia poltica como obra autnoma. A forma esttica essencial sua funo social. (Herbert Marcuse. A dimenso esttica, s/d. Adaptado.) Texto 2 Foi com estranhamento que crtica e pblico receberam a notcia de que a escritora paulista Patrcia Engel Secco, com a ajuda de uma equipe, simplificou obras de Machado de Assis e de Jos de Alencar para facilitar sua Leitura. O projeto que alterou partes do conto O Alienista e do romance A Pata da Gazela recebeu a aprovao do Ministrio da Cultura para captar recursos com a lei de incentivo para imprimir e distribuir, gratuitamente, 600 000 exemplares. Os livros apresentam substituio de palavras e expresses com registro simplificado, como, por exemplo, a troca de prendas por qualidades em O Alienista. O pblico-alvo do projeto constitudo por no leitores, ou leitores novos, jovens e adultos, de todos os nveis de escolaridade e faixa de renda, afirmou Patrcia. Autora de mais de 250 ttulos, em sua maioria infantis, ela diz que encontra diariamente pessoas que no leem, mas que poderiam se interessar pelo universo de Machado e Alencar se tivessem acesso a uma obra facilitada. (Meire Kusumoto. De Machado de Assis a Shakespeare: quando a adaptao diminui obras clssicas. http://veja.abril.com.br, 12.05.2014. Adaptado.) Explique o significado da autonomia da obra de arte para o filsofo Marcuse. Considerando esse conceito de autonomia, explique o significado esttico do projeto literrio de facilitao de algumas obras de Machado de Assis e de Jos de Alencar.